29 junho, 2007

|||Piano.
Em traje informal, no dia 5 de Julho, vai haver piano na Casa Fernando Pessoa: Scarlatti, Luís de Freitas Branco, Bach, Beethoven e Gershwin. Ao piano, Diogo Antão, no Ciclo de Jovens Pianistas. Livre, a entrada.
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||| O tanso fiscal.








As
aventuras de um tanso fiscal, um muito recomendável texto de Pinho Cardão no Quarta República (em duas partes, I e II): ao fim do dia, «perdido o sono, abre a televisão e vê os habituais economistas professores, os clássicos comentaristas doutores e os membros de um qualquer governo ad-hoc, mas todos professores doutores, a dizer que os impostos não podem baixar e que assim é que estão bem!...» Sabemos que impostos pagamos verdadeiramente? Faça as contas aqui e aqui, e saiba como pagar, diariamente, taxas diversas aos Serviços Municipalizados, se beber água ou tomar banho («uma quota de serviço, uma tarifa de tratamento, uma taxa de saneamento, fixa, uma taxa de saneamento, variável e o IVA a 5%. As taxas significam 2/3 e a água 1/3 da factura»), tarifa de conservação de saneamento, imposto sobre os combustíveis, «Taxas Diversas», impostos sobre impostos que pagou aquando da compra da viatura, taxa de licenciamento e da taxa sobre o valor de adjudicação de obras públicas, imposto sobre o tabaco, taxa sobre o controlo metrológico e de qualidade, imposto de selo («seja na ida ao notário, numa escritura pública, num processo de habilitações de herdeiros, numa procuração, numa renda, numa operação bancária, ao levantar cinco cheques no Multibanco»), emolumento sobre qualquer situação desconhecida, imposto sobre o álcool e bebidas alcoólicas, taxa de justiça, taxa do registo civil, taxa de registo predial, taxa de registo comercial, taxa moderadora, taxa de comercialização e abate de gados, taxa sobre operações de bolsa, propinas, taxa vinícola, taxa de portos, taxas de portagem, taxa florestal, taxas de fiscalização de actividades comerciais e industriais, IVA diversos, emolumentos consulares, selo do carro, Sisa/IMI, Imposto de Selo, IRS, IRC, Taxa de Exploração DGGE (Direcção Geral de Geologia e Energia), Contribuição audiovisual, Taxa Municipal dos Direitos de Passagem, etc.
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28 junho, 2007

||| Código penal.
Vital Moreira vem recordar uma coisa óbvia, mas ainda bem que é ele a fazê-lo: «A blogoesfera não está fora do alcance do Código Penal.» Retirá-la do olhar público, mantê-la como uma espécie de submundo, é que seria negativo. Mas é curioso que, para muitas pessoas, seja o Código Penal a garantir personalidade e identidade aos blogs.
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||| É diferente, mas é semelhante.
Coisas que podem acabar mal.
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27 junho, 2007

||| Amos Oz











Esta é a boa notícia do dia: Amos Oz, o grande escritor israelita, foi contemplado com o Prémio Príncipe das Astúrias. Ninguém como ele se tem batido pela paz no Médio-Oriente. Ninguém como ele tem espelhado na sua obra de ficcionista as grandezas e as misérias de Israel. Leia-se Uma História de Amor e Trevas, recentemente traduzido entre nós.
Há dias assim, em que nos reconciliamos com o mundo.
[MAV]

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||| Exames nacionais.
Hoje, às 21h30, António Filipe, António José Seguro, Joana Amaral Dias, João Teixeira Lopes, Pedro Roseta e Teresa Caeiro, vão estar na Casa Fernando Pessoa. Para ler os seus poemas preferidos.
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||| As coisas que andam no ar.
A silly season começou há umas semanas. Uns dois meses. Algures, lá atrás. Há demasiados elementos cruzados, entre o referendo que não vai fazer-se e a judicialização da vida política, questões aeronáuticas e matéria do mercado da arte contemporânea. Admito que pessoas com tempo para isso sejam capazes de detectar o fio que explica essas dissonâncias. O ideal seria que o Verão não chegasse, que o Verão se atrasasse, para que se percebesse alguma coisa sobre o fim que as coisas levam. Eleições em Lisboa, alguns incêndios, inquéritos de Verão, presidência europeia e, mais uma vez, o referendo que não vai fazer-se. Algumas destas coisas vão acabar mal. Sobre outras, detectamos o mal que vão causar. Em todo o caso, o mal anda à solta e o Verão há-de interromper algumas das histórias que ficam por contar: do novo aeroporto (que tem de fazer-se) ao traçado e custos do TGV (que tem de adoptar-se), do referendo (que não vai fazer-se) às dívidas das câmaras (que vão aumentar), dos exames (que já se fizeram) à flexissegurança (que é cara demais, o que não é caro para nós?), da pequena perseguição à ideia de que tudo está à venda (e às vezes está). Ele há coisas no ar.
[FJV]

26 junho, 2007

||| Ateliers para crianças na Casa Fernando Pessoa.











Começa na segunda-feira mais uma série de ateliers infantis (dos 5 aos 8 anos) na Casa Fernando Pessoa. Decorrerão das 14h30 às 16h30 a partir de 2 e até 13 de Julho. As crianças vão desenhar, pintar e ler poesia. Inscrições ainda disponíveis na Casa Fernando Pessoa (telefone 21 391 3270, Rua Coelho da Rocha, 16, em Campo de Ourique) ou com ines.leitao@cm-lisboa.pt.
No dia 13, sexta-feira, os pais, a família e os amigos podem assistir à sessão de leitura.
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||| Arménio Vieira.
Hoje, às 18h30, o poeta caboverdiano Arménio Vieira estará na Casa Fernando Pessoa. Torcato Sepúlveda falará sobre a poesia de Arménio e apresenta o seu novo livro, Mitografias.
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||| Darfur em retrospectiva.
Estávamos em 2005: «Não vale a pena esconder a notícia só para manter a ilusão de que se tinha razão: “A Comissão de Inquérito das Nações Unidas, encarregada de analisar os acontecimentos na região do Darfur, no Sudão, onde morreram 70 mil pessoas às mãos das milícias apoiadas pelo governo sudanês, concluiu que não houve genocídio. Para estes peritos, que investigaram o assunto durante quatro meses, pode apenas falar-se em crimes contra a humanidade e crimes de guerra, acções que não são menos graves ou odiosas que um genocídio.” O problema, neste como em outros casos, é o bombardeio de números, frequentemente inflacionados pelas ONG que vivem do negócio da dor e da exploração do sofrimento. E também a definição do que é genocídio.»

