31 agosto, 2007

||| Rudolf.






O João Miranda refere Rudolf Steiner neste post. Não comento o assunto (a agricultura biológica), mas lembro-me de uma visita a Dornach, perto de Basileia, onde se comemora a enorme sapiência de Rudolf Steiner, um homem que sabia de tudo e onde estão instalados os Goetheanum, edifícios tremendos que também comemoram a sua vasta sapiência. Rudolf Steiner sabia de tudo: de linguística a agricultura biológica, de filosofia (vagamente) a fisiologia (bastante), de esoterismo a literatura (Goethe), de economia a política, de pedagogia (com as escolas Waldorf) a ciência em geral (sobretudo decalcando tudo o que Goethe escrevia). Sobre este «sistema total», a antroposofia, li algumas coisas na época, no princípio dos anos oitenta. Tudo estava ordenado, tudo se orientava para «princípios unificadores», não havia pormenor escatológico que não estivesse explicado no interior de um «conhecimento» que não deixava nada de fora. Dornach, a aldeia, assinalava Goethe de forma obsessiva e as representações integrais do Fausto demoravam semanas de aborrecimento intenso. Os seguidores de Rudolf Steiner passavam pelas ruas, vestidos de lã escura, com gorros a esconder a palidez da pele; comiam-se bastantes cereais e frutos secos, perseguiam-se o álcool e o tabaco, as pessoas riam com cuidado; havia grupos de trabalho sobre agricultura biológica e o sistema digestivo ao lado de aulas de «ciência espiritual», a que assistiam muitas fãs de Madame Blavatsky e Annie Besant. As «origens intelectuais» de Rudolf Steiner eram interessantes (ficaram conhecidos o seu apoio a Dreyfus e as suas leituras iniciais de Nietzsche, que lhe forneceu a gramática e a euforia), mas o resultado era uma cosmogonia que acabava por reduzir as ciências à tríade «pedagogia-medicina-agricultura» e à sua mistura com uma «ciência espiritual» que procurava tranquilizar-nos com Goethe no original. Quando deixei Dornach, pela estrada que me levava para longe de Basileia, deixei para trás uma grandee perigosa tristeza; eu não sabia, até aí, que se podia detestar a vida real com uma convicção tão intensa. Mas cheia de palavras.
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||| Combates.
O Carlos chama a atenção para um pormenor nada negligenciável: o combate da ciência contra a charlatanice e o lugar-comum.
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30 agosto, 2007

||| O cantinho do hooligan. A «estrelinha» da sorte, 2.
O Manuel, meu companheiro de blog, é um espectador civilizado de futebol. Só assim se compreende que tenha declarado a sua satisfação aqui mesmo. Tenho inveja do Manuel. Publicamente, inveja. Por mim, rasguei ontem o meu cartão de sócio do FC Copenhaga (não é admissível a derrota de ontem) e preparo-me para comprar as bandeiras do Inter e do Shakhtar Donetsk (já sou sócio do Celtic). Tenho um nadinha de vergonha, sim, mas não consigo conter-me.
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||| A «estrelinha» da sorte.







O Benfica venceu por 1-0 em Copenhaga e assegurou a sua terceira presença consecutiva na Liga dos Campeões. Confesso que fiquei satisfeito, mesmo que não morra de amores pelos «encarnados» e tenha constatado, como qualquer espectador atento, que tal resultado só foi possível graças à enorme dose de sorte com que a equipa foi ontem bafejada. Mas gostei de ver uma nova postura, que é já a marca de Camacho, e o futebol de Rui Costa, a desmentir mais uma vez as patetices de Berardo. Só me faz impressão que com um jovem como Miguel Vítor se continue a falar pela Luz da falta de um central.
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||| Não tirem o cavalinho da chuva.
No Brasil, eles sabem o que é o caixa-dois para financiamento de partidos políticos. Por isso, o O Estado de São Paulo poupa adjectivos: «Durão Barroso nega ter conhecimento de caixa-dois português.» E acrescenta: «O financiamento de partidos em Portugal é um causa de preocupações há muito tempo e geralmente envolve construtoras e governos locais.»
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29 agosto, 2007

||| Lacerda.
Um excelente texto de Eduardo Pitta, para entender a obra de Alberto de Lacerda:

«Alberto de Lacerda, que morreu anteontem, a um mês de completar 79 anos, viveu sempre numa terra de ninguém. A Moçambique, onde nasceu, e que deixou na adolescência, voltou uma única vez (em 1963). Portugal não passou de um intervalo. Não admira que tenha sido em Londres, cidade de que era cidadão honorário, onde viveu durante 56 anos consecutivos, que a morte o tenha surpreendido. John McEwen, o crítico de arte com quem tinha combinado almoçar no domingo, estranhou o atraso e acabou por arrombar a porta. Alberto de Lacerda ainda estava vivo, porém em coma. Morreria horas depois. Conhecendo-o como conheci, sei que teria apreciado o detalhe final.»
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||| Nacionalidade.
Ontem, num restaurante pequeno e familiar ao lado de casa, gerido por brasileiros, havia um «jantar de grupo»: trinta brasileiros comiam churrasquinho, bebiam cerveja e comentavam o campeonato português. A maioria era sportinguista, mesmo que também fossem do Cruzeiro, do Corinthians, do Vitória (coitados) ou do Flamengo. Também comentavam o assassinato do dono de uma discoteca do Porto e certamente matavam saudades do passado. O mais velho teria 40 anos. Alguns deles hão-de pedir, daqui a alguns anos, a nacionalidade portuguesa. Não sei o que os tribunais terão a opor a gente que anda nos transportes públicos, trabalha e cumpre as suas obrigações como cidadão, há-de acabar por se tornar torcedor do Sporting ou do FC Porto, come bitoque ou pastel de nata, fala português, tem os seus filhos numa escola portuguesa e não tenciona ir embora. A legalização de estrangeiros imigrantes é uma coisa; inteiramente diferente é a atribuição da nacionalidade. Mas esses factores efectivos são os que conheço como decisivos. Hão-de cantar o hino, hão-de saber quem eram os reis da primeira dinastia, hão-de cozinhar bacalhau e, quem sabe, emigrar para França. Alguns hão-de ter nomes comuns, como Nelson Évora (nasceu na Costa do Marfim, tem pais cabo-verdianos, vive em Portugal desde os seis anos e adquire a nacionalidade portuguesa aos dezoito), outros chamar-se-ão Bosingwa (nasceu em Kinshasa) ou Obikwelo (nasceu na Nigéria). É isto a alma portuguesa, senhores.
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||| Porque tinhas “mundo” explicaste-nos o mundo…









