27 fevereiro, 2007

||| Dedos.








Primeiro aniversário de Foram-se os Anéis / Os Dedos, de José Nunes.
P.S. - A TLEBS ainda se ressente.

26 fevereiro, 2007

||| Oscar.










Martin Scorsese. Cinema.

25 fevereiro, 2007

||| Notas do outro lado,1.













1. Washington debaixo de neve fica ainda mais interessante. Falo por Georgetown, claro. O nevão amplificou o silêncio da manhã de domingo. Tudo é pretexto para regressar à Barnes & Noble. Ontem à noite, o The Little Book of Plagiarism, de Richard A. Posner, a nova edição do guia de cervejas de Michael Jackson (são quinhentas!) e, por recomendação do Nuno Mota Pinto, Guns, Germs and Steel. The Fates of Human Societies, de Jared Diamond, uma leitura fantástica. Levo já a meio, lido e dobrado entre papéis, o The Conservative Soul, de Andrew Sullivan. Hoje foram revistas, as habituais. Um saco de livros no meio da neve.
2. Brunch no Peacock Cafe depois de um mini-corona fumado no meio da rua, a ver cair a neve dos beirais. Os americanos falam muito alto, o que, às vezes, é saudável. Mesmo enquanto lêem o jornal ao balcão, são barulhentos. Ementa saudável e recomendada pelos dietistas de todas as religiões e tendências médicas: calamares com molho picante e, depois, corned beef hash com ovos escalfados em molho holandês; para beber, água e Black Label. E um café expresso notável, muito bom, um ristretto perfeito. Depois, voltar à rua para fumar e andar entre gente que faz o mesmo.
3. As lojas de tabaco são lugares muito confortáveis rodeadas de um mundo hostil. Há alguns anos tinha estado nesta mesma loja de charutos – continua confortável. Compro dois Partagas churchill, maduros (dominicanos, claro), dois robustos e um small black robusto (sou adepto da tradição da Connecticut leaf). As pessoas que entram têm um ar saudável e parecem preparadas para um bom charuto de domingo.
4. Na melhor loja gourmet de Washington, a libra de queijo da Serra amanteigado custa 36 dólares. E os sabonetes de banho Ach. Britto custam $16,92; os mais pequenos «apenas» $6,92. É o sucesso português fora de portas; são os mais caros de toda a loja. Parece que Madonna usa os produtos Ach. Britto. Imagino-a a espremer a bisnaga de creme de barbear Musgo Real.
5. Caminhada do centro até ao campus da universidade. Um rapaz, em calções, esfrega neve pelas pernas; deve ser uma cerimónia ritual.

||| Urgências.
1. O problema das urgências não é o plano de encerramento de algumas delas -- se bem que eu recomendasse a certas pessoas que fossem percorrer a estrada Montalegre-Vila Real depois das 10 da noite, deitados numa maca, ou a de Vinhais-Bragança a qualquer hora do dia. As declarações do ministro é que são sempre inábeis. Sobre a arrogância, tem direito a ela, evidentemente. Mas há uma coisa imperdoável: fazer humor sem ter jeitinho nenhum. Esta piada sobre Marques Mendes como eterno líder da oposição lembra o embaraço geral quando alguém quer armar-se em engraçadinho. Ora, o ministro Campos não tem graça nenhuma.

2. O problema das urgências não é o plano de encerramento de algumas delas; é a via sacra dos acordos que agora vão estabelecer-se. Depois de o ministro ter dito o que disse das manifestações e dos autarcas do PSD e do PS, os acordos vão ser bonitos de sinalizar.

||| O cantinho do hooligan. Isto é.







Do outro lado do mar, não vi o jogo, que terminou bem, mas ouvi o essencial pela rádio. É um grande aborrecimento para estes senhores que fazem a festa todos os dias; aliás, durante a semana, vários comentadores sonharam com o desaire do FC Porto.

É claro que o Beira-Mar é o Beira-Mar, mas este resultado lembra-me outros 5-0, aquele em que Artur, aos 3 minutos, marcou o primeiro, Edmilsson marcou o segundo aos 42m, Jorge Costa marcou o terceiro a abrir a segunda parte, Wetl marcou o quarto aos 12m, e Drulovic fechou a conta mais tarde.

||| Com restos de neve.
Num restaurante libanês em Washington, uma cimeira entre o Origem das Espécies e um dos «velhos lobos» do Mar Salgado (NMP). Depois de uma passagem nocturna pela Barnes & Noble, evidentemente.

23 fevereiro, 2007

||| Ingrid Betancourt, 7 anos.