Ver ainda Darfur, a Raiva que nos dá (de Julho de 2004), Sudão, Darfur, e Os Mortos sem importância.
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25 junho, 2007

||| Cabo Verde, hoje e por estes dias. Já se ouvem mornas no jardim da Casa.[*]













Hoje, às 18h30, inauguração da quinzena de Cabo Verde na Casa Fernando Pessoa. Haverá música e pontche, necessariamente. A exposição Cabo Verde / Coração de Coral apresenta materiais da vida quotidiana de Cabo Verde, de capas de discos a bilhetes de autocarros e instrumentos de cozinha ou manuscritos de poetas caboverdianos.
Amanhã, Arménio Vieira estará na Casa, para lançar o seu novo livro (com apresentação de Torcato Sepúlveda), às 18h30. Não perder a sessão de 4 de Julho, também com pontche para beber e boa música para ouvir; à meia-noite comemora-se o aniversário da independência do arquipélago.

[*] - E isto é rigorosamente verdade, nesta altura.
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||| Darfur.
Recordo os tempos em que o Ocidente descobriu a tragédia do Darfur. As atenções estavam, ontem como hoje, totalmente viradas para o Médio Oriente e qualquer olhar para outro lado do globo era considerado revisionista. Naquele tempo, na Grande Reportagem, mostrámos imagens; escrevi várias vezes sobre o assunto. Mas, como na altura se disse (ah, blogosfera, como és atenta), tratava-se de um exagero. A tragédia cresceu entretanto. Atingiu proporções mais e mais desumanas. Mas a cor das vítimas não é indiferente, ali, no Congo ou no Zimbabwe. Morrem milhares de pretos, é esse o resumo; a cor desvaloriza as vítimas. Até que Ban Ki-Moon, o secretário-geral da ONU, dá explicações tão comoventes como as «do aquecimento global». A cor das vítimas continua a ser importante.
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||| TLEBSilva.
Um post de Pinho Cardão alertou-me para as declarações do ministro Augusto Santos Silva acerca da TLEBS: «O actual Governo não concorda com experiências que têm uma parte dos actuais estudantes como cobaias. Por essa razão o governo PS generalizou a todos os alunos a aplicação da TLEBS. Foi essa generalização que levou à suspensão...» Às vezes tenho saudade de certas pessoas. Uma delas chamava-se, em tempos, Augusto Santos Silva.

P.S. - Na verdade, o que levou à suspensão da TLEBS foi o movimento de opinião e de protesto liderado por José Nunes, mais as opiniões de gente que se mostrou indignada (como o Prof. João Andrade Peres, por exemplo, ou Vasco Graça Moura, ou Maria Alzira Seixo, ou Helena Buescu). A avaliar pelo comportamento do Ministério da Educação em matéria curricular e de «experimentalismo», ainda hoje teríamos a TLEBS imposta superiormente.

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||| Porto.
Se formos a uma manifestação no Porto, todos podemos ser filmados? No JN.
«A CMP tem toda a legitimidade para tomar as decisões que entende serem as melhores para a cidade; mas deve assumir os riscos inerentes, tem de lidar com as críticas, as manifestações, a oposição da imprensa, a opinião dos jornalistas, o ruído das ruas, as opiniões absurdas. E pode contestá-las. Um mundo em que só os políticos pudessem ter opinião seria muito pobre e muito triste; não porque as suas opiniões sejam más, mas porque têm tendência a serem sempre maioritárias. Eis por que eu, que até acho que Rui Rio tem alguma razão, penso que a perde quase totalmente.»
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21 junho, 2007

||| Última hora. Otávio Frias Filho, hoje na Casa Fernando Pessoa.








Hoje, quinta-feira, 21, às 18h30, Otávio Frias Filho, o director do jornal Folha de São Paulo, estará na Casa Fernando Pessoa para falar do seu livro Queda Livre (edição A Palavra), com apresentação de João Pereira Coutinho. Falar-se-á, certamente, do Brasil, de política e da América Latina.
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||| Saúde.
O homem é grego mas não deixa de ser poderoso. É o Comissário Europeu da Saúde e Defesa do Consumidor, Markos Kyprianou, que anda numa cruzada contra a fast food. Eu apoio; contra o hamburger, pela perdiz à Convento de Alcântara; contra os chicken nuggets, pela galinhada com arroz. A anorexia e a obesidade afligem-me. Mas aflige-me igualmente o grego Kyprianou, e aquela linguagem de abóbora: se a indústria alimentar não deixar voluntariamente de publicitar comida não saudável para crianças, a Comissão Europeia «não terá outra alternativa senão adoptar legislação restritiva». Ele tem razão, vejamos. O exercício físico faz bem, o fast food faz mal, a publicidade a produtos verdadeiramente nocivos às crianças é agressiva. Mas o grego Kyprianou sofre do mal geral dos cavalheiros da União, tratando-nos como idiotas e cobaias -- só ele detém a verdade e a garantia do bem geral e do bem particular. Daqui a alguns anos, Kyprianou vai entrar pelas nossas casas dentro, vigiando, vigiando. Ai de nós se nos tentarmos por um bacalhau à lagareiro. E, seguindo outros procedimentos, seremos filmados e denunciados publicamente.

Na Califórnia, a cidade de Belmont (via O Insurgente) vai proibir que se possa fumar no interior das casas. Reparem bem: no interior das casas. Lá dentro. Direitos cívicos, onde andais?
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||| Vigilância, 2. Um liberal à moda antiga.
Ainda o vídeo, citado no site da CM do Porto, onde se vê o jornalista David Pontes numa manifestação diante do Teatro Rivoli. Pode a CMP (ou alguém por ela) tomar imagens de vídeo de manifestações, bares, restaurantes, jardins públicos, redacções de jornais, entradas de WC públicos, lojas de lingerie, com vista a alimentar o debate político?
[É evidente que seria interessante saber se o vídeo em questão foi obtido por algum membro do gabinete da CMP, de modo a ser usado da forma que foi.]
Independentemente da questão do Rivoli, o que está em causa é a incapacidade de a CMP lidar com a opinião contrária. Ter sempre razão, como se sabe, é muito cansativo e demasiado perigoso; normalmente, os meios usados ultrapassam aquilo que é sensato. Filmar manifestantes, por exemplo, pode ser um precedente fatal. Um liberal à moda antiga não pode aceitar esse comportamento.