Meu caro Eduardo,
Na noite do dia em que morreste, fui com a Rosário e as nossas mães ao Senhor Vinho, ouvir a Aldina Duarte. Era um compromisso antigo, a minha mãe estava de passagem por Lisboa, e eu tinha a certeza de que me perdoarias esse pecadilho inocente de te trocar durante umas horas por essa intérprete soberba que tantas vezes elogiaste nas tuas crónicas.
Porque foi contigo que aprendi (que aprendemos) que a postura de um intelectual na cidade tem de ser um compromisso com tudo aquilo que nela manifesta a múltipla e complexa actividade dos homens: dos livros ao cinema, da arte em geral ao futebol, da moda aos centros comerciais, da gastronomia à política.
Disse num depoimento que foste o mais importante intelectual da minha geração. E foste. Desde os tempos já tão longínquos em que, nas páginas de O Tempo e o Modo puseste em causa a noção de fidelidade para defender uma relação baseada na verdade, sempre encontrámos nos teus textos alguma coisa que nos explicava melhor o mundo, as nossas dúvidas, as nossas hesitações, os nossos erros, os nossos passos.
E os nossos passos comuns foram muitos.
Na madrugada do 25 de Abril, recordas-te?, foste tu a tocar-me à campainha e a despertar-me para a liberdade que nascia. E logo fomos (com o José António Pinto Ribeiro) mergulhar na cidade em torvelinho.
(Mergulhar na cidade – eis o que sempre fizeste e sempre ensinaste. Nas salas de aula, nos cafés, nos livros.)
Antes já tínhamos incendiado as noites de Luanda à procura do amor louco de Breton. E mais tarde tentámos a “revolução” surrealista (e, claro, fracassada) de fazer um suplemento cultural do Avante! dedicado a La Grande Bouffe, do Ferreri. Divertimo-nos à grande, Eduardo! E lá estavas tu a ensinar-me (a ensinar-nos) a independência, a ironia, a distância com que se deve lidar com todos os poderes do mundo.
Por isso nunca foste um homem do poder, mesmo passando por cargos públicos, mesmo cortejado pelos políticos, mesmo que atacado, quantas vezes, pelos arautos da “parolice” nacional.
Mas foste, isso sim, “o actor mais disponível, mediático e plural da cena portuguesa”, como escreveu no Público esse outro, grandíssimo, Eduardo (Lourenço).
Essa cena, esse palco, ficou agora vazio. As luzes apagaram-se. Já não iremos logo pela manhã viajar contigo no fio do horizonte e medir a temperatura às coisas boas e más deste país.
Não há ninguém que te suceda. Porque, de certa maneira, foste único. Rindo, castigavas os costumes. Tinhas “mundo”, como disse no dia da tua morte o Manuel Maria Carrilho. E ter “mundo” é o que mais falta a uma enorme fatia da nossa classe dirigente: na cultura como na política.
Porque tinhas “mundo” explicaste-nos o mundo. Puseste a nu os nossos ridículos, a nossa petulância, a nossa falta de maturidade cívica.
Pode ser que, lendo-te, alguns agora descubram, finalmente, esse ponto de incandescência em que a arte e a vida acabam por coincidir.
Foste tu que o escreveste.

Publicado hoje no JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias

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||| O impostómetro.
Oferta para fiscalistas.
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28 agosto, 2007

||| O cerco. 40-40.







Todos os 40 denunciados pela procuradoria-geral da República foram constituídos réus pelo Supremo Tribunal de Justiça do Brasil, englobando a cúpula do PT. Não se trata de uma condenação, mas de abrir portas para aquilo que o lulismo sempre evitou e condenou: que os membros da quadrilha fosse julgados.
A decisão do STJ brasileiro ao aceitar todas as denúncias apresentadas pelo procurador-geral, transformando em réus dirigentes nacionais do PT (Dirceu, Genoíno, Luzinho...) em que Lula sempre depositou confiança e que o partido continua a festejar, constitui um sério revés no lulismo, na forma como tem gerido os seus negócios, como se tem apropriado da máquina do Estado brasileiro, como tenta fazer de conta de que não é nada e como não quer livrar-se do seu lixo. O lugar de Lula no altar dos santos padroeiros não sai beliscada; mas ele foi e é o chefe daquilo que o procurador-geral designou de quadrilha e de «sofisticada organização criminosa» (o documento da denúncia pode ser lido aqui). «Lula não sabia de nada»; ninguém de bom senso acredita neste refrão, repetido vezes sem conta pelo próprio. Desta vez, porém, é o coração do lulismo que é atingido: não apenas a classe dirigente do PT como, também, os seus aliados instrumentais durante o primeiro mandato (a que, no segundo mandato acrescenta a José Sarney gente como Renan Calheiros ou Jader Barbalho). E é o próprio evangelizador n.º 1, Duda Mendonça («o homem que traduziu o petismo para os simples de espírito») caiu na rede dos réus. A condenação moral pesa sobre o partido que era o campeão da moral e que se tinha apropriado, à esquerda, de toda a moral. Acho que ela pesa sobre Lula.

Para cúmulo, leia, no blog de Josias de Sousa /Folha de S. Paulo, a referência ao «mega-jantar organizado para render homenagens aos camaradas-mensaleiros. A escolha do cardápio não poderia ter sido mais adequada: pizzas».
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||| Ele foi apanhado. Também.
Segundo o procurador-geral da República brasileiro, Antonio Fernando Souza, o «núcleo político» integrado por José Dirceu (ex-chefe da Casa Civil de Lula, acusado de saber e comandar o esquema do mensalão) Genoíno (ex-presidente do PT), Delúbio Soares e Sílvio Pereira tinham objectivos bem definidos. Por isso, José Dirceu e José Genoíno foram constituídos réus do «caso do mensalão». Dos 40 denunciados pelo procurador-geral, 37 já são réus. Lula não sabia de nada.
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||| O cantinho do hooligan. A Arménia, esse colosso.
O António Manuel Venda repõe a tese da burrice de Scolari perguntando: Nani não foi jogar contra a Arménia porquê? Para marcar golos pelo Manchester. Eu já resolvi esse problema.
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||| Francisco Umbral, 1931-2007.








Conheci melhor a obra de Umbral (Prémio Príncipe das Astúrias das Letras em 1996 e Prémio Cervantes de 2000) por causa do Carlos Vaz Marques que, nos meus tempos da Grande Reportagem, propôs a publicação de uma entrevista com ele (que já o tinha entrevistado para o «Pessoal e Transmissível» da TSF). Memórias de um Jovem Fascista e E Como Eram as Ligas de Madame Bovary? dão um retrato de duas das faces de Umbral -- o conhecimento da história e o conhecimento da literatura (o último é divertidíssimo). Espero que a TSF reponha a entrevista. Vai mau para os vivos, este Agosto.
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27 agosto, 2007

||| Longe de Manaus, edição brasileira.













Esta é a capa da edição brasileira (Record) de Longe de Manaus, a lançar durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, no próximo mês.
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||| Despedidas.
Vai mau para os vivos, este Agosto.
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||| Alberto Lacerda, 1928-2007.







Ilha de Moçambique

Desfeitos um por um os nós sombrios,
Anulada a distância entre o desejo
E o sonho coincidente como um beijo,
Exalei mapas que exalaram rios.

Terra secreta, continentes frios,
Ardei à luz dum sol que é rumorejo
Para lá do que eu sou, do que eu invejo
Aos elementos, aos altos navios!