Sete anos de cativeiro de Ingrid Betancourt, raptada pelas FARC na Colômbia.
Como lembra o Jorge Ferreira, é preciso lembrar mesmo quando não há Festa do Avante.

||| Revista de blogs. Assistência.
«Há mulheres que gostam de ter prazer sozinhas. Eu prefiro ter alguém a assistir.»
{No 3 de 30.}

|||Teoria política para os tempos (de intriga) que correm.
Pior do que ser pequenino e bailarino, é dizer-se que nem sabe dançar.

||| Luís Carmelo.
Já está online a entrevista do Escrita em Dia com Luís Carmelo (link para wmp) Mais uma porta para Rute Monteiro.

(Links para versões mp3 e realaudio)

22 fevereiro, 2007


||| O que é feito dos suplementos literários?











Está neste momento a decorrer (sala ao lado, Casa Fernando Pessoa) o habitual debate mensal Livros em Desassossego, coordenado por Carlos Vaz Marques, hoje dedicado ao tema «O que é feito dos suplementos literários?», com Helena Vasconcelos (responsável pela revista electrónica Storm), Inês Pedrosa (escritora e jornalista), Torcato Sepúlveda (jornalista da revista NS, suplemento de sábado do Diário de Notícias), Guilhermina Gomes (editora nas casas Bertrand/Quetzal/Círculo de Leitores/Temas e Debates) e a escritora Lídia Jorge (que apresentou o seu novo romance Combateremos a Sombra, a publicar em Março pela D. Quixote). Sala cheia. Informação online.

||| Um referendo com resultados interessantes.










O «Inquérito aos estudantes da Universidade de Coimbra: consumos culturais, participação associativa e orientações perante a vida», realizado por Elíseo Estanque e Rui Bebiano.

Comentário de Rui Bebiano
, no seu blog: «Cerca de 18,3% dos inquiridos revelou jamais ler livros. Destes, 7,3% pertencem às Artes e Letras, 10,9% ao Direito e 13% às Ciências Sociais, áreas que estão num dos extremos da escala. No outro, quase 48% de Desporto e 40% dos alunos das diversas Engenharias afirmaram jamais pegarem em tais objectos. Do conjunto, para cada rapariga que declarou não ler livros, existem três rapazes que nunca o fazem. Partindo do princípio - não provado, mas que me parece admissível - de acordo com o qual muitos dos inquiridos terão, por pudor ou incerteza, entendido que raramente lêem quando de facto nunca lêem, os valores reais poderão ser ainda mais desoladores.»

Comentário de Luís Mourão, no seu blog: «A questão é: se os universitários não lêem, quem lê? É que me parece razoável dizer-se que hoje se lê mais, embora me pareça também razoável dizer-se que não se lê na mesma proporção em que se edita entre nós. Este "razoável" é enganador? A outra questão é: se os jovens urbanos até aos trinta anos votam maioritariamente à esquerda e apoiam as causas ditas fracturantes, onde aprenderam eles isso? Haverá já questões de sociedade e cultura que prescindem dos livros e mesmo de um tratamento mais profundo dos jornais? Bastará o Prós e Contras e o eco disso na conversa do dia-a-dia?»

[Fotografia de Chema Madoz.]

||| Os Grandes Portugueses e os outros.







Obrigado Miss Pearls. Na verdade, embora o concurso seja o que é, engraçadinho, acho que tem de haver uma certa equidade no tratamento & divulgação dos documentários sobre os portugueses a concurso. Não houve. Para as audiências é bom; ter Salazar, Cunhal e outro qualquer na disputa final, é bom. Mas eu quero lá saber.

||| Uma suspeita.
«Truth, lies and anti-semitism»: Irène Némirovsky's last novel, written before her death in Auschwitz, caused a sensation when it was discovered in 2004. But the charge that she might have been anti-semitic - even though she was Jewish - threatens to stain her reputation.

21 fevereiro, 2007

||| O cantinho do hooligan. E agora, uma coisa completamente diferente.





1. Tenho uma solução: daqui em diante os adversários do FC Porto passam a designar-se, sem excepção, Chelsea. Durante todo o jogo, só o FC Porto tentou ganhar o jogo, tirando os dez minutos finais. E foi isto o jogo aberto: dez minutos finais debaixo de chuva que desequilibraram as estatísticas de posse de bola.
2. Aliás, sejamos justos: o nosso remate aos ferros da baliza (o de Quaresma) foi muito melhor do que o deles (de Drogba).
3. Parece, ao que me dizem, que Shevchenko marcou um golo. Confirmei: é verdade. Sinceramente, esse golo do ucraniano estragou as contas; mas não estragou a festa, mesmo que ela tenha de ocorrer em Stanford Bridge, a 6 de Março. Só se o futebol for muito sacana é que o Chelsea é campeão este ano.

||| Luís Carmelo.
Hoje, no Escrita em Dia, da Antena Um, Luís Carmelo, o autor de E Deus Pegou-me Pela Cintura: Évora, estudos árabes, Holanda, o novo romance, a escrita de romances, a blogosfera. À meia noite. Pode ouvir-se aqui em directo, à meia-noite.

