||| As coisas que andam no ar.
A silly season começou há umas semanas. Uns dois meses. Algures, lá atrás. Há demasiados elementos cruzados, entre o referendo que não vai fazer-se e a judicialização da vida política, questões aeronáuticas e matéria do mercado da arte contemporânea. Admito que pessoas com tempo para isso sejam capazes de detectar o fio que explica essas dissonâncias. O ideal seria que o Verão não chegasse, que o Verão se atrasasse, para que se percebesse alguma coisa sobre o fim que as coisas levam. Eleições em Lisboa, alguns incêndios, inquéritos de Verão, presidência europeia e, mais uma vez, o referendo que não vai fazer-se. Algumas destas coisas vão acabar mal. Sobre outras, detectamos o mal que vão causar. Em todo o caso, o mal anda à solta e o Verão há-de interromper algumas das histórias que ficam por contar: do novo aeroporto (que tem de fazer-se) ao traçado e custos do TGV (que tem de adoptar-se), do referendo (que não vai fazer-se) às dívidas das câmaras (que vão aumentar), dos exames (que já se fizeram) à flexissegurança (que é cara demais, o que não é caro para nós?), da pequena perseguição à ideia de que tudo está à venda (e às vezes está). Ele há coisas no ar.
[FJV]
A Origem das Espécies
We have no more beginnings. {George Steiner}
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