Trouxe de longe o palácio sepulto,
A cobra semimorta, a bandarilha,
E esqueci poços, prossegui oculto.

Desdém que envolve por completo a quilha,
Sou bem o rei saudoso do seu vulto,
Vulto que existe infante numa ilha.


Alberto de Lacerda (Ilha de Moçambique, 20 de Setembro de 1928 - Londres, 27 de Agosto de 2007)
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||| Um salto assim.









Ao imaginar um salto de 17,74 metros olho para o outro lado da rua e percebo que não chegaria nem a meio. Nelson Évora foi muito para lá disso; é campeão do mundo.
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26 agosto, 2007

||| O cantinho do hooligan. Vai buscar.









Aquele livre indirecto poderia ter sido marcado “à Koeman” ou “à Schuster”, se estivesse garantido que não podia ter sido de trivela; mas foi digno de Branco. Uma pessoa perguntava: “Tens ângulo?” E ele, que raramente “tinha ângulo”, rematava à baliza. Eu ouvi a pergunta feita a Raul Meireles: “Tens ângulo?” E ele respondeu: “Vai buscar!” E isto, como sabemos, é a essência do futebol.
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||| O dilema depois da vergonha.
Cesare Battisti (hoje um escritor de romances policiais, casado, bom pai, cidadão pacato) é acusado pelo governo italiano de ser um criminoso comum (terá, segundo testemunhos de arrependidos, assassinado quatro pessoas e efectuado alguns assaltos) preso em 1979 e condenado, à revelia, a prisão perpétua; fugiu e está no Brasil. Passou pela França (onde, durante o consulado Mitterrand foi recusada a sua extradição -- decisão que viria a ser alterada em 2004) e pelo México. O assunto é tratado na edição da Folha de São Paulo deste domingo (edição em papel já disponível em Portugal). Porque, para o governo brasileiro e para os seus juristas, Cesare Battisti, que foi militante do PAC (Proletari Armati per il Comunismo), é um refugiado político. Os crimes cometidos quando muito jovem estão “ao abrigo” dessa militância. Alguns brasileiros que cometeram crimes durante a sua militância política são hoje governantes durante a ditadura; na Itália não havia ditadura e os crimes de que é acusado decorreram em 1978 e 1979. Seja como for, o que está em causa não é o dilema que se coloca agora ao Supremo Tribunal brasileiro e à consciência de cada um – mas sim a vergonhosa atitude do governo de Lula, que devolveu à ditadura de Fidel Castro os dois cubanos que tentavam o exílio. Eles não tinham cometido nenhum crime, mas a Polícia Federal tratou de os engavetar e de obedecer aos telefonemas cubanos. Com a curiosidade de que a viagem entre o Brasil e Havana foi feita num avião venezuelano. Santa aliança.
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25 agosto, 2007

||| Eduardo Prado Coelho, 1944-2007.











Antes de tê-lo conhecido, era um seu leitor. Depois, foi meu professor na universidade. Era um professor tolerante, conversador, estimulante. Graças a ele, comecei a escrever nos jornais. Ficámos amigos e tratei-o sempre como «meu professor»; eu tive orgulho nisso e, a avaliar pelas vezes em que o Eduardo escreveu que eu tinha sido seu aluno, ele também devia ter tido algum em mim. Aprendi com ele, sim. Li bastante. Estudei bastante com ele. Também «polemizámos» e até nos ignorámos e irritámos. Os últimos tempos de vida de Eduardo mostraram-me que se deve ter respeito pelos mestres. Foram dolorosos; humanamente, fisicamente dolorosos estes últimos tempos. Não preciso de estar de acordo com ele (em literatura, quase nunca; em política, raramente) para reconhecer que foi um dos meus professores. Um dos mestres que tive orgulho em respeitar.
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||| Um homem bom, com uma história fantástica. 1924-2007.







Conheci Daniel Morais em Caracas e tenho pena de me ter contado apenas uma parte da sua história fantástica. Chegou à Venezuela em 1948, depois de uma passagem por Caxias e pelo Aljube (pertenceu ao Comité Central do MUD-Juvenil). Em Caracas, fundou uma empresa de mobiliário – foi responsável pela modernização do
design de mobiliário no país, o que lhe valeu o interesse da Sears americana, que acabou por adquirir-lhe a empresa. A «actividade empresarial» nunca o afastou da militância política; colaborou frequentemente com o Partido Socialista e com exilados que chegavam à Venezuela nos anos cinquenta e sessenta. Mas também nunca o afastou dos seus interesses culturais nem daquilo que, em Portugal, é olhado com desinteresse pelo cidadão comum e com cinismo pelos responsáveis políticos: o associativismo dos emigrantes. Foi graças a ele que se fundou (em 1958) e adquiriu uma dimensão tão relevante o Centro Português de Caracas (um edifício cuidado e gigantesco, à maneira de um verdadeiro ‘country club’, nos limites da cidade, em Macaracuay, rodeado de verde, colorido por piscinas e vidros limpos, com salas para aulas de português, biblioteca, restaurantes, consultórios médicos, enfermarias e ginásio). Fundou jornais, colaborou na rádio e era um repositório da memória viva da emigração portuguesa na região. Em 1985 criou o Centro Fernando Pessoa, agora Fundação Instituto Português de Cultura; desde 1989 que desempenhava as funções de adido cultural na embaixada portuguesa na Venezuela, e posso dizer que realizou um excelente trabalho. Era um homem distinto que gostei de conhecer e de ouvir. É pouco provável que esqueça um jantar memorável com aquele homem de 83 anos (e com outros amigos de Caracas que também não esquecerei) que bebia whisky cuidadosamente, diante de um dos seus médicos (outro homem notável), comendo com alegria (foi uma verdadeira aula da gastronomia), conversando, rindo e fazendo amigos. Vivia preocupado com o autoritarismo e o descalabro do regime venezuelano, e a crescente insanidade de Hugo Chávez, o que lhe valeu fortíssimas desilusões ao verificar como alguns portugueses ilustres se venderam ao tiranete (mas teve a coragem de lhes dizer isso pessoalmente – a gente que sempre ajudou ao longo da vida e que cometeu a deselegância de o ignorar agora). Recordo também um fim de tarde numa das mais belas livrarias de Caracas – as livrarias eram um dos seus lugares preferidos , a El Buscón, em que me guiou pelas estantes com a erudição de um apaixonado, de um aventureiro e de um homem justo; apreciei-lhe o sentido de humor, as leituras, o amor pelos livros e a impressão de que as desilusões da política (sobretudo diante da ingratidão de alguns dos seus antigos companheiros) não conseguiram apagar aquele rasgo de generosidade com que a comunidade portuguesa da Venezuela sempre mo descreveu, em vários testemunhos. Também não esquecerei a última conversa com Daniel Morais, pelo telefone, nem a promessa que lhe fiz de um dia voltar à Venezuela para escrever sobre aquelas histórias de heróis solitários perdidos entre o mar das Caraíbas e os Andes, em cidades onde se ouve aquela música que evoca amores distantes e destinos sem sentido; e sobre as últimas árvores de alguns dos bairros de Caracas, ou sobre essa gente que atravessou o Atlântico para fugir de Portugal. Ele seria uma figura de romance, certamente. Aliás, ele é uma figura de romance. O coração traiu-o mais uma vez. Morreu ontem em Caracas.