Pré-publicação do romance de Luís Carmelo, aqui.

Ainda online, as entrevistas com Urbano Tavares Rodrigues, Patrícia Reis e Manuel Jorge Marmelo.

||| Justiça, 3.
Não. Pinto Monteiro esteve bem. Mas posso concordar com João Gonçalves sobre a necessidade desta entrevista. Vejamos. Se o PGR dá uma entrevista, tem de admitir que lhe sejam colocadas as perguntas mais banais e palermas. É um risco. Mas parece que o PGR tinha necessidade de ir à entrevista.

||| Justiça, 2.
Por várias vezes, o Procurador insiste em que há uma diferença essencial entre «ser investigado» ou haver «uma investigação», e «ser acusado» ou haver «uma condenação». Não vale a pena. Quando os novos sovietes estão na rua e na imprensa, o ambiente está criado; basta ser nomeado.

||| Justiça.
A entrevista a Fernando Pinto Monteiro revela que o Procurador-Geral da República está em boa forma e adoptou uma atitude razoável e serena; que a caça a Pinto da Costa se tornou numa obsessão comum e infeliz; que dificilmente o público conseguirá separar a condição de arguido, ouvido do processo, acusado, testemunha e condenado; que a necessidade de sangue é evidente.

20 fevereiro, 2007

||| A maioria.
Toda a gente bate forte e feio «no Alberto João». É bom que a República tenha um bombo da festa, uma espécie de Bei de Tunes para todos os momentos. À falta de estupor, bate-se no homem, o que até lhe faz bem. Nesta matéria sou insuspeito, como já expliquei. Mas faz-me impressão a unanimidade, que geralmente é burra; ver a República, inteira, a bombardear a Vigia parece-me suspeito. Suspeito e, também, meio caminho andado para a derrota. Tire-se-lhe o chapéu, João Gonçalves foi o primeiro a colocar reticências, juntamente com Medeiros Ferreira. E, à medida que a história se desenrola, é bom ser espectador desta farsa.

||| O interesse público.
Na passada segunda-feira, no Público, Helena Matos chamava a atenção para o facto de os referendos serem pouco participados (Helena referia-se ao da Andaluzia, por exemplo) porque os eleitores não estão interessados nas questões colocadas pelos políticos («não reconhecem interesse naquilo que lhes é proposto»). Concordo. O mesmo se passa, por exemplo, em eleições pouco participadas (como as europeias). Fico sempre surpreendido com a pouca abstenção nesse género de eleições (talvez ronde os 60%); é muita gente a votar.

||| Os ditadores eloquentes.
Um aviso de Tomás Vasques: «Se, daqui a um ou dois anos, os Tribunais se decidirem pela inocências dos arguidos, é preciso cobrar a esta gente estas “condenações” sovietizadas; é preciso, então, puxar o autoclismo».

||| Júdice e o PSD, ou de como o deserto avança.
Artigo desta semana no JN.

||| Vejamos.











As pernas de Condoleezza Rice fizeram a primeira página de El Pais, recorda o Pedro Correia. «Pormenores que lhe valorizam o currículo.»

||| Mauvaises Nouvelles Littéraires.
Petit scandale na república das letras francesa em redor de uma escritora perseguida. Joëlle Guillais, historiadora, romancista, admiradora de Bourdieu e Duras (sirvo-me da pequena biografia do Nouvel Obs) vive na província. De entre os seus escritos, La Ferme des Orages, romance, ou La Berthe, ensaio (sobre uma mulher «qui a travaillé la terre toute sa vie et réussi à s'imposer dans un monde toujours masculin et souvent machiste»), além de trabalhado numa Histoire du crime passionnel au 19 ème siècle. Histórias de gente que resistiu ao mundo camponês, de mulheres que venceram o machismo de província, a ignorância e o passado (o pai de Joëlle suicidou-se, pertencia a esse mundo). Os agricultores reagem e insultam a autora, ameaçaram-na com forquilhas (a imagem é boa mas não sei se corresponde à realidade), perseguem-na, fazem da sua vida pacata um inferno. Joëlle fugiu para Paris e não quer voltar; escreveu Mauvaises Nouvelles Littéraires, para contar a sua experiência e vingar-se dessa França velhaca e camponesa. Pierre Assouline escandaliza-se. O Nouvel Obs também. Paris treme de indignação diante dos infortúnios da «romancière engagée». A França descobre que tem um diabo a estragar o cosmopolitismo e que nem tudo é Paris ou que nem tudo é tão civilizado como Ségolène. Esses camponeses da Perche!

||| Blog.
1. Há opiniões sobre tudo, e é isso que se espera da blogosfera. Mas olhe-se a demissão de Alberto João Jardim. Dizer o quê? Que está visto: ganhará as eleições, mas em Lisboa continuaremos a pensar que Alberto João é Alberto João? E o facto de Mário Lino ter ficado aborrecido com a entrevista do presidente da Ordem dos Engenheiros; dizer o quê? Veja-se, no entanto, a estatística que diz que somos os mais pobres da União; há comentários?

