||| Dossiers anónimos.
Como se sabe, um dossier «anónimo» é um dossier a que falta assinatura ou a que apagaram a assinatura. Por exemplo: alguém pode elaborar um dossier «anónimo» e, para lhe dar credibilidade (imagine-se!), é necessário retirar-lhe a assinatura; se a tivesse, ninguém ligaria. Mas as autoridades fizeram-lhe a vontade.
Agora, apareceu um novo dossier «anónimo». As autoridades, postas diante da evidência, têm de apreciá-lo, porque não é possível desprezar um dossier «anónimo» e apaparicar o outro. Há, como se sabe, uma ética do tratamento do dossiers «anónimos»; faz parte da originalidade portuguesa. Procuradores, polícias, investigadores anónimos, em vez de chamarem o pessoal do CSI de Las Vegas, para encontrarem impressões digitais, manchas de uísque, pingos de sardinha, sentam-se tranquilamente nos seus gabinetes (vá lá, é uma imagem literária), ajeitam os óculos, empilham uma série de blocos para apontamentos ao lado de uma dúzia de lápis afiados, e iniciam a leitura. Não contribuem em nada para a sua ilustração. Mas fazem a vontade aos autores dos dossiers «anónimos». É uma alegria. Vou pensar em escrever um dossier anónimo. Está na moda. Convido-vos à escrita.
[FJV]
Etiquetas: Conspiração, Onde está a polícia quando precisamos dela?, Pátria Querida
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