14 outubro, 2007

||| Elogio.
O João Gonçalves comentou o «assunto Fátima» no seu blog, como católico que é. E acrescenta: «Nesta matéria sigo intransigentemente o Papa. Sou um humilde servo na vinha do Senhor que não aprecia que espezinhem a vinha.» Ele tem razão, sobretudo quando escreve que «são [os únicos posts] verdadeiramente pessoais». Pessoalmente, gosto de ortodoxos que vivem a sua ortodoxia sem tentarem impor a sua ortodoxia aos outros. Privei com alguns e guardo uma boa imagem dessa tentativa de viver a ortodoxia sem proselitismo; esses meus amigos vão à sinagoga, à missa ou à mesquita, seguem as interdições, os riscos, os limites – e obedecem. Invejo alguns deles; conhecem o sentido da palavra abnegação, sabem o significado da palavra disciplina. Comem kosher e cumprem as obrigações de Shabbat; sorriem diante da heresia e não se enfurecem com a vida dos goyim (גוים). É o caminho mais difícil e devemos respeitá-lo. Gosto desse silêncio, dessa intimidade, dessa «matéria pessoal». É um caminho ainda mais digno do que o «espectáculo da ortodoxia». Gosto da memória de Meah Shearim embora o espectáculo seja muitas vezes oportunista; não é o meu mundo mas devo respeitá-lo. É a sua ilha, a sua cidade, o seu muro. Para muitos é a sua vaidade, infelizmente, e a sua fúria; mas para outros também é o seu sofrimento e a sua escuridão e a sua luz mais intensa.
[FJV]

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