Veja-se, por exemplo, o caso denunciado pelo Zero de Conduta.
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||| República dos tribunais.
A propósito do caso Sócrates/Balbino e da queixa que o primeiro-ministro terá eventualmente apresentado aos tribunaus, recomendo uma leitura de João Gonçalves; sobre ética, política, tribunais e o plateau geral da pátria. Não há inocentes.
Este recurso permanente aos tribunais parece-me estar a transformar a Pátria, que já discutia providências cautelares e recursos para o Supremo nos fóruns da rádio e nos balcões das pastelarias, numa república dos tribunais. Primeiro, tivemos a denúncia de uma república dos juízes, que verdadeiramente nunca existiu, mas que se aproximou bastante da comunidade do magistrados do MP e da mini-República dos advogados. Não havia debate político, futebolístico e (como chegou a acontecer) até literário, sem o recurso à linguagem dos códigos e das leis. O cidadão era bombardeado com decretos, diplomas, orações subordinadas sem limite, malabarismos jurídicos; os jornais eram uma dependência das sebentas de Civil, Penal e Administrativo. O debate político, propriamente dito, estava já contaminado por essa linguagem de bacharéis dos romances de Camilo (que Camilo não reproduz, estejam descansados).
João Gonçalves, de qualquer modo, tem razão no essencial do seu post, mesmo que não se concorde com parte da sua substância («o episódio em causa só me interessa na medida em que possa afectar o exercício das funções públicas electivas do chefe do governo»). A desgraça seria total se as questões de natureza essencialmente política, ou ética, se discutissem como matéria jurídica ou com base em linguagem jurídica. Já é suficiente a selva de arguidos, processos, queixas, acusações, recursos, providências, diligências e demais geringonças que invadem as páginas dos jornais. Mas nunca fiar.
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||| Lançamento de As Mulheres do Meu Pai, de José Eduardo Agualusa.















Festa até tarde no solstício de Verão (já passava bastante das duas da manhã quando se iniciou a debandada), na Casa Fernando Pessoa, com o lançamento do novo romance de José Eduardo Agualusa, As Mulheres do Meu Pai (edição Dom Quixote). Nas fotos: 1) no jardim, junto do lago; 2) Carlos Vaz Marques tinha conseguido chegar a um dos balcões de Super Bock Abadia; 3) Bárbara Bulhosa e Jaime Bulhosa, ou Tinta da China e Pó dos Livros (é nome da nova livraria que vai abrir na Av. Marquês de Tomar); 4) Mia Couto e Marília Gabriela (que só saiu mesmo no fim); 5) no jardim, aproveitando a primeira noite de Verão; 6) enquanto isso: José Eduardo Agualusa, que só terminou a sessão de autógrafos à 1h30, e que não deu pela festa.
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20 junho, 2007

||| Vigilância.








O processo de intenções movido a David Pontes pela Câmara do Porto é absurdo e lamentável. Quero assegurar que, no meu país, David Pontes tem o direito de ir à manifestação contra a gestão de Rui Rio para o Rivoli. O direito absoluto. Seja ele ministro, director-adjunto do JN, secretário de Estado, dirigente da DREN, blogger, polícia de giro ou vocalista de uma banda de rock. Não é só David Pontes que tem esse direito. Todos temos. E sem a ameaça de sermos controlados por câmaras de vídeo.
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||| Meditação na Pastelaria.
Ana Cristina Leonardo chegou à blogolândia. Na pastelaria, e citando O'Neil: «Mas uma senhora é uma senhora./ Só vê a malícia quem a tem./ Uma senhora passa/ E ladrar é o seu dever – se tanto for preciso!»
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||| Agualusa na Casa Fernando Pessoa.








Hoje, quarta-feira, 20, na passagem para o Verão, lançamento do novo romance de José Eduardo Agualusa (As Mulheres do Meu Pai) na Casa Fernando Pessoa, a partir das 21h30. Primeiro, a apresentação do livro, propriamente dita; depois, festa africana com Elvis Veiguinha no DjSet, além de projecção das fotografias (de Jordi Burch) da viagem que está na base do livro, de Luanda à Ilha de Moçambique, sempre pela costa.
No jardim da Casa, cervejas brancas, ruivas e pretas, incluindo amostras de N’Gola e de Cuca, acabadinhas de chegar de Luanda.

Entrevista com José Eduardo Agualusa, na Antena Um.
Pré-publicação de As Mulheres do Meu Pai.
Capítulo 1, Parte I ||| Capítulo 1, Parte II ||| Capítulo 2, Parte I
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19 junho, 2007

||| Na mosca.
Sobre a dissidência no Partido Comunista, escreve Tomás Vasques:

«Foram os protagonistas das «dissidências» que mudaram, não o partido. Mudou o seu olhar sobre os mesmos factos, quer no funcionamento interno, quer na apreciação política nacional e internacional. Podiam ter chegado às mesmas conclusões 10 anos antes, 20 ou 30 anos antes. Não chegaram. [...] Contam-nos sempre a história de que o partido se transformou numa «coisa má», quando na verdade nunca houve qualquer transformação.»
Certeiro. Mas, ó Tomás, depois falaremos dos que abandonaram o partido mas passaram a ser estalinistas noutro partido qualquer. E dos puros, da Bayer.
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||| Portugal dos pequeninos.
O João Gonçalves é uma pessoa de rara coragem, coisa que devemos prezar nos amigos e, mais ainda, nos amigos que admiramos e que escrevem bem. Quatro anos de Portugal dos Pequeninos, um blog de leitura diária.
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||| Rushdie.








Salman Rushdie foi feito cavaleiro pela rainha de Inglaterra. Seja lá o que isso for, é bom -- e Rushdie é um bom escritor. O conselho muçulmano local não gostou e chamou-lhe «insulto», enquanto enviava para as ruas os acólitos da ordem, que se encarregaram de queimar livros e bandeiras. Uns cavalheiros do Paquistão não gostaram e acham que se trata de mais uma forma de incentivar o terrorismo; a solução seria retirar a distinção ao escritor para não ofender o Islão. No Irão, um conselho qualquer diz que isto não fica assim e que Rushdie só terá paz quando for assassinado. Como se recordam, já tivemos um ministro que compreendia estas cousas, que não passam de reacções contra a licenciosidade.
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18 junho, 2007

||| Última hora. Otávio Frias Filho.








