||| Venezuela. Surpresas.
1. Alguns excelentes cronistas na imprensa (jornais El Universal e El Nacional).
2. Revelação de um pintor desconhecido da primeira metade do século XX, Armando Reverón (em exibição no Museo de Bellas Artes). Fantástico, prodígio de luz. «La verdad es la verdad; pero la luz ciega, vuelve loco, atormenta, porque uno no puede ver la luz.»
3. Os restaurantes de portugueses em Caracas (mais do que os restaurantes portugueses propriamente ditos): comida portuguesa, italiana, francesa, venezuelana, etc. Muito bons; alguns de alta cozinha. Não só: padarias magníficas de portugueses (algumas já se instalaram em Portugal, recentemente).
4. A obra inacabada: uma Última Ceia, de Arturo Michelena, na Capilla de Nuestra Señora del Pilar, na catedral de Caracas, na Plaza Bolívar.
5. As recordações de programas da RCTV, como o «Radio Rochela», de humor, que esteve 48 anos ininterruptos no ar. Hoje fazem-no na rua, ao vivo, com o público a rir na mesma. O programa foi criado por um argentino e um dos quadros mais famosos brincava com os portugueses -- o personagem principal era um português, dono de uma mercearia, que perseguia as clientes com propostas de natureza sexual; quando tinha intervalos nos seus jogos com as clientes, dedicava-se à mulher. E chamava-a: «Fáááátimaaa...» E desciam para a cave. Durante anos, todas as Fátimas portuguesas tiveram o seu purgatório.
6. Um livro magnífico: Del Buen Selvage al Buen Revolucionário, de Carlos Rangel. Por que é que os europeus gostam dos revolucionários latino-americanos? Rangel suicidou-se em 1988, mas o livro permanece actualíssimo.
7. As manifestações dos estudantes de Caracas, pela liberdade de expressão e sob os ataques de Chávez, que lhes chama bonecos do imperialismo.
8. Vários portugueses que conheci. Histórias deslumbrantes de aventuras da emigração. Coleccionei histórias belíssimas.
[FJV]
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