||| Obrigado por cada linha.
Há uma coisa que interessa neste post, para além da estratégia de «querer conversa»; é o título: «Na massa do sangue». Compreendam. Primeiro, ele quer conversa. Depois, ele sabe que «está-lhes na massa do sangue». Que sangue é esse? O dos judeus. De vez em quando é gente que tem sangue e, talvez por isso «[os judeus]acabaram por dar motivos para serem expulsos», primeiro de Espanha e, depois, de Portugal. Convenhamos: «foi o que eles [os judeus] fizeram em todos os países que os receberam durante a sua história de milénios», justamente, «dar motivos para serem expulsos». Usar o «eles» é uma boa estratégia: há «os judeus», «os pretos», «os católicos», «os brasileiros», «os tugas», «os paneleiros», mas sobretudo «eles». Diz-se «eles» e fica o problema resolvido. A massa do sangue é uma coisa bonita de se achar, sobretudo nos outros.
Por isso, obrigado por cada linha deste post. Há coisas que são assim mesmo. Abjectas ou apenas assim, como são. Não interessam os erros históricos e as manigâncias de estilo; o propósito é o de os apontar a dedo. Eles. Nós. Eles. Eu. Cada um.
[FJV]
Etiquetas: Estado das Coisas
22 Comments:
E obrigado por este post.
É preciso quem diga as coisas assim: simples, claras e a limpo.
Obrigado pelo blog e acima de tudo, pela clareza de espírito.
Bom dia FJV,
Belo post de resposta a um texto realmente abjecto do Dr. Pedro Arroja que não acerta duas.
Porque será que sinto cada vez mais a necessidade de relembrar o holocausto de de combater contra todas estas ( e outras formas ) abjectas de apontar o dedo ?
Cumpriemntos
Obrigado pelo modo exemplar como põe a questão na sua devida dimensão. Eu não conseguiria responder. Tive dificuldades em terminar a leitura daquilo.
Bem sei que a criatura quer conversa. E links. E comentários, cujo número o deslumbra. Para isso, pretende chocar. Até mais não. Mas é difícil não dizer nada, mesmo sabendo que esse é o seu triste fito.
Profetizo - ele vai acabar a defender a pedofilia. Com argumentos do tipo da defesa da 'tradição portuguesa'. Insinuando que a Igreja sempre o fez e triunfou. Que isso até ajuda as criancinhas. E que só uma sinistra conspiração (o lema de sempre) fez com os Estados sem Deus criminalizassem essa conduta que nunca terá feito mal a ninguém.
Depois surgirá uma vaga de protestos. E o desgraçado ficará contente. Consigo mesmo, com o que provocou. É o mais exaltado desvario a solicitar atenção. Seja lá como for: «olhem para mim, vejam como eu choco, sou tão provocador»...
Foi gente assim que soltou muito do mal que há neste mundo. Quando se quer ser falado, acima de qualquer outra coisa, a noção do bem e do mal fica instrumental da publicidade do 'eu'.
Ignorá-lo não é remédio, bem o sei. Apenas um analgésico. Mas é bom que alguém tenha a paciência e a arte de o pôr no seu sítio obscuro.
O "post" do Arroja cumpriu os objectivos e até mereceu transcrição...
Em relação ao resto, "eles", que se lixem...
"Ele", o Arroja, é que deve estar feliz, porque conseguiu mais este "post" e mais estes comentários...
Pedro Arroja foi e é (ainda não negou a paternidade, bem pelo contrário)o pai do neo-liberalismo, o pai da direita moderna livre-pensadora ,em Portugal
este post e os comentários serão algum complexo de Édipo mal resolvido?
timshel,
O melhor seia ler o texto que lhes dá origem. Depois, ou se identifica com o que lá está ou não.
Perante a defesa do horror qualquer esforço de psiquiatria de pacotilha é ainda mais irrelevante. Se concorda com aquilo, diga-o.
"Ele".
Este "ele" é que é o "tal" Pedro Arroja? "O" Pedro Arroja? Mas, afinal, quem ou o que vem a ser esse Pedro Qualquercoisa?
Eu cá, que nunca tinha lido nada de tão ilustre desconhecido, fico ciente daquilo que arroja este Pedro: pedras.
Não tenho nada a comentar.
A única coisa que sei, é que no blog de Daniel Oliveira (que transcreveu o post)um comentador frisou que há uma diferença entre judeus e sionistas.