Foto: Caracas com o Cerro Ávila; a memória de Daniel Morais há-de gostar.

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||| Eles foram apanhados. O cerco.
O Supremo Tribunal Federal decidiu aceitar as denúncias contra 19 dos 40 nomes que figuram no caso do mensalão, sob a acusação de peculato e lavagem de dinheiro. Entre eles estão João Paulo Cunha (ex-presidente da Câmara de Deputados, pelo PT), Marcos Valério (encarregado do pagamento do mensalão aos deputados e «caixa dois» do PT), Henrique Pizzolato (ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, de onde lubrificou a máquina do PT), Luiz Gushiken (ex-secretário da Comunicação de Governo e Gestão Estratégica e ex-assessor especial de Lula) ou Professor Luizinho (ex-deputado do PT e ex-líder do governo Lula no Congresso), Paulo Rocha (ex-líder do PT na Câmara de Deputados) Anderson Adauto (ex-ministro dos Transportes de Lula), entre outros.
As acusações de formação de quadrilha e corrupção ainda não foram analisadas pelo STF e entre os suspeitos denunciados pelo procurador-geral da República estão José Dirceu ou José Genoíno. Na próxima semana continua a saga.

Josias de Sousa: «Seja como for, a presença invisível do PT no banco dos réus é, a essa altura, de uma nitidez hedionda. Pode-se enxergar a legenda de Lula de duas maneiras. Alguns vêem o partido como um inocente culpado. Outros, como um culpado inocente. Em qualquer hipótese, enganchou-se no logotipo do PT o adjetivo “culpado”. Ex-borboleta da política brasileira, o PT ganhou, nos contornos do voto do ministro Joaquim Barbosa, uma aparência de larva. Uma lagarta que imprimiu em cada linha, em cada parágrafo, em cada página do texto do relator, um rastro pegajoso de perversões. O pior é que o partido parece ter-se habituado à nova fisionomia.»
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||| Meia-hora.












Hugo Chávez vai mudar o fuso horário da Venezuela. Não uma hora, não duas, não três. Mas meia-hora. Segundo o ministro de Ciência e Tecnologia, Hector Navarro, a medida visa «uma distribuição mais justa do sol». Meia hora. Aprendam.
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24 agosto, 2007

||| A vida é assim.














Só no Brasil. A jornalista Mônica Veloso, o vulcão que criou o caso Renan Calheiros, o escândalo da moda, decidiu posar para a Playboy. Fez bem. As fotos foram tiradas na Gávea, um dos meus lugares do Rio. Perdendo-se um corrupto senador da República, ganha-se uma mulher na flor da idade. Chato, não?
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||| Pessimismo, claro. O cerco, 2.
59 contra 41. Os leitores da Folha acreditam que o Supremo brasileiro vai «aceitar denúncia do procurador-geral da República contra os 40 envolvidos no escândalo do mensalão – esquema que financiava parlamentares do PT e da base aliada em troca de apoio político». Entretanto, foi já aceite, na sessão de ontem, «a denúncia de gestão fraudulenta contra três atuais dirigentes do Banco Rural», um dos motores do mensalão. O que torna tudo mais claro: ou seja, provando-se o delito, tem de haver suspeitos. O relator do processo indiciou, a propósito de José Dirceu: «São imputadas a ele acusações com base em vícios que analisaremos...»
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23 agosto, 2007

||| Pessimismo, claro. O cerco.
Suspeitas de escutas aos telefones dos juízes do STF, campanha de rua para absolver «os companheiros», tudo serve para criar uma onda de pessimismo.
Links fundamentais da sessão de hoje: resumo da sessão. Defesa dos suspeitos. Procurador-geral da República reforça denúncias da quadrilha. O que está em causa não é provar a culpa dos membros da quadrilha mas apenas a admissibilidade do processo.
Como funcionava o mensalão. Quem são os implicados. Cronologia.
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|||Tradição lusitana.
João Otávio de Noronha, um ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) brasileiro, propôs «o fim do foro privilegiado para autoridades do poder público». Ou seja, que os crimes dos políticos sejam julgados por um tribunal comum. Tudo bem. Simplesmente, a acusação é maior e traz consigo o rasto de complexo colonial: «É preciso acabar com essa cultura lusitana e antidemocrática», diz João Otávio. Amigos brasileiros: não se importam de lhe explicar que o Brasil já tem tradições que não dependem de nós, portugas?
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22 agosto, 2007

||| O cantinho do hooligan. A Arménia, esse colosso.
Não há-de ser nada. O problema foi o relvado.
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||| Carviçais Rock, por José Rentes de Carvalho.






A propósito deste post, veja-se a entrada de 31 de Julho de 2004 no diário de José Rentes de Carvalho, por gentileza do autor:

«Sábado 31 de Julho - É daqueles acontecimentos que provam como acompanho mal a actualidade. Quando mo disseram julguei que fosse gracejo, ou iniciativa de meia dúzia de jovens a sofrer a nostalgia de um Woodstock que não viveram. Nada disso. É mesmo festival a sério, com palcos, música e barulho a condizer, tendas, bebida, geradores eléctricos, rapazes com o cabelo em rabo de cavalo, rapariguinhas vestidas à cigana. Carviçais Rock. À beira da estrada, mas de facto in the middle of nowhere. Vou, cheio de curiosidade e fico desolado. É triste. É pelintra. É má imitação. Até os hippies que por ali se arrastam são de pechisbeque: a fingir de drogados, nem sequer estão bêbedos. Em volta deles há uma multidão que veio para ver, velhos e novos, mulheres, homens, crianças, todos de boca aberta, o ar pateta como se estivessem num jardim zoológico defronte de animais exóticos.
Terminado o festival os homens da Câmara fizeram a limpeza. Depois houve churrasco e carrascão. A alegria foi tanta que quando deram por ela as labaredas tinham atravessado a estrada. Arderam pinhos, oliveiras, amendoeiras e mato, porque mais já não há.Com aviões e helicópteros conseguiram parar o incêndio quando ele, em Estevais, seis quilómetros adiante, estava a chegar às casas. Este ano, felizmente, a Câmara não deu verba.»