Na próxima quinta-feira, 21, às 18h30, Otávio Frias Filho, o director do jornal Folha de São Paulo, estará na Casa Fernando Pessoa para falar do seu livro Queda Livre (edição A Palavra), com apresentação de João Pereira Coutinho. Falar-se-á, certamente, do Brasil, de política e da América Latina.
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17 junho, 2007

||| Isto não é «o cantinho do hooligan». É outra coisa.
Antes de mais, o seguinte: esta rapaziada não estava obrigada a ganhar nada. Não houve discursos patrióticos sobre o assunto, nem exigências à partida, nem a fanfarronada do costume. Foram lá e iam jogar. Na verdade, não jogaram grande coisa. Empataram com a Bélgica, perderam com a Holanda e golearam Israel. Parece que Portugal passaria se a Holanda ganhasse à Bélgica; dependeríamos disso; felizmente, não aconteceu.
Não compreendo, no entanto, que neste artigo se utilize duas vezes «conveniente empate» a propósito do resultado do jogo Bélgica-Holanda. Conveniente? Quer o texto insinuar que a Bélgica e a Holanda convieram no resultado para eliminar Portugal?
Eu percebo a lógica: empatámos com os belgas (os tais que não sabem dar um pontapé na bola), perdemos com os holandeses (já se sabe como foi) -- precisávamos, apenas, que os holandeses derrotassem os belgas para que nós passássemos à fase seguinte. Ora bolas. Os belgas não estiveram de acordo e os holandeses deixaram entrar uma bola na baliza aos 70 minutos; são uns aborrecidos.
Ora, eu tenho vergonha desse tipo de insinuações (que também ouvi na rádio, aliás). Conveniente, o resultado? Portugal (que até pode eventualmente, ter melhor futebol do que os belgas) não merecia ir às meias-finais, isso sim. E não foi. Foi muito conveniente que não fosse.
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||| Controle e assinatura por baixo.
Rui Moreira partiu uma parte da loiça a propósito do estudo sobre o novo aeroporto. Controle de estragos em São Bento; só Mário Lino sai mal. E o presidente da República sabia?
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||| Mulher.
Não sei se isto incomoda a Dra. Margarida, mas era bom que soubesse que a asneira não tem sexo.
Tinha-me escapado essa passagem («Não gosto de me vitimizar como mulher, mas nos últimos dias, volta e meia, naquilo que eu tenho lido, vejo claramente uma forma de me atacar que não aconteceria se eu fosse um homem.»), mas o Luís relembrou-a. A Dra. Margarida está a ser injusta; só não é mais atacada porque não existe, verdadeiramente. Uma pessoa que levanta processos disciplinares com base em denúncias por sms não existe. Simplesmente, não existe.
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||| Autorização superior para ir à Régua. (Piada privada, 2)
O Maradona já autorizou este blog a citar este post e mais este, do Besugo. Eu queria ter citado este, lá do blog da Régua, mas ainda não há autorização superior. Os senhores leitores compreendem, evidentemente; e tu, Besugo, não tens mau agente, não.
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||| Cuidado. Alerta amarelo.
Sem qualquer processo de intenções, devemos estar atentos a este caso. Devemos fazer algumas perguntas. Mas, por outro lado, se a ideia era calar o assunto, imagine-se o barulho que não vai levantar-se.
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16 junho, 2007

||| País.
Portugal parece-se de vez em quando com um território sob suspeita mas sem grandes interesses. Sente-se no ar. Os satisfeitos do costume murmuram que não há provas, o que não admira, porque o seu grau de satisfação aproxima-se bastante do hábito de ter razão. Ter razão é um hábito confortável mas fatal.
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||| Strip. [Actualizado.]
É enorme o esforço habitual para atribuir as culpas a Israel. Hoje, a casa de Arafat foi pilhada. De certa maneira, o Hamas acusa Arafat de corrupção póstuma. A pilhagem da casa de Arafat comemorada em Gaza: uma imagem inesperada patrocinada pelo Islão. Ontem (em 1948) como hoje, servem-se dos palestinianos para atacar Israel. Eles nunca foram importantes.

Escreve o Luís Carmelo: «Nos próximos dias, vão aparecer textos 'compreensivos' para com o fascismo do Hamas. Não apoiarão a barbárie, claro. Mas compreenderão o fenómeno. Este tipo de compreensão permite salvar a consciência (lesada pela imagem de um paraíso perdido à semelhança da Índia de Colombo) e expiar os males de uma visão algo patológica do mundo. Aliás, em concordância, a culpa será sempre, em todos os casos, projectada sobre Israel. Sobre isso, geralmente, não há nada a fazer.» Texto integral aqui.
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||| Gaza.
Tiago Barbosa Ribeiro sobre as coisas possíveis em Gaza.
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||| O cantinho do hooligan. A esperança renasce.
João Cândido da Silva, como grande benfiquista, explica por que razão Joe Berardo é fundamental para o Benfica.
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||| Piada privada.
O Maradona chama a atenção para o novo post do Besugo.
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||| Coisas aparentemente ilegais.
Sobre estas coisas, Jorge, não devias falar apenas de «interesse poético». É toda uma epistemologia. E geral.
Lembro-te, aliás, alguns aspectos do problema.
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||| DREN.
Depois de saber que a senhora da DREN tem «tudo o que tem saído na comunicação social, nos blogues, ofícios, em tomadas de posição, em artigos de opinião...», tremo de medo. Ela, que toma conhecimento das denúncias através de sms, como confessa, assusta qualquer um. Não por dar aquele género de entrevista. Mas, simplesmente, por ser possível.
Levanta o dedo, levanta.
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15 junho, 2007

||| Agualusa e outras coisas na rádio.










Para quem perdeu, anteontem, a entrevista de José Eduardo Agualusa no «Escrita em Dia» da Antena Um, acerca de As Mulheres do Meu Pai (edição Dom Quixote), aqui está o som integral (versão para Wma). Como bónus, pelo meio há três curiosíssimas canções do soul angolano dos anos setenta: «Chofer de Praça», de Luiz Visconde, «Kiá Lumingo», de Urbano de Castro, e «Mona ku Jimbe Manheno», de David Zé (um dos fuzilados durante o 27 de Maio). O lançamento do livro é no dia 20, na Casa Fernando Pessoa, às 21h30 – e tem música (dj set de Elvis Veiguinha), cerveja (além das várias Super Bock, algumas amostras de Cuca e N'Gola) e noite até tarde. [Ouvir em wma, mp3 e realplayer.]

Também em arquivo, as entrevistas com Alfredo Saramago (125 Vinhos. A Escolha de Alferdo Saramago, edição Assírio & Alvim) e com Baptista-Bastos (As Bicicletas de Setembro, edição Asa). Por curiosidade, revisite-se a entrevista com Rosado Fernandes, o autor de Memórias de Um Rústico Erudito (edição Cotovia).

