15 novembro, 2007

||| Terminal 2.
Há quinze dias, aproximadamente, Medeiros Ferreira e eu tecemos alarvemente, e em lugar público, considerações cruéis sobre o que significava realmente a criação do Terminal 2 do aeroporto de Lisboa. Basicamente, o Terminal 2 é um barracão mal construído, desconfortável, onde nada funciona correctamente, onde quase tudo é feio e desastroso, e para onde a ANA e a TAP e a Groundforce e o Estado resolvem enviar os passageiros de voos domésticos. Ou seja, relegá-los para pessoal de terceira categoria, metidos num saguão onde não há lugares sentados, onde não há beleza nem conforto, onde tudo é desajeitado e de segunda e terceira ordem. Ainda o Inverno não está aí (e aí sim, quando vier, será realmente penoso), e já o Terminal (o barracão) está «avariado», a necessitar de reparações e de benfeitorias, metendo água e resvalando para a sujidade habitual. Esta é a forma como o Estado (e a ANA, e a TAP e a Groundforce) tratam os seus passageiros, os seus clientes e os seus contribuintes. É uma imagem perfeita da ideia que o Estado (e a ANA, e a TAP e a Groundforce) tem de nós todos: gente para maltratar. Eles não merecem senão que os tratemos mal.
[FJV]

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4 Comments:

Blogger joshua said...

Mas por alguma razão persistem na mesma toada. Não postagem afiada que os corrija.

Há uma espécie de contaminação autocracizante que percorre Estado e demais organismos. Reformar é, cada vez mais, parece-me, passar a ser insensível e desumano porque «só assim as coisas se fazem».

Lapidei composto o adjectivo correia-de-camposino / correia-de-campesinato /correia-de-camposiniano, só para sublinhar todos os tiques de essa ordem, inspirado em quem tão bem os evidencia.

9:43 da manhã  
Blogger star said...

Concordo plenamente. No verão viajei para Porto Santo e fui "inaugurar" esse desconfortável e tosco terminal. Tudo ao molho, fez-me lembrar o tempo dos retornados das colónias... Mal sentada, com fome (já não havia nada do menu oferecido pelo snack bar e pelo restaurante, pois fechavam às 21 horas). As pessoas olhavam desconsoladas para os avisos dos seus voos na esperança de ver aparecer a mágica palavra 'boarding' em vez de 'delayed'. As desculpas para os sucessivos atrasos eram completamente esfarrapadas e parecia que ninguém sabia o que andava a fazer ou dizer. Depois de muita espera, lá embarquei, depois da hora prevista para a chegada ao destino. Valeu-me, como sempre, os livros que carrego sempre comigo e que ajudam a passar essas horas de desconforto.

8:30 da tarde  
Blogger Sérgio A. Correia said...

Gosto muito da livraria que não há no "Terminal"...

10:59 da manhã  
Blogger RAF said...

Caro Francisco,
Há nove anos que tenho a penosa cruz de me deslocar de Lisboa ao Porto. Com a deteriorização do serviço da TAP/Portugália, a 260 euros a viagem, mas com um serviço de carreira rasca, e com a abertura da manjedoura que é o Terminal 2 (e o transporte daó até ao avião), tomei uma decisão radical: desde setembro que as deslocações a Lisboa são de carro ou na CP. O patrão agradece - vou ter fortes poupanças no meu orçamento para 2007 - e eu sinto-me melhor. No Alfa, demoro mais tempo, mas é tempo ganho: pontualidade, posso ler, tenho a liberdade de levar o que quiser na bagagem, liberdade para não ser revistado, acima de tudo, liberdade para dizer, basta! Infelizmente, e se para a Europa posso sair dispensando a TAP, para Luanda continuo refém. Espero que a TAAG resolva rapidamente os seus problemas, para poder suspirar e dizer: estou livre!

10:32 da tarde  

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