2. Estamos a ficar muito plebiscitários. Quer dizer, substitui-se a convicção pela ideologia da vitória eleitoral. Recordo a pergunta de Judite de Sousa a Marcelo Rebelo de Sousa mal se conheceram os resultados do referendo: «O que correu mal na campanha do não?» Teria de correr mal alguma coisa para que os resultados do não fossem esses? Ou, pura e simplesmente, as pessoas votaram sim?
As opiniões maioritárias têm de ser tão absolutas?

19 fevereiro, 2007

||| Ainda no sul.




























E ainda em viagem.

||| O Apedeuta, rei das gaffes.
A frase de Lula: «Se a gente estivesse naquele lugar, naquele instante, e a gente pudesse fazer alguma coisa, o que a gente faria? Certamente nós faríamos quase que a mesma barbaridade que ele fez com aquela criança.»

Via Destaques a Amarelo.

||| Uma Carta no Inverno.
O Prémio Max Jacob acaba de ser atribuído, em França, a Vasco Graça Moura – pelo livro Une Lettre en Hiver, publicado pelas Éditions de la Différence (tradução de Joaquim Vital). É um livro magnífico a que já tinha sido atribuído em Portugal o Prémio APE em 1997.

Em 2001, Sophia de Mello Breyner tinha também recebido este prémio, com Malgré les Ruines et la Mort.

||| Umbral.
Francisco Umbral: «Me da la impresión de que se están consumando y consumiendo temas y sistemas del siglo XX. Hay menos novedades y sorpresas. Ya no se inventan bicicletas geniales en el pensamiento, la ciencia, la técnica...»

17 fevereiro, 2007

||| Outro final de tarde.




























Ainda em viagem.

||| Rectificação.
Ao ler as notícias sobre a vida corrente tenho de rectificar. Não, Portugal não estará, a breve ou médio prazo, transformado numa república dos juízes. Em seu lugar, viveremos numa espécie de protectorado onde toda a gente vai falar a língua dos magistrados e dos juristas. Não há editorial onde não venha a marca de origem.

||| O cantinho do hooligan. Sugiro que investiguem.










Telefono duas vezes para saber o resultado do jogo. A partir de agora será sempre assim: a cada vitória segue-se uma investigação judicial. Não admira, depois do Atlético. Se ganhamos, investigam; se perdemos, o mundo regressa à normalidade. É o sonho de quem gostava de ganhar o campeonato com o sistema de televoto.

||| Futebol em qualquer parte.
Os rumores do futebol, chegam aqui como em toda a parte. Sentado num muro, junto de um café, oiço os golos do campeonato do Qatar numa televisão instalada ao pé da mesquita. Os rapazes vêm da escola, guardam o Corão, sentam-se em redor da mesa a beber Coca Cola. O jogo vai em 78 minutos e ainda não há golos. Alguém sugere que se mude de canal e sucede-se uma série de operações com a antena parabólica até conseguirmos ver que há novidades no campeonato egípcio. Uma das equipas está a golear, a dar 4-0.

16 fevereiro, 2007

||| Encontro.
«Crenças, Religiões e Poderes: dos Indivíduos às Sociabilidades», no Porto, Faculdade de Letras e Associação Sefarad. Programa completo aqui.

||| Mais ventos do sul.

























Ainda em viagem.

||| Carnaval.
O terrível carnaval lusitano está aí. Obrigado à Miss Pearls por ter reabilitado este texto antigo:

«Essa é a primeira imagem que me assalta: o frio, o desconsolo meteorológico, a desadequação climática. Isso e os seus desfiles, em carros alegóricos montados em cima de tractores. E dos fatos de má qualidade, de brilho barato, cintilante nos domingos de Fevereiro, escarlates. Tinha pena das raparigas. Também me penalizava pelos rapazes, da cidade ou da província, muito machões durante o ano, mas que no Carnaval se mascaravam de meretrizes ou de tias velhas. Mas, insisto, o pior era o frio de Fevereiro, os chuviscos a meio da tarde, o granizo nas ruas de Ovar, de Cantanhede ou Olhão. Um resto de misericórdia vinha do fundo da consciência pedir protecção para os desfiles. Aos desfiles, propriamente ditos, vi-os sempre pela televisão e bastou-me: umas raparigas sem o sentido das proporções dançavam muito mal o samba, agitavam bandeirinhas, sorriam, enregeladas, com peças de tule cobrindo uns corpos muito brancos que ainda não tinham feito a dieta habitual antes da época balnear. O corpo das portuguesas, neste domínio, é um campo de sacrifícios: durante o ano alimenta-se bem e corajosamente; entre Abril e Maio começa a penar e a penitenciar-se, preparando-se para a exposição solar do Verão. É um mundo de desgraças. Só o Carnaval, com as suas peças de tule com penduricalhos de brilhantes falsos em cima, permite entrever as carnes esbranquiçadas que hão-de estar mais passadas no S. João. As figuras, dos «carros alegóricos», são o bombo da festa tradicional – políticos da televisão, caricaturas sofríveis, mal pintadas, ditos de gosto duvidoso, misturando a tradição popular da província com a piada do Parque Mayer. Tirando o dr. Alberto João Jardim, saltitando na Avenida Arriaga, no Funchal, os desfiles são pobres. Pobres e cheios de frio.»