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14 junho, 2007

||| La Guaira.
Deviam conhecer La Guaira, o principal porto venezuelano. A bem dizer, na zona das praias, refúgio de fim-de-semana para quem vem de Caracas. Há muitos anos, La Guaira era, também, o principal ponto de entrada de emigração. Um dos emigrantes que conheci, o Sr. Segismundo, veio dos Açores, de Ponta Delgada, nesses anos longínquos, creio que numa das derradeiras viagens do Santa Maria. É um homem bom e divertido. E imagino-o, micaelense (ainda hoje conserva o sotaque admirável), enfrentando os trópicos em La Guaira vestido como se estivesse no Inverno europeu, de sobretudo, ainda mal refeito dos dias passados no navio; fosse como fosse, era preciso encontrar trabalho. Ao fim de um dia em La Guaira, visitando as tabernas, cumprimentando os portugueses que ia encontrando, despedindo-se dos que regressavam, Segismundo (que mais tarde seria aquilo que nós chamamos «um próspero comerciante»), fez o seu primeiro negócio na Venezuela: vendeu o sobretudo. Recomeçou a vida.
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||| Al Berto em Coimbra, 1992.













A não perder, esta gravação de Al Berto, a 17 de Janeiro de 1992, durante «uma noite de poesia nas instalações do bar da Associação dos estudantes» (disponibilizada no blog da Frenesi). São dezasseis minutos: «Os estudantes já então preferiam música pimba, anedotas porcas, cerveja a rodos e praxar as colegas... A poesia saiu vaiada.» A fúria de Al Berto diante dos energúmenos que preferiam Quim Barreiros de capa e batina. Ai Coimbra.

Para ouvir, clicar. Pode fazer-se download.


Adenda: Escreve o Miguel Direito, por mail: «Escrevo porque estive no "local do crime", em 1992, no café D. Dinis, em Coimbra. O que lá se passou foi uma vergonha, ainda que previsível. É verdade que alguns (terei vergonha de dizer vários!?) pós-adolescentes alcoolizados vaiaram o Al Berto, mas, se bem me recordo, a maioria até estava lá para o ouvir e fruir o raro momento. O facto de metade das pessoas se encontrar no local por causa do Al Berto mas de a situação ter descambado por causa de cerca de 1/4 dos presentes não desculpa estes últimos e não deixa de ser representativo do tipo de "jovens letrados" que o pais anda a criar. Por outro lado, tudo isto pode ser um sintoma da democratização do ensino, pois se os filhos de todo o "bom povo Português" têm acesso ao ensino, não é de esperar que chegados a "Coimbra" se tornem e actuem, por artes mágicas, como uma elite cultural ou arautos de civismo. Mas qual será a alternativa a curto prazo? Mas, de facto, tenho que concordar com a ideia geral de que Coimbra mantêm o pior do elitismo provinciano e praxista e adquiriu o pior da galopante falta de civismo e cultura dos jovens estudantes. Contra mim falo, que por lá andei de 89 a 94, em Direito.»

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||| Al Berto na Casa Fernando Pessoa.










Na Casa Fernando Pessoa, até dia 19, uma pequena mostra bibliográfica de Al Berto, que inclui materiais cedidos pelo Centro Cultural Emmerico Nunes, de Sines -- entre eles, trabalhos gráficos do poeta. Pode também rever o vídeo da última entrevista de Al Berto na televisão, ao programa «Escrita em Dia», então na SIC.
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||| Propostas alternativas.
Caro José Medeiros Ferreira: quando V., que preza a liberdade e foi obrigado ao exílio, fala de «elementos discutíveis das propostas alternativas que emergem na América Latina», a propósito da Venezuela, está a referir-se a escutas telefónicas indiscriminadas, perseguição a opositores, encerramento compulsivo de estações de televisão, incitamento à inscrição obrigatória no partido do governo para obtenção de regalias (quem não está inscrito não está na fila...), delapidação do património do Estado, sessões contínuas de propaganda na televisão (uma média de, digamos, quatro horas diárias), incitamento público à ocupação de casas e bairros, oficiais cubanos a dirigir a polícia e as forças de segurança, ou há alguma cousa que me escapa? Ou, a propósito de Bolívar, acha o José que «a herança» do caudilho é propriedade de Chávez e que antes de Chávez não havia Bolívar? Ou que o facto de Chávez achar que o fundador Francisco de Miranda é um inimigo da pátria, não tem a ver com a intenção de regressar à Grande Colômbia?
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13 junho, 2007

||| Dez anos sem Al Berto.











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12 junho, 2007

||| Controle.
Junto a uma fila para inscrição no PSUV, o partido chavista, na Plaza Bolívar, em Caracas. Uma instalação sonora debita um discurso de horas contra os fora da lei, os estudantes «que não respeitam os símbolos pátrios». E o cartaz: «Es prohibido subirse o apoyarse en el pedestal ecuestre del padre de la patria.»
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||| Aeroportos.
Mário Soares diz que não vai aos EUA por causa do controle exagerado das fronteiras. Não dei por isso. Pelo contrário, na Venezuela, até chegar à porta de embarque os militares abriram a minha mala duas vezes; desde que entreguei o cartão de embarque e até chegar à porta do avião, a mala foi revistada por três vezes. E as perguntas no controle de passaporte, à chegada.
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||| Venezuela. Surpresas.
1. Alguns excelentes cronistas na imprensa (jornais El Universal e El Nacional).
2. Revelação de um pintor desconhecido da primeira metade do século XX, Armando Reverón (em exibição no Museo de Bellas Artes). Fantástico, prodígio de luz. «La verdad es la verdad; pero la luz ciega, vuelve loco, atormenta, porque uno no puede ver la luz.»
3. Os restaurantes de portugueses em Caracas (mais do que os restaurantes portugueses propriamente ditos): comida portuguesa, italiana, francesa, venezuelana, etc. Muito bons; alguns de alta cozinha. Não só: padarias magníficas de portugueses (algumas já se instalaram em Portugal, recentemente).
4. A obra inacabada: uma Última Ceia, de Arturo Michelena, na Capilla de Nuestra Señora del Pilar, na catedral de Caracas, na Plaza Bolívar.
5. As recordações de programas da RCTV, como o «Radio Rochela», de humor, que esteve 48 anos ininterruptos no ar. Hoje fazem-no na rua, ao vivo, com o público a rir na mesma. O programa foi criado por um argentino e um dos quadros mais famosos brincava com os portugueses -- o personagem principal era um português, dono de uma mercearia, que perseguia as clientes com propostas de natureza sexual; quando tinha intervalos nos seus jogos com as clientes, dedicava-se à mulher. E chamava-a: «Fáááátimaaa...» E desciam para a cave. Durante anos, todas as Fátimas portuguesas tiveram o seu purgatório.
6. Um livro magnífico: Del Buen Selvage al Buen Revolucionário, de Carlos Rangel. Por que é que os europeus gostam dos revolucionários latino-americanos? Rangel suicidou-se em 1988, mas o livro permanece actualíssimo.
7. As manifestações dos estudantes de Caracas, pela liberdade de expressão e sob os ataques de Chávez, que lhes chama bonecos do imperialismo.
8. Vários portugueses que conheci. Histórias deslumbrantes de aventuras da emigração. Coleccionei histórias belíssimas.
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||| Venezuela.
Uns dias na Venezuela, Caracas. Manifestações, propaganda, controle exagerado nas ruas e intimidação nos aeroportos. Quando voltei, havia muita gente indignada com as declarações de Mário Soares sobre Chávez. Não percebo porquê. Tudo se encaixa, nada surpreende.
Haverá relatos & impressões de viagem por estes dias, mas, para já, o essencial.
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08 junho, 2007