Quantos haverá a pensar assim?
CAA
A primeira vez (salvo erro) que falei no Pedro Arroja em termos sérios foi aqui:
http://timoteoshel.blogspot.com/2007/08/pedro-arroja.html
passo a citar-me:
"as ideias de Pedro Arroja enfermam de dois erros: uma visão tendencialmente negativa de uma categoria de pessoas (os judeus) e uma visão algo assistencialista do papel do estado, que nada tem a ver com a concepção cristã, nos termos da qual, dado que todos os homens são irmãos, ao estado cabe prosseguir políticas que visem uma tendencial igualdade entre todas as pessoas na disposição dos recursos que visam a satisfação das necessidades humanas.
A primeira visão errada, sobre os judeus, é de tal modo manifestamente injusta que de momento apenas refiro que se trata de uma generalização (má, como a maioria das generalizações), inumana (quando as generalizações más se referem a pessoas, são sempre inumanas), e, mesmo que fosse verdadeira (se é que a uma generalização se pode aplicar este adjectivo), completamente inútil de um ponto de vista cristão nos termos do qual só o amor prevalece.
A segunda visão errada, menos grave que a anterior, resulta da incompreensão da visão cristã sobre a fraternidade entre todos os homens, todos eles igualmente filhos de Deus."
depois aqui:
http://timoteoshel.blogspot.com/2007/09/blogosfera-das-tricas-pessoais.html
passo a citar-me:
"Aparentemente, as raízes anti-judaicas do regime nazi tiveram uma origem muito simples: um traumatismo resultante de uma relação pessoal conturbada entre o jovem Hitler e uma pessoa de origem judaica.
Aquilo que é sentido como uma agressão, origina fenómenos complexos de reactividade por parte do agredido.
De entre os vários tipos possíveis de reacções, gostaria de sublinhar neste momento apenas duas: a generalização negativista e a paranóia.
Na primeira, por um mecanismo assaz curioso, mas não específico apenas do homem (encontra-se também noutras espécies animais), o agredido transfere a sua agressividade para todos os sujeitos que apresentem semelhanças com o agressor, independentemente da culpa destes sujeitos simplesmente aparentados ao agressor."
finalmente aqui:
http://timoteoshel.blogspot.com/2007/10/de-novo-o-objectivismo.html
passo a citar-me:
"Pedro Arroja é um ideólogo perigoso. Digo que é perigoso por uma razão simples: porque julga que não é um ideólogo. Atente-se neste post.
Aparentemente anti-ideológico, trata-se de facto de um post tipicamente ideológico. Nele, o autor expressa a sua concepção da existência. Nos termos desta ideologia, a actividade intelectual do homem deve apenas consistir em "descrever a realidade". E nada mais do que isso."
O post de Pedro Arroja a que me referia era um post tipicamente neo-liberal, variante objectivista, nos termos da qual a realidade é apenas para se desrever e não para se intervir.
O teu problema caro CAA é que não compreendes que não foi pôr acaso que o Pedro Arroja foi e é o pai do neoliberalismo. É a mesma indiferença ao Outro que ele sempre teve e tem. É a mesma preocupação em "descrever a realidade" chamando "engenharia social" a todas as políticas de esquerda que visem cuidar do Outro e ter atenção em con-ferir diginidade ao Outro.
Como bem diz o FJV é o "Eles". Só que o FJV e outros neoliberais fazem o mesmo. "Eles" são todos aqueles que se preocupem com a injustiça social.
Existe algo em comum em tudo o que o pedro Arroja defende e que tudefendes caro CAA. E esse algo em comum não são apenas aspectos secundários mas uma determinada concepção da existência humana.
timshel,
Quanto à alusão de identificação, embora o meu propósito não fosse de ofensa, peço-te desculpa.
Quanto ao que possa existir "de comum", não há nada. Nem de paternidade. Haviam memórias, despertares, que, concedo, devem ter sido tão precipitados que não me deixaram ver a boçalidade ali evidente.
PA não é pai de tradição alguma entre nós - cavalgou o liberalismo há perto de 20 anos como agora abraça o catolicismo fanatizado. Sem o perceber, só para se fazer notar, porque julga perceber alguma extravagância.
E a minha "concepção de existência humana" não tem relação com aquela imundice. Nenhuma.
Se te referes ao liberalismo, faço notar que as origens da sua força partiram da rejeição daquilo que a criatura exibe.