||| Mesmo longe.
Mesmo longe, chegou aqui o ruído da demissão do DN e do 24 Horas. Profissão de risco, como todas.

15 fevereiro, 2007

||| Legislar; a fúria de legislar.
Artigo desta semana no JN.

||| Final de tarde.



















Em viagem, ainda.

||| Ventos do sul.



















Em viagem.

12 fevereiro, 2007

||| Paisagem ferida no Tua.
Acidente ferroviário no Tua. São imagens da minha infância. Aquele lugar, junto do Rio e entre colinas lembra a forma como o «Portugal moderno» destruiu a paisagem ferroviária. Uma tragédia nunca vem só. Lembra outras.

||| Revista de blogs. Verdades elementares.
«Sem ironia, não se devem esquecer dois nomes que contribuiram para a vitória do SIM: Aguiar Branco e Laurinda Alves.»
{Tomás Vasques, no Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos.}

||| Revista de blogs. Calma, nada de excessos, não é o princípio do mundo, é apenas um pouco cedo.*
«Acordar com a sensação de que a longa noite obscurantista chegou ao fim.»
{Leonor Areal, no Blog do Sim.}

* Desculpa, M. A. Pina.

||| Revista de blogs. Revolução cultural por referendo.
«E, de um ano para o outro, este povo, como que por milagre, deixou de ser "ignaro" e "atrasado". Que ninguém se iluda: os senõritos y senõritas satisfechos não aprenderam nada.»
{Filipe Nunes Vicente, no Mar Salgado.}

11 fevereiro, 2007

||| Em conclusão.
1) 58,50% dos votos expressos deram a vitória ao «sim».
2) Esse «sim» deve fazer lei.
3) Tirar conclusões sobre uma «vitória política» dos partidos que maioritariamente estiveram no campo do «sim» é, pelo menos, forçado.
4) Não se sabe -- por mais que o ministro da Saúde complique -- qual vai ser o papel do SNS.
5) A abstenção é significativa mas é normal.
6) Felizmente acabou a campanha.

||| O país no dia seguinte.
Temo bastante que o país, amanhã, não nos seja devolvido inteiramente.

Não faltará quem diga que os portugueses são uns ingratos.

||| O cantinho do hooligan. Paisagens de Portugal.










Duas imagens dos pescadores da Póvoa de Varzim, essa terra hospitaleira. Como dizem os guias turísticos, «é uma das poucas zonas de jogo autorizado em Portugal».

P.S. - Como dizia a imprensa, avisando, «os nortenhos já deixaram pelo caminho o Leça e o Sertanense, com vitórias idênticas (3-1), além de terem obtido um claro 2-4 no terreno do Valecambrense». Com uma carreira destas, estava escrito.

||| Brasil. Reeleição.
Lula, o Apedeuta, tem inveja de Chávez; e, iniciando o segundo mandato, já fala em reeleição.
Enquanto isto, o seu partido quer uma «reforma da mídia». Eles não gostam da liberdade.

||| Voto obrigatório.
Será que (nesta peça do Diário de Notícias) António Costa Pinto lança a hipótese do voto obrigatório?

||| O medo.
Crónica de Ferreira Fernandes no Correio da Manhã: «Quinta-feira, 15, iremos saber onde estão as nossas calças. Ainda pela cintura ou já pelos joelhos? Vai decidir um tribunal parisiense.»

||| O referendo. Campanha ilegal.
Isto sim, é campanha ilegal a interromper a reflexão dos portugueses. Temo bastante que isto vá favorecer irreversivelmente o campo do «não».

10 fevereiro, 2007

||| Uma loja de conveniência.










