10 fevereiro, 2007

||| Não é correcto.
Quando incendiavam ônibus e matavam polícias e seus familiares em São Paulo, os bandidos tinham sempre uma ONG a questionar «as razões da violência». No Rio, isso acontecia frequentemente, mas «as razões da violência» mal serviam para mascarar a guerra pelo negócio da droga e pelo controle dos morros & vias cariocas. Por exemplo, no caso de São Paulo, poucos foram os que, no meio do furacão alertaram para a fragilidade daqueles polícias da rua, isolados e aterrorizados, incapazes de fazer frente ao armamento do PCC e dos outros comandos da bandidagem que ameaçava as suas famílias e chegou a fazer doutrina política.
Não sei onde andam as mesmas vozes quando a violência e a crueldade dos bandidos chegou aos limites actuais no Rio de Janeiro. Não é uma bala perdida a cair no empedrado da General Osório ou um corte do tráfego em Rebouças, «a ameaçar as classes médias» como dizia há tempos um dos sociólogos da moda. É guerra aberta com a comunidade. Mas as pessoas comuns não têm defesa. Não é correcto defender as pessoas comuns. Há um glamour esquizofrénico na violência e na bandidagem que tem direito a filme e a documentário.