08 julho, 2007

||| Física, 2.
A Teresa Castro, por mail, comenta a questão dos exames de Física do secundário:
«É verdade que quem estuda e tem boas notas no decorrer do ano
lectivo obtém classificação a contento nos exames nacionais de Física (12º),
Física e Química(11º) e Química(12º). As dificuldades fundamentais não
respeitam às novas estratégias de ensino, aos critérios de avaliação ou ao
desinvestimento da tutela – o equipamento dos laboratórios é a cada ano
melhor e tecnologicamente mais desenvolvido e cresce o protagonismo das
aulas laboratoriais nas aquisições das competências necessárias às ciências
ditas experimentais.
Os problemas são outros e fundos. A maioria dos alunos chega ao ensino
secundário oriundo das escolas básicas, ensinados por professores cujos
objectivos pedagógicos são adequados ao sucesso na conclusão do nono ano de
escolaridade. Temos, como decorre das estruturas escolares, uma fractura
entre ciclos de estudo, em vez de estabelecimentos de ensino onde os
docentes podem leccionar, em simultâneo ou rotativamente, 12º ano e 7º ano
de escolaridade. A perspectiva da dialéctica ensino-aprendizagem muda por
completo – o professor terá objectivos mais abrangentes, preparando os
alunos de acordo com perspectivas e competências futuras, conquanto
subordinado aos conteúdos curriculares do nível leccionado. No quadro
estrutural presente, ao concluírem o ensino básico, os alunos vêm adaptados
a um ensino concreto – de acordo, aliás, com o desenvolvimento intelectual
da faixa etária – e deparam à entrada no secundário com ritmos de trabalho
exigentes e conteúdos que requerem treinados raciocínios lógicos e
abstractos. Ora, para isto não foram suavemente preparados. É o choque. A
inadaptação. A ruptura. A fuga. O sucesso em pirâmide aguçada culmina no 12º
ano. Convém enfatizar que três anos de estudo nas escolas secundárias são
curtos para modificarem os enraizados hábitos de modéstia nos desafios
pessoais e a facilidade.
Mais há: os cursos de ciências e tecnologias requerem dos alunos muito
empenho pelas três abordagens obrigatórias em cada ciência curricular –
componente teórica, teórico-prática e laboratorial sustentada esta em
relatórios individuais que devem cumprir normas rigorosas e prazos
específicos. Por outro lado, pais e alunos raramente levam a sério a
informação de todas as classificações obtidas desde o início do 10.º ano
contribuírem para a média final de conclusão do secundário – média decisiva
para o ingresso na universidade.
Os alunos que sustentam as aprendizagens em trabalho esforçado e talento que
lhes determinou a escolha vocacional, ainda que genérica, ao findarem o
ensino básico, têm sucesso à altura da dádiva. Os que optam pelo estudo das
ciências por razões frívolas como o prestígio social ou a perspectiva de
entrada facilitada no mundo do trabalho sem que as capacidades de disciplina
interior estejam à altura, verão nublado o sucesso.»
[FJV]

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