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||| O cantinho do hooligan. Um título a sério.
Luís Filipe Vieira arrasa Nuno Gomes (o que é estranho; um presidente de um clube não desata a desvalorizar os seus rapazes) é este o título de uma notícia da edição de hoje do DN. Insuspeito de apreciar o género de futebol de Nuno Gomes, faço-lhe um elogio público: pode marcar golos mas não entende nada de oportunidades.
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||| Começa hoje.
Agora que o Supremo brasileiro vai começar, a partir de hoje, a discutir se a quadrilha do mensalão vai ou não ser julgada, pode relembrar-se este momento glorioso, «o repto lançado por Roberto Jefferson na direção de José Dirceu, à época o chefão do Gabinete Civil de Lula»: «Rápido, sai daí rápido Zé, senão você vai fazer réu um homem inocente, que é o presidente Lula...» Dirceu saiu; enxotado. Como declarou o Apedeuta: «Foi afastado. Foi afastado. Eu o afastei. Afastei o Zé Dirceu, afastei o Palocci, afastei outros funcionários que estavam envolvidos e vou continuar afastando.»
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||| Os meninos eléctricos.
Houve um certo alvoroço com esta notícia; a GNR «deteve 108 pessoas, entre os 20 e 30 anos durante o festival de música electrónica em Elvas, nos últimos dias, e apreendeu 15 mil doses individuais de droga». Uma mulher acabou mesmo por morrer de overdose. A gloriosa província renasce das cinzas. Há tempos ouvi falar do festival de música electrónica (creio que não é bem isso) em Carviçais. Eu lembro-me de Carviçais na minha infância e adolescência, conhecida apenas pela proximidade das minas de volfrâmio do Carvalhal, pelo restaurante Artur (então uma taberna) e pela paragem de cinco minutos da automotora Pocinho-Duas Igrejas (o comboio normal parava durante mais tempo por causa do vagão postal e das mercadorias). Imagino a impressão que farão o techno, o trance e outras formas de arte sofisticadas no planalto desertificado do Nordeste, aborrecendo as cigarras, os grilos, os melros e os escorpiões dos penhascos e dos olivais. Em tempos, ali perto do Sabugal, uma freguesia da montanha anunciava um espectáculo na antiga Casa do Povo com duas bandas de death-metal («o mosh começa às dez da noite», terminava o folheto). Já quanto a Elvas, compreendo; ali, o festival é um grande acontecimento turístico no arame da fronteira. Sinceramente, tanto me faz que eles caiam que nem tordos ao som de música electrónica como se abatam a si mesmos com «1,9 quilos de haxixe, 1478 selos de LSD, 440 gramas de anfetaminas, 70 gramas de cocaína, 3,6 gramas de heroína e 70 comprimidos de ecstasy» (foi esta a apreensão no local), porque parece que a ideia era «juntar entusiastas do psicadélico e pessoas com filosofias interessantes de todos os pontos do globo e promover o equilíbrio entre a natureza e a tecnologia». No hospital local apareceram 36 pessoas com sinais de consumo excessivo de drogas, a necessitar de apoio médico. Apenas peço que alguém limpe o tapete.
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||| Menezes.
É a guerra, é a guerra. Mesmo com plágios.
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||| O dinheiro dos partidos.
Se José Lello alguma vez comentar este assunto, será motivo para felicitar Vital Moreira.
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||| Atum Chávez & Humala.










O Henrique Burnay descobriu esta preciosidade. Trata-se de latas de atum com os retratos de Chávez e Ollanta Humala (nacionalista e folclorista peruano apoiado por Chávez nas eleições, e derrotado). O governo de Caracas diz «que desconoce su origen» e atribui a patetice ao imperialismo americano. Duas semanas atrás, o governo venezuelano também desconhecia a origem de uma mala com 800 mil dólares «en efectivo» apreendida em Buenos Aires a um executivo da PDVSA (a estatal de petróleo venezuelana) e eventualmente destinada a financiar a campanha eleitoral da mulher de Kirchner; o transportista limitou-se a viajar com o staff governamental venezuelano e a partir com ele para o Uruguai. Caracas diz que a mala é uma manobra americana.
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||| O deserto.
É para quase toda a gente evidente que o senhor ministro da Administração Interna não aprendeu nada com o seu trabalho anterior. E devia. Vendo bem, e lendo bem as suas declarações na SIC, trata-se de um falhanço político que tenta refugiar-se em armadilhas jurídicas. O seu papel, naquele momento, era essencialmente político.
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21 agosto, 2007

||| Problemas, problemas.
Pois. Há explicações que têm de ser dadas. Contas são contas. Era uma boa oportunidade para começar a pôr as contas dos partidos em dia.
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||| O cantinho do hooligan. A Arménia, esse monstro.
Isto poderia ser trágico: Portugal tem de vencer a Arménia. Contentai-vos, canibais.
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||| Coisas do Verão





1. A morte de Bergman e de Antonioni. É uma parte do «meu» cinema que desaparece. Uma parte de mim.




2. A livraria Michelena, em Pontevedra. Tomara a província portuguesa ter livrarias assim...



3. O restaurante El Crisol, no O Grove (Galiza). A qualidade gastronómica e a simpatia no atendimento. Parabéns, D. Digna!





4. O bar de copas Vinilo, também no Grove. Para um urbano-depressivo como eu, um oásis no meio das férias. E com fumo, como convém.






5. O Terras Gaudas, que descobri há muitos anos atrás pela mão do Paco Feixó. Continua um vinho branco excelente, a provar que o Albariño pode ser acertadamente misturado com outras castas.





6. Os contos de Hemingway, numa excelente edição (e tradução) espanhola da Lumen. O reencontro com um dos "meus" escritores.

7. Estar no Algarve fechado num hotel como se o Algarve não existisse. A felicidade às vezes anda perto de nós.

[MAV]

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||| O cantinho do hooligan. Nada contra.
Parece que Fernando Santos foi surpreendentemente despedido pelo Benfica que, há já uns tempos, tinha Camacho cuidadosamente preparado. As coisas inesperadas têm sempre um longo historial a anunciá-las.
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||| Apelo.
O Maradona pergunta: queres ser um especialista em transgénicos?

Já agora, Maradona, tens razão: o Vasco escreve muito bem sobre viagens. Bom; ele escreve bem.
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||| Acordo ortográfico para a Língua Portuguesa.
O Brasil está a preparar a prática do Acordo e os jornais vão publicando informação.
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||| Pão.









Há dias, num restaurantezinho que frequento, fui informado de que vai passar a ser praticamente impossível continuar a receber aquele saboroso pão que vem (neste caso) do Alentejo. As autoridades vão querer, certamente, o pão plastificado ou cozido em forno eléctrico. Antigamente, nós queixávamo-nos «das leis de Bruxelas» que atacavam o nosso precioso queijo da Serra ou se recusavam a proteger a denominação de origem do melhor dos vinhos (o Porto), ou se metiam na nossa mesa sempre que queriam. Agora, o perigo é outro e está cá dentro: chama-se falta de bom-senso. Tenho uma lista das tabernas e tascas a visitar antes de serem remodeladas, e uma outra com fornecedores de pão cozido em forno de lenha. Ou, então, passaremos a fazer raides em Espanha, para manter o atrevimento.
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||| Cavaco.
Um post clarificador do Francisco Almeida Leite.
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||| Resumo.













