27 junho, 2006

||| Retoma.












Depois de encerrada a Primeira Leitura, Reinaldo Azevedo tem um blog. A não perder.

||| Terra Brasil.
Depois de violar quase todas as regras, o homem achou que tem de haver regras.

||| Identificação.





O branco da bandeira da França está a escurecer, diz Jean-Marie Le Pen: «Talvez o técnico tenha exagerado na proporção de jogadores de cor.»

26 junho, 2006

||| Do Brasil para Scolari.
Pela boca pode morrer o peixe. Aliás, o Parreira. Mas Parreira tem mesmo aquela cara de peixe.

||| Feira do Livro,2.










A maior feira do livro «a céu aberto» de toda a América Latina é a Feira do Livro de Porto Alegre, realizada na Praça da Alfândega, rodeada da cidade por todos os lados -- cafés ao lado (o absolutamente in Bistrô do MARGS, por exemplo), restaurantes bem perto, com rede de transportes acessível, grande número de alfarrabistas (sebos) e de livrarias locais, uma das pracinhas totalmente ocupada por canais de televisão e de rádio e por árvores, a Feira de Porto Alegre merece ser vista. Se não como modelo, pelo menos como exemplo de mobilização. Ao lado estão o Memorial do Rio Grande do Sul, a Casa de Cultura Mário Quintana, a Casa de Cultura Erico Verissimo, o Santander Cultural, entre outros (sem falar dos restaurantes populares do Mercado) -- todos convocados para a Feira.







Ver, também, a Primavera dos Livros, a realizar no Rio e em São Paulo em Novembro.

||| Vender livros. Mais uma máquina.
















O Bruno Sena Martins descobriu esta máquina de venda de livros em Paris. O Bruno ficou comovido «com a possibilidade de alguém comprar um livro de urgência, anoitecidas as livrarias».
Este senhor garante que comprou em Espanha, numa máquina destas, «o Vivir para contarla, de García Márquez, numa edição paperback bastante interessante por menos de €7. Na Bertrand em Portugal a única edição disponível está a €24,40...»

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Uma confidência: há alguns anos, para organizar um «evento» (que não chegou a realizar-se, de resto) foram sondadas algumas empresas de vending, como parecem chamar-se as máquinas; queríamos saber se era possível distribuir, pelas ruas de determinada cidade, algumas máquinas preparadas para vender livros em vez de coca cola ou twix. Todas as respostas foram negativas; uma das empresas respondeu, amavelmente (e creio que com pena, pelo que percebi), considerando que o livro não tinha «fiabilidade de peso e de substância» para poder estar disponível numa máquina dessas. Felizmente que já é possível.

||| Livros, feira do livro, etc.
Nem só coca cola se vende nas máquinas de rua. Veja-se este magnífico exemplo, sugerido pelo Nuno Seabra Lopes. Não, não é Paris, não é Londres, não é Genselkirchen. É em Santiago do Chile; uma máquina de vender livros («Retire su libro.»):


















Entretanto, acompanhe-se o debate sobre a Feira do Livro que decorre no Extratexto.

25 junho, 2006

|||Portugal-Holanda.











Há muito tempo que não me divertia tanto a ver futebol. E mais nada (por agora).

Adenda: Assim vale a pena, mesmo que os holandeses protestem o jogo pelo facto de Portugal ter jogado sempre com dois jogadores a mais – Scolari aos berros em Nuremberga e N. S. do Caravaggio a fazer figas em Farroupilha, lá na serra gaúcha. Portugal jogou com treze. Eu gostei: um jogo em que Petit é agredido constitui para mim novidade, e Simão a dar quatro voltas sobre a bola antes de marcar uma falta é um espectáculo para se ver – se estamos a ganhar.

||| Feira do Livro.