||| Esperem pela pancadinha.
Lula defende encerramento da RCTV na Venezuela. O Estado dá, o Estado tira (extracto da entrevista).
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||| Feira.
A imagem é feliz: uma família inteira na Feira do Livro, percorrendo os stands. Soyez sages, comme dans les images. O J., que passou ontem à minha frente nessas condições («um livro para cada um»), relembrou essa harmonia difícil. Envio-lhe um abraço.
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|||Meshugga Beach Party, jewish surf music.
A última coisa estapafúrdia, os Meshugga Beach Party.



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||| Zink Mateus.









O blog do Rui Zink alterou o grafismo; trabalho do Fernando Mateus.
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||| Revista de blogs. O que morre, o que não morre.
«As pessoas morrem, os blogues não. Posto isto, que urgia sublinhar, trato de outro assunto: uma pessoa especialmente estúpida descuidou-se há dias na revelação de que confunde os espirituosos com os espirituais, acepção new age. [...] Por isso as pessoas tendem a ser espirituais: porque morrem. E por isso os blogues são antes espirituosos que espirituais: porque não morrem.»
{Harpo, no Deus me livre!}
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07 junho, 2007

||| Revista de blogs. Édipo.
«Onde discorro sobre a importância exagerada que os católicos atribuem à mãezinha. Nós, os protestantes, somos umbilicalmente emancipados.»
{Tiago Cavaco, no Voz do Deserto}
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||| Revista de blogs. Esquerda, direita.
«“É duro ser de esquerda, sobretudo quando não se é de direita”, disse Bernard Kouchner. Comigo tem sido ao contrário: é duro ser de direita, sobretudo quando não se é de esquerda.»
{Pedro Lomba, no Vício de Forma}
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||| Revista de blogs. Ortografia.
«O Francisco José Viegas não tem jeitinho nenhum para dar erros ortográficos. O exercicio está feito com tão pouca arte que chega a ser patético. Tanto a escolha das palavras como a própria selecção dos erros é tão disparatada ao ponto de envergonhar a pessoa de bem. Preferia que o Francisco me tivesse contactado antes de pôr cá para fora trabalho tão mediocre.»
{Maradona, no A Causa Foi Modificada}
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||| Revista de blogs. Polémica na blogosfera.
«No fundo, nesta polémica, acho que é giro ser da elite e habitar na estratosfera.»
{Luís Naves, no Corta-Fitas}

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||| Feira.






Feira do Livro de Lisboa, 17h00, stand da Asa Editores como de costume.

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||| Ghost writers, o negócio.
Dei com uma empresa que tem este lema: «Os melhores ghost writers que você pode encontrar estão na Escribas.» E informa: «Escrevemos seu livro, discurso ou qualquer texto a partir de sua narrativa e você mesmo o assina, sem a necessidade de citação do trabalho de Escribas como co-autores.» Outras empresas do ramo podem encontrar-se aqui, aqui, aqui (já com tabelas de preços) ou aqui.
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||| Teoria literária. O que é um autor?
O novíssimo-a-vir Código de Processo Penal diz que as denúncias anónimas deixam de dar origem à abertura de inquéritos. Imaginemos, então, um livro onde se fazem acusações ou denúncias. Não são anónimas. Mas, conhecendo nós séculos de literatura e de história da edição, há ghost writers eficazes e competentes que podem transformar denúncias anónimas em denúncias apócrifas. O que é um autor de denúncias?
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06 junho, 2007

||| Distracções genéricas.













Recolha de alguns textos do Aviz e do A Origem das Espécies. Hoje, com a Sábado.
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||| Eu, frívolo.
O site do Jornal do Brasil anunciava fotos de Gisele Bündchen em 3D (durante o Fashion Rio) e, naturalmente, achei simpático. Do ponto de vista tecnológico.
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||| O cantinho do hooligan. Assim também eu.
«Parece que é normal na nossa Selecção, em alguns jogos em que somos infinitamente superiores em termos de nomes, acontecer um ou outro deslize. Esse tipo de deslize não me preocupa nada, volto para casa muito feliz porque o que pedi a Deus ele me deu, que foi a vitória na Bélgica. O resto é um passeio», diz Scolari.
Antes que comecem a a chegar as críticas do costume, devo dizer o seguinte: ele tem razão; perder com o Kuwait não tem importância nenhuma; aquilo foi um passeio para rever o deserto; os jogadores não se portaram como uma manada de bovinos; os falhanços de golo, com a baliza mesmo ali, não devem ser lembrados; aquele quase segundo golo do Kuwait, ao minuto noventa, até poderia ter acontecido que não vinha daí mal ao mundo; quem não salta é mau português; os jogadores só iam divertir-se e aproveitaram para divertir o pessoal do Kuwait.
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||| Denúncia.
O centrão aposta na judicialização da política porque tem muitos suplentes nas suas listas. Mas não posso provar nada, evidentemente.
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||| Berlim e cerveja.
Em vez de GPS, há blogs. Por exemplo, o Carlos foi a Berlim e descobriu a Aecht Schlenkerla Rauchbier.
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||| O antigo Ivan.
E este já voltou da Índia, e os livros chegaram.
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||| O céu no Rio.
Este cidadão, que tão bem fala de livros, emigrou temporariamente e partiu do céu de Lisboa para o céu do Rio de Janeiro. E espalha, pela net, o saudável vírus da inveja.
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||| Da Ota para onde?
A opinião de um dos viajantes permanentes sobre «o aeroporto do futuro»: «Levar as pessoas de Lisboa para a OTA é a parte fácil. Levá-las da OTA para algum lado e de volta para lá, será, digo eu, bem mais complicado.»
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||| Navalha.
Como malevolamente escrevi na altura, «Lula foi reeleito, tenho matéria para mais quatro anos». Começou a Operação Navalha propriamente dita. Segue para bingo. Sem ofensa. Mas causa impressão que durante o mensalão Lula não soubesse de nada, como agora garante que não sabe. De facto, já é traição a mais. Mesmo quando o secretário financeiro da campanha de Lula é preso.
Claro que a detenção do irmão de Lula é controversa, mesmo que se comfirmem as suspeitas do emaranhado de Diadema (sobre a suspeita: por que razão não foi ele detido em 2005, durante o mensalão quando já havia sinais de tráfico de influência?).
Sei que o leitor é paciente e que acha isso um tanto confuso. Mas aguardemos. O festival vai recomeçar.
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05 junho, 2007