Um grupo de meninos e meninas alternativos, onde (a avaliar pelos textos e pelos discursos) se misturam o discurso radical ecologista, o gosto pelos adubos orgânicos, os narguilés, a new age, a mentalidade anti-científica e a vulgata esquerdista, decidiram promover um espectáculo – destruir um hectare de milho transgénico, invadindo uma propriedade e ministrando, alto e bom som, sempre com os microfones das televisões ligados, lições de moral, ecologia e política. Para não ir mais longe, trata-se de uma violação da propriedade e da lei, além de um ataque ao trabalho de um pequeno agricultor, aplaudida – de quatro – por “especialistas em sublevações”, desde que não as sofram eles na pele. As iniciativas dos meninos (que tiveram o cuidado de se resguardar contra o pólen, pobrezinhos, numa iniciativa “de acção directa e desobediência civil”) foram incluídas num site governamental; isto não constitui novidade nem é caso para escândalo ou para desviar as atenções do essencial, uma vez que a ampla generosidade institucional para com grupos alternativos mistura a sua própria generosidade com a duvidosa boa-fé dos outros – ou seja, com a sua patetice. Há demasiados patetas nas ONG e nos grupos que usam linguagem “ecológica” e “alternativa”; isso é mau para as ONG e péssimo para nós, cidadãos. Aquela linguagem, cheia de metáforas “alternativas” e de ditirambos sobre a “ordem moral & ecológica” é duplamente perigosa: para os próprios, porque pensam que pensam alguma coisa, e para os incautos e generosos, que lhes atribuem alguma importância – é uma linguagem cheia de preconceitos anti-científicos e de coisas que ficam bem, tal como palavras fora de contexto e erva mal misturada. É importante que isso sirva de lição à política de juventude; os jovens devem levar para trás e devem ser ensinados a ler, escrever e contar com alguma competência, arranjando-se-lhes ocupação apropriada e não serem industriados por vândalos.
Finalmente, sobre a natureza “estética” da iniciativa, coisa já suficientemente alvo de chacota, apenas confirma o razoável vácuo daqueles cerebelos. O presidente da República agiu bem ao pedir responsabilidades; o governo deve prestar apoio jurídico ao agricultor lesado, que deve poder processar os meninos; o ministro da Agricultura falou razoavelmente; o ministro da Administração Interna falou tarde demais, para defender a sua corporação, mas deve fazer-nos saber que mandou mesmo proceder a um inquérito porque a actuação da GNR é mais do que duvidosa; e aquela rapaziada deve ser identificada e levada a tribunal (por muito menos, já gente honesta foi à barra). Ou seja: se as televisões sabiam o que ia acontecer, supõe-se que a GNR também deveria saber. Não somos ingénuos.
Quanto ao resto, não vale a pena ser moralista. A vida segue. Mas prontifico-me a contribuir para apoiar o agricultor, tal como contribuo para o auxílio às vítimas de catástrofes naturais. No caso das “catástrofes naturais”, não culpo os céus, porque os elementos são assim mesmo; neste caso, cabe-nos exigir que os meninos sejam punidos.

Adendas: 1) ainda não tinha prestado atenção à acusação que pesa sobre a Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL. Espero que a FCT desminta o rumor. 2) nunca é demais insistir na hipocrisia destes movimentos financiados por dinheiros públicos para promover pseudo-ciência e “banalidades ambientalistas”.
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||| BBC.
Vejamos. A BBC emite uma série de ficção passada num hospital, Casualty. Os argumentistas decidiram criar um episódio em que o hospital tem de prestar assistência a vítimas de um atentado terrorista reivindicado por extremistas islâmicos. Porém, para evitar ofender o Islão, o argumento foi alterado e o atentado passou a ser provocado por «defensores dos direitos dos animais». Espero que os «defensores dos direitos dos animais» não se ofendam; perdão, que se ofendam.
[Via O Insurgente.]
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20 agosto, 2007

||| Clima húmido e solo vulcânico.
Agora se compreende o crescimento do turismo para o Pico.
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||| Tudo se explica.
«Gualter Baptista, porta-voz do movimento Verde Eufémia, reagiu ontem ao anúncio feito pelo Ministério da Administração Interna da abertura de uma investigação ao caso afirmando tratar-se de "uma perseguição política" e "uso indevido dos dinheiros públicos".» Estamos entendidos.
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||| Dossiers anónimos.
«Há, como se sabe, uma ética do tratamento de dossiers "anónimos"; faz parte da originalidade portuguesa - se ligas a um, tens de ligar a outro; se lês um, tens de ler o outro, e assim por diante, até não haver espaço nos arquivos da Procuradoria ou lugar nas primeiras páginas dos jornais.» O artigo desta segunda-feira no JN.
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||| Ingrid.
Lembra o Tiago Barbosa Ribeiro: «Ingrid Betancourt está sequestrada pelas FARC há 2000 dias. Será que este ano os narco-guerrilheiros voltarão a estar na Festa do Avante?»
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||| Brasil. O cerco.










Se houver mais cinco juízes corajosos no Supremo Tribunal Federal, além de Joaquim Barbosa, os quarenta «integrantes da “quadrilha” do mensalão» passarão a réus. Entre eles, José Dirceu («ex-chefe da Casa Civil de Lula, acusado de saber e comandar o esquema do mensalão»), José Genoíno («ex-presidente do PT»), Delúbio Soares («ex-tesoureiro do PT expulso do partido»), Luís Gushiken («ex-secretário da Comunicação de Governo e Gestão Estratégica e ex-assessor especial de Lula»), Marcos Valério («encarregado do pagamento do mensalão aos deputados que participavam do esquema e de emprestar dinheiro ilegalmente ao PT»), E. Pizzolatto («Ex-diretor de marketing do Banco do Brasil»), Professor Luizinho (ex-deputado do PT e ex-líder do governo Lula no Congresso), João Paulo Cunha (ex-presidente do Congresso pelo PT), Duda Mendonça (publicitário com mais contas do governo e responsável pelo marketing pessoal de Lula).

Adenda: Vários mails indignados têm posto em causa a acusação pública contra a quadrilha petista, com o argumento de que «não gosto de Lula». Para tirar dúvidas, passo a citar do documento do procurador-geral: «sofisticada organização criminosa, dividida em setores de atuação, que se estruturou profissionalmente para a prática de crimes como peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta, além das mais diversas formas de fraude»; «Marcos Valério aproxima-se do núcleo central da organização criminosa (José Dirceu, Delúbio Soares, Sílvio Pereira e José Genoíno)»; «as provas colhidas no curso do Inquérito demonstram exatamente a existência de uma complexa organização criminosa, dividida em três partes distintas, embora interligadas em sucessivas operações: a) núcleo central: José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoíno e Sílvio Pereira [...]»; «Com a vitória na eleição presidencial, inicia-se, em janeiro de 2003, a associação criminosa entre os dirigentes do Partido dos Trabalhadores e os denunciados»; «parte dos recursos referentes aos R$20 milhões de reais que iam ser transferidos pelo PT ao PTB seriam obtidos em transação referente à aquisição da empresa TELEMIG pela Brasil Telecom, operação acompanhada diretamente pelo ex Ministro José Dirceu»; «montaram uma estrutura criminosa voltada para a prática dos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais»; «o Professor Luizinho ocupou o estratégico cargo de líder do governo na Câmara dos Deputados, com o aval do núcleo político-partidário da organização criminosa»; «mantinham um intenso mecanismo de lavagem de dinheiro com a omissão dos órgãos de controle, uma que possuíam o apoio político, administrativo e operacional de José Dirceu, que integrava o Governo e a cúpula do Partido dos Trabalhadores»; «Tudo sob as ordens do denunciado José Dirceu, que tinha o domínio funcional de todos os crimes perpetrados, caracterizando-se, em arremate, como o chefe do organograma delituoso».
Documento, na íntegra (PDF), pode ser lido aqui.
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19 agosto, 2007

||| Eles protegem o crime e os criminosos.