Muitos editores se lamentam de que a Feira do Livro correu mal – que foi a pior dos últimos trinta anos. O lamento é um exercício fácil, comovente e barato. Também se lamentam pelo absurdo e inexplicável facto de decorrerem muitos «eventos» durante o período da Feira, coisa que afastou leitores e desmotivou a imprensa, preocupada com outros acontecimentos (outro absurdo). Finalmente, lamentam-se pela quebra de vendas, o facto que realmente interessa. Nada de perder a esperança. Há soluções para tudo:
1) proibir a realização de campeonatos do mundo de futebol, bem como de festivais SuperBock/SuperRock ou Rock-in-Rio e seja lá o que for (ópera no S. Carlos, Sopranos na tv, festival de churros & farturas, centros comerciais, farmácias) que possa concorrer com a Feira do Livro, estando dessa maneira garantida a ida à Feira de cidadãos que não têm mais nada para fazer;
2) fazer com que a Entidade Reguladora da Comunicação Social possa punir devidamente os jornais e as televisões que não repitam o discurso sobre a beleza que é a Feira do Livro, sobre o encantamento provocado pelo ajuntamento de livros nas barraquinhas e estendais e, até, sobre a «poesia autêntica» que é a leitura e etc.;
3) exigir que o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica proceda a alterações no regime climático habitual durante a Feira, proibindo vagas de calor ou aparições despropositadas de chuva e, até, empurrando o início do Verão para um mês mais tarde -- nada que não se possa fazer;
4) se esta foi a pior feira em trinta anos, isso deve-se, evidentemente, aos compradores de livros, que devem ser admoestados pelas autoridades competentes, pois não devem frequentar as outras 231 feiras e operações de saldo de livros que acontecem ao longo do ano, nem, até, ir a livrarias comprar livros que, eventualmente, queiram comprar (uma vez que a Feira tem de manter o seu nível de negócio, coisa incompatível com mudanças de hábitos dos cidadãos);
5) censurar os textos de opinião de comentadores obnóxios que referem coisas desmobilizadoras e atrevidas como o facto de se publicarem cerca de vinte livros por dia, ou mais -- coisa que não deve ser tida em conta quando se fala na percentagem de livros não «despachados» durante a Feira.

Assim se consertará a Feira, e os editores não precisarão de pensar, imaginar ou organizar-se para que a Feira venha a ser diferente. Está salva a Feira.

||| Avatares.
A entrevista com Bruno Sena Martins a propósito do seu livro E se eu Fosse Cego? Narrativas Silenciadas da Deficiência (edição Afrontamento) pode ser escutada aqui – em formato wma, ou real player.

||| Revista de blogs. Jogar a feijões.
«Noto com agrado que em todos os desafios, incluindo naquele que a opôs a Angola, a selecção nacional fez questão de cometer mais faltas do que o seu adversário. Ora isso é mais importante do que o tempo de posse de bola, porque prova que não estamos ali para jogar a feijões.»
[João Pinto e Castro, no Blogoexisto.]

||| Ler:
Um excelente, mas céptico, prognóstico para o Verão, do João Gonçalves.

24 junho, 2006

||| Martin Adler. {Actualizado}













Martin Adler tinha 47 anos e foi assassinado ontem, a tiro e pelas costas, na Somália, durante uma manifestação convocada pelos Tribunais Islâmicos. Martin estava em trabalho para o Channel Four inglês, ao serviço de quem já ganhara alguns prémios para reportagens efectuadas nos lugares mais perigosos do planeta -- da faixa de Gaza ao Afeganistão, da Somália e da Etiópia à Colômbia.
Martin escrevia também para a imprensa sueca e inglesa (Daily Telegraph e Independent) como free lancer. Acontece que não é um desconhecido para nós -- e especialmente para mim, que dirigi a Grande Reportagem. Martin era um excelente repórter que trabalhou para a Grande Reportagem no Ruanda, no Afeganistão, na Somália, na Colômbia, na Guatemala, no Sudão, no Paquistão, no Iraque ou na Tchechénia, por exemplo.