Em Aveiro, os ares da Ria dão para coisas hilariantes.

||| O cérebro.
Chama-se neuroimagiologia e permite ler, no cérebro, «a intenção de uma pessoa num futuro próximo». O press da Max Planck Society está aqui. Mas há coisas que adivinhamos sem tanta parafernália.

||| A USP.
Um grande momento de vídeo: a Associação de Docentes da Universidade de São Paulo e o Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) chamam reaccionários aos estudantes que vão às aulas e metem um trio eléctrico (o Trio Caribão) no campus da universidade. E tratam de «covarde, safado e reaccionário» um professor que queria silêncio para dar aula. Os sindicalistas entram na universidade interrompendo um exame («entramos na casa daqueles que são os inimigos da educação, os fascistas...»). Pena Tarso Genro já não ser ministro da Educação -- ele receberia o pessoal e confraternizariam.

||| Não é correcto.
Quando incendiavam ônibus e matavam polícias e seus familiares em São Paulo, os bandidos tinham sempre uma ONG a questionar «as razões da violência». No Rio, isso acontecia frequentemente, mas «as razões da violência» mal serviam para mascarar a guerra pelo negócio da droga e pelo controle dos morros & vias cariocas. Por exemplo, no caso de São Paulo, poucos foram os que, no meio do furacão alertaram para a fragilidade daqueles polícias da rua, isolados e aterrorizados, incapazes de fazer frente ao armamento do PCC e dos outros comandos da bandidagem que ameaçava as suas famílias e chegou a fazer doutrina política.
Não sei onde andam as mesmas vozes quando a violência e a crueldade dos bandidos chegou aos limites actuais no Rio de Janeiro. Não é uma bala perdida a cair no empedrado da General Osório ou um corte do tráfego em Rebouças, «a ameaçar as classes médias» como dizia há tempos um dos sociólogos da moda. É guerra aberta com a comunidade. Mas as pessoas comuns não têm defesa. Não é correcto defender as pessoas comuns. Há um glamour esquizofrénico na violência e na bandidagem que tem direito a filme e a documentário.

||| Isto é negociar.
Capello quer Kaká no Real Madrid. São paixões. O Milan não está disposto a abrir mão do brasileiro mas tem uma proposta: Kaká vai para Madrid mas, em troca, marcham para Itália os jogadores Cannavaro, Robinho e Diarra, além de um cheque substancial. Isto eu chamo negociar. Mas dá uma ideia da insanidade.

||| Cidadão.
Na ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação) são surpreendentes, por vezes, os deslizes de linguagem. Independentemente das razões que assistem ou não a Pedro Almeida Vieira no caso que o opõe ao Diário de Notícias, o despacho da entidade diz o seguinte: «Olhadas as coisas com alguma crueza, portanto, o respondente pretendeu, no caso, ser jornalista em determinado momento (como foi), mas cidadão noutro (como não era)...» Reparem bem: «cidadão noutro (como não era)». Eles querem o nosso bem.

09 fevereiro, 2007

||| Aniversário.
A Rititi faz anos. Como de costume, Rititi, aqui vai a resposta a La Terromoto de Alcorcón. Xeque-mate, vitória deste lado. 1-0, ou mais. Cá estamos deste lado da fronteira a beber um pouco por ti.

||| Um redondo vocábulo.








João Afonso vai estar hoje, ao fim da tarde (19h00) na Casa Fernando Pessoa, com João Lucas (piano) para interpretar versões de José Afonso, seu tio. Trata-se da estreia absoluta do novo espectáculo de João Afonso, a apresentar durante este mês em Macau e, depois, em Lisboa. A 21 de Março, Dia Mundial da Poesia, o João regressa à Casa Fernando Pessoa. Mas hoje convém não faltar.

08 fevereiro, 2007

||| Assis Pacheco regressa hoje.









Continua, hoje, o ciclo sobre Fernando Assis Pacheco na Casa Fernando Pessoa, às 21h30: Ricardo Araújo Pereira, Pedro Mexia e Gustavo Rubim falam sobre Assis Pacheco «e as novas gerações». E lerão poemas.

||| Anos depois, muitos anos depois.
Artigo de Francisco Seixas da Costa sobre Aristides de Sousa Mendes e a «honra perdida do convento» (das Necessidades):

«Não é com agrado que constato que a minha geração diplomática, a primeira que entrou para o Palácio das Necessidades depois do 25 de Abril, foi habituada a ouvir sobre Sousa Mendes, quase sempre, palavras pouco simpáticas de colegas mais antigos do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Repito: tudo isto, depois do 25 de Abril! Não exagerarei se disser que, com muito poucas e bem honrosas excepções, a opinião largamente maioritária entre os poucos que se manifestavam sobre o tema, que durante anos foi sempre "incómodo" nas conversas nas Necessidades, continuava a ser muito pouco generosa para a memória do colega rebelde, como que prolongando no tempo a condenação da sua decisão de não cumprir quanto lhe fora ordenado pelo poder instituído e assistindo, com desagrado, à valorização pública desse dissídio.»
A história do isolamento e da condenação de Aristides de Sousa Mendes é das mais tristes da nossa covardia. Infelizmente, mesmo aqueles que lhe deviam uma protecção especial não agiram bem na época.

||| Pessoa & Machado.
«Fernando Pessoa, Antonio Machado e a dialética da intersubjectividade em Vigília de los sentidos», é o tema da conferência do poeta e professor peruano Jorge Wiesse organizada em colaboração com a Embaixada do Peru. Hoje, na Casa Fernando Pessoa, às 18h30.

||| Termostato.