A Veja da semana passada publicava a lista dos envolvidos no mensalão, o maior escândalo do lulismo e mostrava que, com pouquíssimas excepções, todos andavam impunes, ou foram reeleitos pelo PT, ou protegidos pelo Apedeuta, ou andam em bolandas para serem amnistiados pelo partidão. Pode ver aqui quem é quem na CPI do Mensalão.
Neste domingo, o Estado de São Paulo dá a notícia: «Alheio ao Supremo, PT não vai punir envolvidos no mensalão». Longe vão os tempos em que José Genoíno, então presidente do PT, podia ter o descaramento de dizer «o PT desconhece esse assunto, nunca ouvi falar sobre ele, portanto nós estamos repudiando esse tipo de acusação conta o PT». Lula, o Apedeuta, chegou mesmo a insinuar: «Cortaremos na própria pele se necessário.» Não cortaram; apenas afastaram Delúbio Soares, o tesoureiro do PT, que os enriqueceu, e sobre quem Genoíno dizia «o companheiro Delúbio tem o nosso apoio, a nossa confiança». Em dois anos, todo os homens de Lula enriqueceram, corromperam, movimentaram dólares (de Cuba, de paraísos fiscais, da Colômbia, etc), foram corrompidos, perseguiram e montaram uma máquina de comunicação que já mereceu o repúdio dos Repórteres sem Fronteiras e da OIJ (Lula foi o único presidente, desde Geisel, que assinou uma ordem de expulsão a um jornalista).
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, num documento nunca desmentido nem atacado, acusa esse círculo do PT e de amigos de Lula, de formar uma «sofisticada organização criminosa», que através do desvio de «dinheiro público para comprar apoio político», com o objectivo de «garantir a continuidade do projeto de poder» do PT; nesse documento, o Procurador denunciou quarenta pessoas, sob a acusação de integrarem uma «organização criminosa». Segundo esta notícia de hoje do Estado de São Paulo, o PT está acima da lei e estará acima da lei: «Qualquer que seja o veredicto do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra os acusados no escândalo do mensalão, o PT não vai punir os ex-dirigentes e deputados envolvidos na crise.» Entretanto, na Folha de São Paulo deste domingo (a edição em papel está à venda em Portugal a partir das 15h00), o próprio procurador-geral anuncia que há mais provas sobre o mensalão.
As vaias contra Lula começam a mostrar o jogo do Apedeuta e dos seus amigos.

Aqui, pode ver a lista de todos os acusados no mensalão e a natureza dos seus crimes. Aqui, pode ver e ouvir entrevistas e testemunhos. Aqui, a cronologia do escândalo.

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||| Off line.
Às 18h31 a página do Ecotopia (http://juventude.gov.pt/Portal/Eventos/EducacaoFormacao/19_Edicao_+do_Ecotopia.htm) do Portal da Juventude tinha sido retirada do ar («Página não encontrada») da sua secção destinada a links de Educação e Formação. Não acho mal. O Ecotopia, com ligações às operações de vandalismo no Algarve, foi referido pelo Abrupto.
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||| Afinal, era estético.
Miguel Portas esclarece que o seu apoio aos vândalos de Silves («a minha simpatia») tinha como base a sua convicção «de que a acção foi simbólica». Quanto ao facto de os meninos e meninas irem de rosto tapado, isso devia-se ao «pólen» e também «por causa da estética do movimento».

Ver Eduardo Pitta: «Quando for cometer um crime, deixe o BI em casa.»
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||| México.








Primeira grande exposição da obra fotográfica de Juan Rulfo, na Unam (Universidad Nacional Autónoma de México). Algumas podem ver-se aqui.
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||| Jeito para o negócio.
Os casinos de índios americanos obtêm quatro vezes mais lucros do que Las Vegas.
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||| On The Road, 50 anos.











O The New York Times deste domingo publica um bom dossier sobre os cinquenta anos de On The Road e a figura de Jack Kerouac. Alguns dos textos a «recortar» para ler depois: «Still Vital, ‘On the Road’ Turns 50», de Motoko Rich e Melena Ryzik; «You Don't Know Jack», sobre a biografia de John Leland, Why Kerouac Matters. The Lessons of ‘On the Road’ (They’re Not What You Think) (Viking); e «On the Road Again», de Luc Sante. Por curiosidade, pode ainda ler-se, em fac-simile, a primeira crítica a On The Road, por Gilbert Millstein, em 1957, no NYT.
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||| Os fantasmas.
Sobre política e religião: «The Politics of God», de Mark Lilla, o autor de The Stillborn God: Religion, Politics and the Modern West, no The New York Times.
[FJV] [MAV]

||| Ordem ecológica, 2.
Há, diante das acções violentas dos meninos e meninas da extrema-esquerda vestidos de saltimbancos e flibusteiros, e dos “ambientalistas” em “acção directa”, uma tolerância injusta. Para a maior parte deles não se trata de discutir uma posição política, mas de actuar no circuito de um espectáculo de protesto e de devastação contra “o sistema”, sejam quais forem as razões. Geralmente, tudo se reduz a espectáculo, é verdade; mas trata-se de um espectáculo com custos para cidadãos indefesos, como o proprietário da exploração agrícola algarvia. Uma coisa é discutir a questão dos transgénicos; outra, inteiramente diferente, é actuar à margem da lei e sob a sua protecção, uma vez que as autoridades se abstêm de intervir contra os meninos – que, às vezes, no caso de certos grupos, recebem subvenções públicas.
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||| Revista da imprensa.











Além da Pública de hoje (dedicada à cerveja), o jornal do dia é O Jogo: Quaresma no primeiro caderno, Ana Hickmann no suplemento. Já regressaremos à normalidade em próximo post.
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18 agosto, 2007

||| O cantinho do hooligan. Abrir hostilidades.








O campeonato começou bem.









O Leixões é que pode ter desiludido um pouco, não conseguindo melhor do que um empate sobre aquela equipa cor-de-rosa; esperava-se, naturalmente, a vitória dos leixonenses, mas enfim. A maldição do Bessa pesou sobre a rapaziada de Matosinhos.
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||| Dossiers anónimos.