Várias capas da GR foram possíveis graças ao trabalho de Martin, que além de escrever muito bem e de ter o espírito de repórter permanentemente afinado, era também um fotógrafo de eleição (para quem tem colecções antigas da GR, vejam-se as fotos da Tchechénia ou do Afeganistão). Em 2002, Martin partiu para a Somália e para a Etiópia (a reportagem foi capa da GR), onde acompanhou grupos ligados à Al'Qaeda, negociantes de armas e de droga, bem como raptores de crianças destinadas a campos de treino terroristas no Sudão. Na Tchechénia escreveu, para a GR, alguns textos memoráveis sobre o assalto do exército russo a Grozny (onde ele prova a ligação entre as milícias muçulmanas e a Al'Qaeda). No Afeganistão «descobriu» o santuário dos taliban nas montanhas do Norte e as suas ligações ao exército regular que entretanto tinha sido formado. Essas reportagens foram prémio lá fora. Infelizmente, ignoradas aqui.
Nunca sabíamos onde estava Martin Adler. Os seus endereços de email (dois deles ainda guardo num caderno) bastavam-nos, ou um telefonema vindo de qualquer lugar -- da Suécia ou de Damasco, de Londres ou de Bogotá, de Bali ou de Cabul. As reportagens chegavam-nos no dia combinado, as fotos mostravam um mundo que não existia apenas na televisão. A sua fantástica humildade, só possível num grande repórter que fotografava, filmava e escrevia, era uma marca que notávamos sempre em Martin. Quando precisávamos de uma história (o fundamentalismo na Indonésia, as bombas de Bali, a morte em Grozny ou o rapto de crianças na Guatemala), Martin estava sempre disponível para a Grande Reportagem. Trabalhando para os gandes jornais ingleses e suecos, para a BBC ou para o Channel Four, Martin Adler nunca recusou escrever e fazer reportagens para nós. Algumas das grandes entrevistas com os líderes do terrorismo na Indonésia ou no Afeganistão, por exemplo, foram feitas por ele, e para a GR.
Morreu ontem, baleado pelas costas, aos quarenta e sete anos; negaram-lhe aquilo a que até então ele nunca fugiu: encarar o perigo de frente.
Onde quer que esteja o filho da puta que disparou aquelas balas, mais os filhos da puta dos Tribunais Islâmicos implicados na sua morte, gostava que houvesse justiça.

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Escreve o Pedro Almeida Vieira:

«Nunca conheci pessoalmente Martin Adler, mas desde que comecei a escrever na Grande Reportagem, no ano de 1998, habituei-me a acompanhar (respeitar com reverência) o seu excelente trabalho - mais, a sua coragem. Mas a palavra «coragem» tinha nele uma dupla, tripla expressão: porque os conflitos e as injustiças sobre as quais escrevia implicavam um verdadeiro risco de vida, pelas denúncias em si mesmas e por ele se expor fisicamente em locais perigosíssimos. Martin Adler era um «missionário do jornalismo»; e com ele (com os seus olhos e a sua pena) morreu, um pouco mais, a nossa (ténue) esperança de um Mundo são. A sua morte é a confirmação de que o Mundo é estúpido. E ele sabia disso; por isso, foi o jornalista que foi.»
Escreve o José Moreno:
«Na notícia do DN de hoje, fui primeiro atraído pelo título - "Jornalista sueco abatido a tiro em Mogadíscio" -, depois pela imagem de um corpo no inerte no chão e em seguida pela legenda da foto. Só então percebi que era a primeira vez que via uma imagem - a última - de um jornalista e reportér fotográfico que li com deslumbramento durante anos a fio na Grande Reportagem. Foi um choque tremendo para mim, pequeno certamente por comparação com o que certamente sentiram aqueles que o conheciam e com ele trabalharam. Se alguma palavra puder chegar aos que lhe eram próximos, que saibam que Martin Adler era um homem admirado e que o seu nome ecoa na minha memória - um anónimo leitor - como um agente da minha maneira de ver o mundo e por isso mesmo um formador de carácter. Obrigado.»
Escreve o Rui Branco:
«Ontem, numa esquina de Lisboa, levei com um murro no estômago. Ninguém me bateu, apenas me caiu em cima um bloco bem sólido de memória na cabeça. De vez em quando isso acontece-me, não sei porquê, não vislumbrei nenhum gatilho visual aparente, mas acontece. Lembrei-me do soldado desconhecido e de como é sobre ele que eu me ergo, de como somos todos soldados à força. Não sei se Martin Adler gostaria desta imagem, de soldado, provavelmente não. Mas refiro-o porque há um trilho, uma geneologia em que este jornalista tragicamente se insere, sem armas que matem mas morto por elas. Há batalhas importantes para esta guerra que ainda nos permite ressaltar murros no estômago imaginários (mas bem físicos, ao mesmo tempo). Haja muitos blocos de memória a cair-nos em cima da cabeça destes que nos farão sempre entesar a coluna e seguir em frente. Mas já bastam os exemplos, a memória do mundo tem um excesso de heróis.»



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FOTOGRAFIAS DE MARTIN ADLER DO ARQUIVO
DA GRANDE REPORTAGEM.


























































































































Para ver mais trabalhos de Martin Adler, consultar o arquivo da Panos Pictures UK (dica do P.A. Vieira)

||| Discursos.
Este é o que agradece o que há a agradecer.

||| Irritações preferidas.
A palavra «estórias», por exemplo.

Hoje, um take da Lusa diz que eu «não sei quê, etc, blabla, estórias». Mentira. Eu disse «histórias». Assim: «Histórias.» Nunca «estórias». Gente sem noção.

