16 agosto, 2007

||| Quando somos alguma destas nossas coisas.











Sabem de nós coisas estranhas que nós não sabemos. O que deixamos num lugar de uma biblioteca, num cartão multibanco, no cartão magnético de um hotel. Quando alugamos uma bicicleta ou preenchemos um papel insignificante acerca da rua onde moramos. Os retratos dos filhos, dos avós, dos netos, dos amigos, se mandamos emoldurar as fotografias. Os telefonemas que nos ouvem. Sabem de nós coisas estranhas. Quando pedem a nossa declaração de IRS em lugares comuns e fáceis. Quando passamos numa auto-estrada, compramos um bilhete para o cinema, ou dizemos os filmes da nossa vida, os livros que levamos para uma ilha – sabem tudo de nós. Sabem de nós coisas estranhas que nós não sabemos. Quando passamos numa fronteira, quando assinamos um papel, vamos ao banco, matriculamos os filhos numa escola, compramos um carro. Todos nos pedem a identificação. Sabem de nós coisas estranhas que nós não sabemos.
[FJV]

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