Como se sabe, um dossier «anónimo» é um dossier a que falta assinatura ou a que apagaram a assinatura. Por exemplo: alguém pode elaborar um dossier «anónimo» e, para lhe dar credibilidade (imagine-se!), é necessário retirar-lhe a assinatura; se a tivesse, ninguém ligaria. Mas as autoridades fizeram-lhe a vontade.
Agora, apareceu um novo dossier «anónimo». As autoridades, postas diante da evidência, têm de apreciá-lo, porque não é possível desprezar um dossier «anónimo» e apaparicar o outro. Há, como se sabe, uma ética do tratamento do dossiers «anónimos»; faz parte da originalidade portuguesa. Procuradores, polícias, investigadores anónimos, em vez de chamarem o pessoal do CSI de Las Vegas, para encontrarem impressões digitais, manchas de uísque, pingos de sardinha, sentam-se tranquilamente nos seus gabinetes (vá lá, é uma imagem literária), ajeitam os óculos, empilham uma série de blocos para apontamentos ao lado de uma dúzia de lápis afiados, e iniciam a leitura. Não contribuem em nada para a sua ilustração. Mas fazem a vontade aos autores dos dossiers «anónimos». É uma alegria. Vou pensar em escrever um dossier anónimo. Está na moda. Convido-vos à escrita.
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||| Arquivos. Delete, a tecla que eles descobrem.







Não conheço o caso nem o arquivo, mas acho que vale a pena reflectir (e, depois, actuar) sobre o apagão denunciado por J. Adelino Maltez. São 183MB de ficheiros que deixam de estar online. A ser assim, é um escândalo.

P.S. - Já em tempos foi aqui denunciado o caso de uma parte dos arquivos online do IPLB, a Base de Dados de Autores Portugueses, que foi retirada da net. Verifico, com alívio e contentamento, que está de novo disponível. Parabéns, Paula Morão.
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||| Pode ser uma hipótese.
As amêijoas e corvinas de Lisboa podem ser declaradas património municipal.
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||| Moda.
O marketing da depressão é um instrumento comercial muito em voga. Assisti muitos amigos «em depressão» a quem, na minha ignorância e barbárie, diagnostiquei coisas que os profissionais desdenham, desde gastar o salário antes de tempo, ter perdido uma namorada aborrecida, errar no casamento, preguiça ou sono a mais. «Gordon Parker, um dos mais proeminentes psiquiatras australianos, afirmou que há demasiados diagnósticos de depressão quando as pessoas estão simplesmente descontentes.» Coisas dos antípodas. Obrigado, Gordon.
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||| Contra o Apedeuta, eles usam «o nariz de palhaço».
Nos cartazes das manifestações de estudantes contra Lula apareceram cartazes com a frase «Lula, o Sócrates brasileiro». Calma. Referem-se à frase «só sei que nada sei», a mais utilizada por Lula desde que é presidente e sempre que tem azares na vida. No Rio de Janeiro, a polícia revistou os estudantes para ver ou confiscar os cartazes; mas o que eles tiveram mesmo de esconder foi o que se transformou na maior arma contra o lulismo: os narizes de palhaço. «Tivemos que passar por uma revista e fomos obrigados a abrir nossos cartazes. Escondemos os narizes de palhaço nos órgãos genitais e entramos», diz um estudante, enquanto a secretaria de imprensa de Lula se justifica com a revista «porque alguns dos cartazes tinham bases de sustentação de madeira, material considerado inadequado», mas (ah! como as palavras traem!) diz «ainda desconhecer a forma como os estudantes entraram com os narizes de palhaço». É nariz de palhaço, isso mesmo.
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||| Ordem ecológica.
O mercado ideológico é tão legítimo como outro; é possível que, de repente, um partido se torne «ecologista» para corresponder a um «nicho de mercado» – sobre Os Verdes e a sua dependência do PCP já sabemos como se construiu; sobre o Bloco, foi tão descarada a sua conversão pública à causa do ambiente, que até se poderia supor ter existido um prévio estudo de mercado. De «mercado ideológico». Mas há novidade: o movimento Verde Eufémia que assaltou e vandalizou uma propriedade agrícola em Sines afirma que o seu «objectivo é restabelecer a ordem ecológica, moral e democrática» através desta «acção de desobediência civil contra o primeiro campo transgénico do Algarve». Leiam bem cada palavra para ver que está tudo dito; mas, como lembra o Paulo, tremam de medo à ideia do restabelecimento «da ordem ecológica, moral e democrática».
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17 agosto, 2007

||| Os meninos.
Espero pelo debate, certamente muito politizado e cheio de metáforas, depois do assalto a uma herdade de Silves. Os meninos «[os activistas] tinham as caras tapadas com panos, para, segundo eles, apenas se protegerem do pólen transgénico»; pobres deles.
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||| Quando somos alguma destas coisas, 2.











Para conduzir um carro precisamos de estar sóbrios. Condutores alcoolizados enojam-me. Alcoolizados em geral, também. O meu pai definiu bem a coisa; ele detestava gente que não bebia e gente que se embebedava. Mas para conduzir um carro precisamos de estar sóbrios. Conduzir sob o efeito de álcool ou de drogas parece-me crime, mas é a minha impressão. Dois amigos meus morreram por isso e não estou para admitir desculpas. A coberto disso, começou a cata aos vestígios, com testes de despistagem rápida, verificações, análises ao sangue -- modos de apurar o estado de embriaguez e deliquescência dos condutores. Tenham cuidado, no entanto, com os limites: um dia, à porta do emprego, vão fazer o mesmo. Um dia vão «criminalizar-nos» pelo Xanax ou pelo Guronsan. Um dia seremos alguma destas coisas. Abençoados os que vivem no «reyno da perfeiçom»
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||| O jogging é de direita?, 2.
Sobre esta discussão imbecil («o jogging é de direita?»), o F. Mendes Silva recorda um texto de Boris Johnsson: «In the cafés of the Left Bank, they have fastened on what they regard as the single most objectionable and Right-wing aspect of the Sarkozy agenda - and what do you think it is? Do they object to his views on immigration? Are they worried about his plans to make French universities more competitive? Quite possibly; but their feelings on these questions are anaemic next to their central charge against the new regime. The most appalling thing about the Sarkozy presidency, says Professor Alain Finkelkraut, a leading French philosopher and veteran of the 1968 manifestations, is an event that takes place every morning. The President of France goes jogging! Choc horreur! He exposes the presidential knees to the entire world, says Finkelkraut, and it is extremely undignified.»
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16 agosto, 2007

||| Coisas fatais: o jogging é de direita?
Não tinha reparado no assunto, mas a última coluna de Diogo Mainardi retomou o assunto. Ver aqui a pergunta, feita pelo Libération: «Le jogging est-il de droite?» O tema parece riquíssimo, académico. Ironia: «Alors, on comprend enfin : le jogging, c'est un gadget d'affreux types de droite, capitalistes, de démagos. Parce que c'est trop éloigné des valeurs actuelles de la gauche française. Alors, c'est un truc de Sarkozyste. Et donc, c'est un truc dangereux pour la démocratie.» Parvoíce: «Le jogging, bien sûr, se retrouve du côté de la performance et de l’individualisme, valeurs traditionnellement attribuées à la droite
Quando virem José Sócrates fazer jogging, debatam.
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