Não, não tenho essa nostalgia do Inverno, nem da lareira, nem da neve nas ruas, nem a melancolia do agasalho. Com a idade, o meu termostato está afinado, digamos, pela Costa Rica. Florestas, praias, temperaturas a condizer. Passo o Inverno à espera de que o Inverno passe. O conforto intelectual diminui, mas a vida é assim mesmo. Um selvagem.

||| Necessidades elementares.









O Presidente da República assinala a «necessidade de legislação e procedimentos administrativos claros, não só sobre o tabagismo, mas no combate ao consumo excessivo de álcool, obesidade e estilos de vida sedentários». Percebe-se o que está em causa, diminuir o consumo de álcool entre miúdos ou nas estradas, fomentar caminhadas nos jardins e bosques, tudo isso. O mayor de Nova Iorque também quer uma cidade mais saudável e proibiu o tabaco, o colesterol e os fritos, prometendo combater a obesidade, o foie gras e o bacalhau salgado (no restaurante de Bourdain & Meireles). Já em outros locais, a vontade de uma vida saudável leva a outros excessos. Nunca sei o que é melhor. Se a liberdade, se o comando da nossa saúde por políticos que elegemos. A saúde pública é um domínio vasto que frequentemente entra nos caminhos da moral & dos costumes. Os queijos com alto teor de gordura serão perseguidos, da Serra da Estrela a São Jorge e ao Pico. Um dia haverá fiscais vigiando o teor de sal no bacalhau. As casas de família irão, com o tempo, transformar-se em antros de pecado – aí podemos comer pastéis de massa tenra, pataniscas, bacalao al pil pil, feijoadas e compotas preparadas com açúcar em vez de adoçante (havendo até quem fume um charuto no final, mais perigoso do que uma erva simplória, muito bem admitida socialmente). Um dia, mais tarde, entrarão em nossa casa e desaprovarão as migas gatas de bacalhau ou o feijão no forno. Na escola, os institutos da saúde perguntarão subtilmente às crianças se os pais têm por hábito comer fritos e barrar o pão com manteiga, essa substância perigosa. Justificarão. Justificarão sempre. Querem o nosso bem. Nunca sei o que é melhor.

||| Trinta.
Elas gostam de Cristiano Ronaldo e falam de tudo: «Ex-líbris de Portugal: O galo de Barcelos, de barrete e manguito, com uma erecção das Caldas, na capa da Caras ao lado da Cinha Jardim.»

||| Futebol, ou talvez não, ou o que quiserem.
Obrigado ao Pedro Correia por iniciar a antologia das melhores frases de O Comentador: «Passa a ser muito difícil fazer previsões no futebol português», diz ele. A quem o dizes.

07 fevereiro, 2007

||| Corta-fitas.
Um ano a cortar fitas e casacas. Parabéns.

||| E não é tudo.
Eu quero que os escoceses se lixem. Mas não é tudo, caro Jorge, não é tudo. Vem aí mais. Como já estava previsto.

||| Longa marcha.
Acabo de ler A Longa Marcha («A verdadeira história por detrás da lendária caminhada que fez a China de Mao»), de Ed Jocelyn e Andrew McEwen (edição Quid Novi). O projecto é fascinante: refazer hoje todo o percurso da «longa marcha» e coleccionar histórias sobre a viagem e os testemunhos dos que ainda vivem. Na margem de cada página está marcada a tendência para a tragédia e para o heroísmo, simultaneamente.

||| Anunciar na primeira página.
Começo a ter saudades dos tempos em que os cavalheiros da justiça declaravam que não liam as notícias, nem diziam banalidades sobre blogs ou sobre a actualidade. Ou me engano muito ou daqui a uns tempos a PGR está como a justiça de rua: não será preciso que se faça justiça e se chegue a conclusões; basta anunciar. De preferência na primeira página.