||| Via socializante, assim é que era.
Luís Paixão Martins recorda, no seu blog, uma história da via socializante: quando a assembleia geral do Sindicato dos Jornalistas «deliberou que fossem tornados públicos os ordenados de todos os jornalistas portugueses» e, a 10 de Janeiro de 1976, o Diário Popular divulgou os da redacção do Jornal Novo.
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||| DREN.
Seria um absurdo se a responsável da DREN não fosse reconduzida no seu cargo. Foi reconduzida. O despacho tem a data de 8 de Maio, anterior à polémica. Mesmo assim, seria absurdo que não fosse reconduzida. Seria um reconhecimento.
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||| O cantinho do hooligan. As boas notícias de hoje.
Saleh Mahdi, Nawaf Mansour, Ahmad Eidan, Muhamed Bureiki, Majid Mostafa, Aziz Al Ali, Jarah Rashed, Saleh Bureiki, Ahmad Ajab, Fawaz Mutairi, Khaled Shemeri, Aziz Al Amar, Saud Swayed, Hamad Harbi, Fahad Heneidi, Bashar Abdullah, Faraj Laheed, Sulman Al Shakire. Felicidades.
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||| O cantinho do hooligan. As boas notícias de ontem.
Só boas notícias de ontem: «The Portuguese are in excellent form and expect to canter home in the friendly against Kuwait Tuesday, said a member of the Portuguese contingent that arrived in Kuwait Monday», escrevia o Arab Times.
Esta peça do Al-Watan também era boa, era. Basta ver a imagem.
O Al Qabas elogiava a selecção nacional de Portugal. Basta ver a imagem, também.

Outros títulos da imprensa:
«Scolari: Neste momento, a selecção portuguesa é uma atracção no Mundo. Gostaria que as pessoas entendessem isso
«Quaresma: Queremos mostrar o nosso valor»
«Scolari: Hoje Portugal tem um grupo muito bom
«Scolari: Temos tido grandes resultados. Esta selecção tem muitos craques
«Deco: Um dia de festa para a população local e um jogo com pouca intensidade, mas sempre de grande responsabilidade.»
«Acontece que a FPF só tem razões para estar satisfeita com os internacionais, por isso não se compreende tão severo castigo. [...] Aqui não se trata de prestigiar o país, pois jogar com uma equipa local do Kuwait se não envergonha está ali no limite
«Quando amanhã Portugal defrontar o Koweit encontrará uma equipa formada apenas por jogadores do Al-Salmiyah
«Quaresma: Este vai ser um jogo para nos divertimos.»

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||| O problema da natalidade.
O Estado gosta muito da natalidade dos seus cidadãos, exercitando-se em teorias sobre a fraca taxa de reprodução do povo, quase sempre em jeito de queixinhas. Que as pessoas já não querem famílias numerosas (fazem elas bem), que não estamos a olhar bem para o problema da taxa de natalidade europeia, que precisamos -- enfim -- de mais filhos gerais para equilibrar a previdência, as contas do Estado, o que vai por aí fora. Depois, o argumento moral, que não falha: os europeus não se reproduzem e daqui a umas décadas desaparecem. Portanto, resumindo, o que o Estado quer é que os cidadãos se «sacrifiquem» em seu nome, para reequilibrar as contas. Dito assim, parece uma cousa fracturante, do género «toca a reproduzir».
Há tempos, o governo ensaiou uma forma de discriminação negativa das famílias pouco numerosas ou dos celibatários. A coisa ficou por aí, no capítulo dos ensaios. O presidente da República voltou a falar do assunto recentemente, insistindo «no problema». Ora, «o problema» é que a vida está como está, e ninguém de cabeça a funcionar com o mínimo de neurónios aceitáveis quer pensar nas suas obrigações reprodutivas em nome do Estado. O Estado que tenha filhos onde quiser, mas não aborreça as pessoas.

PS - Há o método islandês, claro: um dia da semana sem televisão destinado à fisiologia reprodutiva. Coisa de outros tempos.

Ver post de Jorge Marmelo: «E depois vem o argumento, que ainda há dias ouvi: “Qualquer dia acabam-se os portugueses”. E depois? Vem daí grande mal ao mundo? Não. [...] Calhando, o problema das contas do Estado português até fica resolvido no dia em que acabarem os portugueses.»

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||| O cantinho de hooligan. Besugo na concorrência.
Um dos melhores posts sobre o defeso e os jogadores que vão & vêm. Escrito por um sportinguista.
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||| Puros, puríssimos.
Legislar, legislar sempre. É evidente que, sobre este assunto (o da proposta de alteração à Lei da Tutela Administrativa) há sempre a tentação de fazer justiça imediata. Mas vale a pena ler o editorial de hoje do Público, assinado por Manuel Carvalho. O essencial foi reproduzido pelo Tomás.
Convém dizer, no entanto, que a proposta de Eduardo Cabrita, o secretário de Estado, não é uma inovação tão chocante como isso. Na verdade, a proposta é do PSD e já tinha sido aprovada pelo Parlamento. Legislar, legislar.

Ver também editorial do JN, de José Leite Pereira.
Ver a opinião de José Medeiros Ferreira.
Com certeza. O Procurador-Geral fala de «arguidos inocentes».

Ver, abaixo, Arguidos, acusados, suspeitos; logo, culpados.

Ver, também, Elevador da Bica, Blasfémias (também aqui e aqui).
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||| BD.
Os super-homens e super-mulheres muçulmanos onde também há portugueses. Banda desenhada do outro lado.
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||| Aeroporto.
Continuo sem ser otista ou poceirista. Mas ontem, durante o Prós e Contras, não pude deixar de sorrir ao ouvir coisas como «a porta de entrada, na Europa, para a América do Sul e do Norte». Viajando muito de lá para cá, confirmo que somos uma porta de entrada, sim. Mas, cada vez mais frequentemente, apenas uma porta de entrada.
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04 junho, 2007

||| Sobre os erros ortográficos.













Sobre este e outros posts, comentários por email:

Luís Varela: «Desconfio que as doutas cabeças do M.E. deverão ter descoberto isto: perante um texto sem erros ortográficos, será mais difícil descortinar os erros de interpretação! Terei descoberto a razão para tanto dislate?»