Aquilo não é liberalismo em nenhuma das sua vertentes. É só uma tristeza imensa.
CAA
Acredito na honestidade das tuas intenções.
Um abraço
timshel
Os incompetentes necessitam sempre de um bode expiatório para mascarar a sua ignorância.
Serve sempre o que está mais à mão, Judeus, Pretos e demais estrangeiros, etc.
O curioso é que se substituirmos o termo "Judeus" pelo termo "Sulistas" temos um discurso muito em voga a norte do Mondego.
Luís Bonifácio,
Está a misturar brinacadeiras com coisas muito sérias.
Há uma maneira errada de lidar com os argumentos de Pedro Arroja: considerá-lo louco e desprezá-lo. Incorreríamos na mesma falta de respeito que o senhor tem por nós.
Creio que o FJV optou pela estratégia correcta: denunciar as falácias dos seus argumentos e mostrar como o seu discurso está repleto destes pequenos truques oratórios e de manobras rasteiras como o recurso ao "eles" e a outras convicções infundadas para sustentar e justificar o insustentável.
Pedro Arroja é o grande demagogo do nosso tempo. Olhemo-lo com um sorriso, mas não deixemos de denunciar o lamaçal intelectual no qual vegeta.
Bem Pelo Contrário
Caro Timshel,
há um pequeno senão no seu comentário; eu não sou «neo-liberal». Sou liberal.
Abraço
Quando se pensava que no mundo ocidental já não se tinha de ouvir alarvidades xenófobas deste género, eis que de repente aparece alguém a colocar-nos em sentido contra a estupidez. Bom texto.
Caro f anónimo (perfil não disponível)
O seu comentário é extremamente interessante.
Com efeito, ele poderia ter sido escrito pelo autor deste blogue, pelo Pedro Arroja ou por qualquer outro (neo)liberal da nossa praça.
Se acha que pode tirar daí alguma conclusão, tire-a.
Um abraço
Escrevi um post sobre o anti-semitismo de Pedro Arroja que parece ter picado o autor e os seus fãs das caixas de comentários. Sobre mim, milhares de mimos: miúdo, anormal, extra-terrestre, maluquinho, jacobino, ignorante, cão-raivoso, e, o meu favorito, da autoria de um dos frequentadores dos comentários, a ideia de que só serviria para abate (provavelmente sou como aqueles judeus que fizeram por merecer ser expulsos deste cantinho da Ibéria). O próprio Arroja retoma hoje a temática, insistindo na sua habilidade para mudar fraldas quando eu ainda não andava por cá para as usar. Contudo, para desmentir o anti-semitismo do autor ou para tentar apontar outra vez uma tese de eventual equívoco e de errada compreensão dos seus escritos, nem uma só palavra apareceu.
Pela leitura dos comentários que se fizeram aos posts do Portugal Contemporâneo, eu serei seguramente analfabeto, mas aparentemente ninguém me fez o favor de explicar em que é que li mal o que Pedro Arroja escreveu. O mal não estará no que foi escrito e mal compreendido: eu é que não percebo a razão que o autor tem, nem compreendo o quão indigno é acusá-lo de comportamentos odiosos. Sou mesmo acusado de tentativa de assassinato de carácter, quando manifestamente aquilo com que deparamos é com um suicídio de carácter bem sucedido por parte de Pedro Arroja.
Um leitor no meu blog disse num comentário que não devíamos dar-lhe o prazer de chocar e de provacar terceiros. Já afirmei aqui em tempos que, de facto, ignorar e não dar tempo de antena a estes fenómenos é o melhor remédio na maioria dos casos. Contudo, disse também que quando a intensidade dos barbarismos tem exposição pública e atinge proporções como as que estamos a assistir, não podemos deixar de reagir em repúdio e com veemência, precisamente na linha do que aqui disse josé gomes andré num comentário. Para já, mantenho a mesma linha.
Obrigado.
Pedro Arroja não será um nick de algum partido neo-nazi a precisar de tempo de antena? Se é, está a conseguir...
O post do Arroja é anormalmente estúpido.
Mesmo para ele.
Ahaha, cuidado, bacocos, seus miúdos, o Pedro Arroja diz mais numa sílaba, numa palavra, que vós, geralmente, num sermão.
Ui, o PA enrola-vos e perde tempo a dar conta que ainda existis. Ih, pedantes! Ma ca gandas parvalhões!
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