10 agosto, 2007

||| Humano?, 2.
Comentário de Mónica Granja, por mail, ao post sobre as juntas médicas:

«Tem-me chocado todo o alarme recente à volta das juntas médicas da CGA, sem que se fale da situação, quanto a mim mais grave (em frequência e grau) das juntas da segurança social, ao que consta constituídas exclusivamente por médicos mas nem por isso mais certeiras e justas nem isentas de comentários (por parte dos membros da junta) jocosos e depreciativos a quem a elas se apresenta. Julgo poder falar com algum conhecimento de causa, visto que trabalho como médica de família há 10 anos e tenho o feed-back dos meus pacientes que vão e vêm dessas juntas. Por exemplo, em relação às incapacidades temporárias (vulgo atestado ou baixa), nunca (NUNCA) vi um paciente a ser mandado trabalhar, ainda doente, no dia seguinte à junta médica pela CGA, como acontece actualmente a uma grande parte dos pacientes que vão a juntas da segurança social. Quanto às incapacidades definitivas, vulgo reformas por invalidez, penso que até se admite uma margem de erro maior. Há, de facto, doenças terríveis, incluindo alguns cancros, muito incapacitantes a um dado momento mas que, felizmente, não dão (ou não se pode ter a certeza que darão) incapacidade definitiva e não me parece atroz que uma junta decida que naquele momento não há certeza daquela incapacidade ser definitiva. Normalmente nestes casos em que a CGA considera não haver incapacidade definitiva, a pessoa mantém-se sem trabalhar (atribui-se incapacidade temporária) mas é sujeita a juntas periódicas de reavaliação. Parece-me mais uma questão em que a comunicação social nos vende uma papa que comprou feita (neste caso por um grupo que de um modo geral até tem regalias sociais melhores do que a maioria dos portugueses), sem se dignar a aprofundar e a contextualizar o tema.»
[FJV]

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