P.S. - Que o senhor Procurador diga que a justiça, finalmente, se interessa pelo futebol, parece-me uma manigância jornalística. Mas que alguém acredite nisso já me parece exagero: basta ver a quantidade de desembargadores & outros magistrados que andou pela Liga e pela Federação nos últimos cinquenta anos.

||| Direcção de programas.
Os tempos de antena são, geralmente, maus e ninguém lhes liga (felizmente que há tevê cabo). Mas o absurdo não é isso; absurdo é que a RTP tenha de os transmitir às horas a que os partidos querem. Como escrevi antes, o que me interessa é que a Anatomia de Grey passe a horas decentes. Já sobre isso, os partidos são omissos.

||| Segunda-feira.
Nada a fazer. Depois da inevitável vitória do sim, segunda-feira trará de volta o país inteiro.

||| A Pátria em chuteiras. Brasil, 0 - Portugal, 2.
Scolari jogou com uma dupla anti-Scolari (Quaresma e Ronaldo). Portugal ganhou bem. Dunga jogou inspirado por Scolari, seu mestre oculto. Perdeu com honra.

03 fevereiro, 2007

||| O cantinho do hooligan. Should I stay or should I go?



Não vi o jogo. Mas repito o de sempre: não marcámos golos, essa a verdade. Enquanto isso, eu provava o Follies (chardonnay da Aveleda), o novo branco Carm (reserva de 2005), um Luís Pato branco de 2003, um chablis de que me esqueci o nome e um vintage da Quinta do Infantado (um Porto notável para acompanhar cordeiro). Fiquei a ganhar. Eles que se aprumem, tenham vergonha e olhem para o Sporting.

02 fevereiro, 2007

||| Será a economia?
Vai, como se esperava, um grande alarido acerca das declarações de Manuel Pinho na China. Os sindicatos aproveitaram para banalizar Pinho, e Pinho aproveitou a boleia. Mas o que está em causa não é o pobre sindicalismo lusitano. Sinceramente, são mesmo os baixos salários. Não me venham com merdas, nem com a diferença entre a verdade e a ilusão: o que choca são os baixos salários de 75% da população. E isso não pode alterar-se por decreto. Vai demorar a mudar, vários anos de economia (de poupança, de limitações, de investimento).
Agora, sobre o assunto, os chineses podem agradecer a lembrança e instalar-se em Aveiro ou em Santarém com fábricas e tecnologias, explorando os baixos salários portugueses. Na lógica de Pinho, eles vêm, os portugueses ficam com emprego e, depois, os salários crescem mais tarde. Pode ser que aconteça assim. Mas que um português não se indigne depois de ouvir as palavras de Pinho sobre a triste verdade da pátria (os baixos salários...), seria abaixo de cão. Indignar-se para pensar melhor no assunto, digo eu.

||| Sala cheia para o Assis.


















Ontem, o Assis faria 70 anos. Sala cheia na Casa Fernando Pessoa, com muitos amigos, incluindo de França e de Espanha. É bom ver que a memória e a gratidão existem. Nas imagens: 1) João Rodrigues (que, nesse instante, começa a ler um extracto de Trabalhos e Paixões de Benito Prada), Manuel Alberto Valente e Tiago Rodrigues; 2) Manuel Alberto Valente lendo poemas de Memórias do Contencioso e de Variações em Sousa; M.A. Valente oferece a Rosarinho Assis Pacheco o manuscrito original de Trabalhos e Paixões de Benito Prada, que Assis tinha entregue nas Edições Asa; os netos de Assis lêem um poema.
Na próxima quinta-feira, às 21h30, Gustavo Rubim, Pedro Mexia e Ricardo Araújo Pereira sobre«Fernando Assis Pacheco e as Novas Gerações». Na Casa Fernando Pessoa.

||| TLEBS no exame.
Isto é o que eu chamo sentido de oportunidade por parte dos mandarins no Ministério da Educação, secção de exames de 12.º ano: «O exame nacional de Português B do 12º ano vai incluir perguntas relativas à Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário (TLEBS), apesar de a tutela já ter reconhecido a existência de erros e anunciado a sua suspensão em 2007/2008.»
Não há paciência.

01 fevereiro, 2007

||| Fernando Assis Pacheco. 70 anos. Hoje, na Casa Fernando Pessoa, 21h30.7

Quadros de uma exposição
{Imagens de O Universo Pessoal de Fernando Assis Pacheco, a inaugurar logo à noite.}









































1) Assis Pacheco joga futebol com ardinas chilenos. 2) A tese (dactilografada) de F.A.P. sobre a poesia de Stephen Spender e a poesia inglesa dos anos trinta; 3) Alguns dos discos preferidos de F.A.P: Caetano Veloso, Charlie Haden, Chet Baker, Gerry Mulligan, Ella Fitzgerald...; 4) Fernando Assis Pacheco, Rosarinho e as filhas; 5) F.A.P com chapéu da Mongólia, em Pardilhó (1994), e cartão de visita pessoal com a indicação «Fernando Assis Pacheco, obervador de aves canoras»; 6) F.A.P e Rosarinho; 7) A máquina de escrever de F.A.P. (onde escrevia com um só dedo), a mítica Olivetti Lettera 25. 8) Manuscrito de F.A.P.; 9) vídeo de F.A.P., entrevista a Tiago Rodrigues.