L.: «Eu não sei nada, eu só sei que os ingleses já há muito dividem a literacia entre: read, write, listen, e speak. Nos testes de inglês para cientistas estrangeiros (tip IELTS test) aparecem estes 4 tipos de testes, os gajos não misturam escrever com ler! Falar espanhol é fácil, mas já não é qualquer um que o sabe escrever bem! Os gajos, normalmente, não exigem um nível de inglês muito alto, para cientistas, parece que preferem gajos com um inglês mínimo e umas matemáticas máximas, do que o contrário! E já dizia o conhecido Snow no The Two Cultures que há muitos cientistas, das ciências puras, que nunca leram um romance, e até parece que isso é verdade! Se calhar estes pedagogos até estão a adoptar métodos melhores e mais modernos e o pessoal está aqui a mandar bocas sem saber muito bem do assunto, a mandar umas bocas das suas experiências pessoais, mas sem base em qualquer estudo. Seria bom fazer umas pesquisas para saber o que é que o pessoal que sabe do assunto já concluiu sobre a correlação entre o bem falar, o bem escrever, o bem falar, e o bem compreender. Vê lá se passas a falar com conhecimento de causa, porque é uma vergonha que um dos maiores intelectuais e cronistas portugueses fale assim à toa!»

Sofia Carneiro: «Acho, sobretudo, como refere no artigo, que é uma falta de respeito pelo trabalho dos professores. Os pedagogos do ministério ignoram esse trabalho, muitas vezes abnegado demais, sempre a remar contra a corrente. A corrente actual é a de dar erros ortográficos e de desculpabilizar todo o género de criatividade das criancinhas. Mais tarde, quando nos defrontarmos com os problemas que arrasaram com a França, por exemplo (onde até Jack Lang, diante do descalabro, propunha a adopção da gramática tradicional), veremos que é mau copiar o que eles fizeram de mal. A febre de inovar, adoptando experiências (que, em geral, deram maus resultados), apenas mostra que esses técnicos de pedagogia têm medo de si próprios, não existem sem modelos pré-fabricados. É uma pena.»
[FJV]

||| Ortografia. Hortografia.
O delírio da semana, com ortografia apropriada (no JN):

«Como foi eisplicado, havia patamares: no primeiro deles, intereçava ver se os alunos comprendiam e interpetavam corretamente um teisto que lhes era fornessido. Portantos, na correção dessa parte da prova, não eram tidos em conta os erros hortográficos, os sinais gráficos e quaisqueres outros erros de português excrito. Valorisando a competenssia interpetativa na primeira parte, entendiasse que uma ipotetica competenssia hortográfica seria depois avaliada, quando fosse pedido ao aluno que escrevê-se uma compozição. Aí sim, os erros hortográficos seriam, digamos, contabilisados - embora, como se sabe, os alunos não sejam penalisados: á horas pra tudo, quer o Menistério dizer; nos primeiros cinco minutos, trata-se de interpetar; nos quinze minutos finais, trata-se da hortografia.»
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||| Galiza.
Paulo Bandeira Faria, o autor de As Sete Estradinhas de Catete (edição Quid Novi), romance passado em Angola entre 1971 e 1974, é professor em Valença, no Minho português. Vive em Vigo, na Galiza. Todos os dias atravessa a fronteira para ser emigrante ao contrário. Os filhos, esses, estudam em Espanha.
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||| Arguidos, acusados, suspeitos; logo, culpados. [Actualizado]
É bem feito. Para todos, aliás. A partir de agora, para eliminar um autarca, por exemplo, não é preciso ele ser considerado culpado de nada, ou ser condenado. Basta ter um nome nos tribunais. Portugal livre de mácula, como deve ser, imaculada e quimicamente puro. Quem não quer viver num país destes onde cada lei se faz para cada caso?
Um regime excepcional destes deveria ser também aplicado a que titulares de cargos públicos não sujeitos a escrutínio público?

Ver, acima, o post Puros, Puríssimos.
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||| O que é bom é bom.
A esquerda é sempre boa; quando a esquerda não é boa, já não é esquerda porque tudo o que é bom é de esquerda. Mesmo se uma pessoa é de esquerda, não deve duvidar deste princípio. Por exemplo, Filipe Nunes Vicente fala sobre o Bloco Negro e os pruridos em dizer que se trata de um grupo de esquerda. A coisa podia ter sido resolvida com simplicidade (do género, «a extrema-esquerda não tem a ver com a esquerda» ou «a esquerda não tem a ver com a extrema-esquerda»), mas não. É preciso defender a pureza até ao fim.
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||| Arturo Pérez-Reverte.










A Rita recomenda e eu acrescento o link: Pérez-Reverte termina com «hace falta ser gilipollas». Notável.
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||| Interesse.
Uma das coisas que se aprende rapidamente em diplomacia e em relações internacionais é o significado da palavra «interesse». Admito, por isso, um certo «tom morigerado» do ponto de vista oficial, quando se trata das nossas relações com a Venezuela; se o que está em causa são «os nossos interesses», admito que os governantes se não coloquem a jeito e deixem «o trabalho ideológico» para outros, reservando para si aquilo que é da sua estrita competência. É das normas e dos livros; e compreensível. Mas não percebo a necessidade de um secretário das Comunidades aparecer a abençoar o governo venezuelano ou a declarar paixão pelas suas políticas.

Ver também Tomás Vasques. E, entretanto, ler o post da Cristina Vieira.

Veja-se o caso de Lula. Depois de Chávez insultar o congresso brasileiro, o embaixador venezuelano foi chamado ao Itamaraty; agora, Lula vem dizer que tem interesses na Venezuela e que Chávez e os EUA não são inimigos do Brasil. É o mercado ideológico a funcionar.

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||| Nada de blog.
Praia a sério. Sábado sem vento; só com ventinho. Mar azul, como nas fotografias. Águas e ondas geladas, como na costa atlântica a sério – mas, depois de entrar, os ossos agradecem. Domingo com mais vento, saboroso, a empurrar vagas de calor. Na esplanada, encontro com amigos da blogosfera liberal & democrática & melancólica. Crianças esgotadas, areia colada à pele, a restinga entre mar e rio. Nada de blog.
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02 junho, 2007

||| RCTV, Caracas, 2.
Através de El Observador, acesso à emissão online da RCTV. Há cerca de 40 vídeos da RCTV disponíveis e produzidos já depois do encerramento da estação.
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||| RCTV, Caracas.
Aqui, a RCTV continua.
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01 junho, 2007

||| Chávez irritado com o irmão Lula.
Coitado do Lula que bem tentou mas não sabia do que a casa gastava. Lá se vai o internacionalismo que não depende do petróleo bolivariano. Só falta o Evo.
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||| Somos ligeiramente escravos da insónia.













Esta semana, já impresso. A Noite, o que é?
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||| Algumas distracções. Textos do Aviz e do A Origem das Espécies.













Na próxima semana, com a Sábado.
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