22 junho, 2006

||| Antes do Brasil-Japão.
Antes de se sentar diante da tv, ver a revolta na Bounty brasileira (atenção do Gonçalo Soares). Depois se verá.

||| Revista de blogs. Detox Sexual.
«É oficial. Esta princesa vai entrar em detox sexual. Depois de grandes festividades multiculturais, onde aprendi rituais oriundos, nomedamente, do sul da Europa, numa concentração de conhecimentos que me habilitam a redigir uma tese de Doutoramento em Sociologia, tal foi a "socialização", vou entrar em retiro e purificar o corpo e o espírito do pecado da carne, ou seja, o da lúxuria.»
[No Cenas de Gaja.]

||| Revista de blogs. O que é a plenitude do blogger.
«Está-se tão bem em Madison, Wisconsin, que prefiro aproveitar bem este tempo e isso é um bocado incompatível com escrever aqui no blogue.»
[André Belo, no Garedelest.]

||| Desilusões da política?
Nem tanto. Paulo Gorjão dá um exemplo prático acerca da obrigatoriedade do alinhamento: «Num país pouco habituado ao debate e em que as críticas, quando existem, assumem muitas vezes um tom exclusivamente pessoal, a crítica a uma iniciativa ou a uma ideia constitui a excepção e não a regra. A crítica é um acto "anormal". Quem vota num determinado político ou partido tem de concordar acefalamente com tudo. Ou concorda com tudo, ou não vota.»

|||Clássicos.
O francesismo. Ler o post de J. P. G..

21 junho, 2006

||| Rendição. Segunda parte.
Lá foi.

||| Rendição. Primeira parte.
Portugal entrou bem, belo golo de Maniche. Bom Miguel pela direita, como sempre. E se Postiga saísse para entrar Boa Morte? Os mexicanos fazem passes rápidos que podem ser certeiros. Para já, o árbitro chama-se Lubos ‘Silva’ Michel.

20 junho, 2006

||| Solstício.




















A Festa do Solstício está organizada para amanhã, 21, em Tambores, freguesia das Chãs, Vila Nova de Foz Côa. A ideia é de Jorge Trabulo Marques - e conta com uma homenagem a Fernando Assis Pacheco (na foto, Assis e «a pedra onde ele ergueu os braços aos céus, após o pôr do sol»). A concentração é no Santuário Rupestre da Cabeleira de Nossa Senhora – nos Tambores – às 19.00 horas, daí seguindo a viagem até à Pedra do Solstício, onde todos devem estar às 20.00 horas.

19 junho, 2006

||| Tunísia, 1 - Espanha, 3.







Repararam no fantástico Cesc, no trabalho e na magia de Torres “el Niño”, na classe dos passes de Xabi Alonso (ele, que dizia onde era o meio-campo) e de Cesc, na suavidade de Raul, no trabalho de Xavi? Desculpem o exagero. Mas o futebol faz mal ao coração, faz bem ao coração. E eu gosto.

||| Por falar em Brasil, agora que a Varig deu, fica a música.








Os últimos três anos de agonia e péssima gestão da Varig aproximam-se do fim, com histórias em que recordaremos a companhia (cada um com suas histórias -- as minhas derradeiras são bastante más...). Mas, para saudosistas, aqui estão alguns jingles clássicos de alguma da melhor publicidade radiofónica (e som para televisão) da Varig.

1. O célebre jingle que começa com «Seu Cabral ia navegando», em ritmo de fado, e que termina com saudações à «laboriosa comunidade luso-brasileira»; depois de Cabral ter sentido, «no peito / uma saudade sem jeito», diz a Pêro Vaz de Caminha que voltava já para Portugal -- «Quero ir pela Varig...»
2. Um dos melhores jingles de Arquimedes Messina sobre os 60 anos da Varig. Fantástico. «Sessenta anos voando, voando sem parar...» Termina com o saboroso «Variguii, variguiii, variguiiiii...»
3. Para quem recorda a canção, aí está o jingle clássico de Natal: «Estrela das Américas no céu azul, iluminando de norte a sul, etc., etc., chegou o Natal, papai Noel voando a jacto pelos céus…»
4. Outro clássico de Arquimedes Messina, aqui sobre a fusão Varig & Cruzeiro.
5. Finalmente, o mosaico musical da geografia brasileira da Varig. Muito bom.

Na foto, o primeiro hidroavião da Varig, Viação Aérea Rio Grandense.