18 maio, 2006

||| Scolari, 2.
Eu não queria perder tempo com comentários imbecis ao meu post anterior sobre Scolari, sobretudo com aqueles que insistem sempre no mesmo -- que eu escrevi o que escrevi porque Felipão não convocou jogadores do FC Porto. Dizer o seguinte, e rapidamente: 1) ainda os meninos andavam a discutir se o treinador da selecção devia ser Toni ou Manuel José, e eu já conhecia o trabalho de Scolari, porque era treinador do Grêmio, para onde levou Jardel, arrancado ao banco do Vasco; 2) ao contrário de muitos jornalistas de secretária e mesa de almoço «com o pessoal», orgulho-me de ter escrito uma boa história sobre a «vida & obra» de Scolari, publicada na defunta Grande Reportagem no dia do infeliz jogo inaugural de Portugal com a Grécia -- para ela falei com jornalistas, técnicos, jogadores, comentadores de futebol do Brasil (de Salvador a Pelotas) e até com amigos de Felipão; portanto, sobre ele já disse o que tinha a dizer: é um tipo duro, pouco de gargalhadas mas leal e cómico, sovina, sério em questões de trabalho, pouco influenciável pelo pessoal da imprensa e dos grandes clubes -- um exemplar da colónia italiana de Passo Fundo e de Caxias do Sul (para os meus amigos brasileiros, isso explica muito; para os que não sabem o que isso é, leiam a biografia do Grêmio, escrita por Eduardo Bueno, o Peninha, para perceberem o que é «a técnica do joelhaço e cotovelaço» aplicada aos vários domínios da existência); 3) sim, Scolari é futebolisticamente burro; foi-o nesse infeliz jogo inaugural de Portugal com a Grécia, depois do qual foi obrigado a mudar toda a linha da equipa e a afastar as meninas da moda; foi-o ligeiramente no jogo com a Inglaterra, que ganhámos nos penalties e onde nasceu o mito Ricardo; foi-o, finalmente, no jogo de despedida com a Grécia, em que a Grécia jogou à Scolari e Scolari resolveu reabilitar as meninas outra vez; e está a sê-lo de novo, levado por ressentimentos vários e por alguma teimosia -- se a teimosia é um bom motivo, o ressentimento é o pior de todos; 4) um homem futebolisticamente burro não é um mau gestor de equipas de futebol e até pode ganhar campeonatos e bons títulos; no caso de Scolari, é também um teimoso com uma grande capacidade de lidar com questões de balneário e de afrontar os inimigos organizados (como fez em São Paulo durante o tempo do Palmeiras, ou durante a campanha do Japão/Coreia); 5) Scolari não gosta de futebol-arte (que é coisa de veado, como se sabe), e isso pode ser uma vantagem para quem acha que o fundamental é ganhar; na verdade, o futebol também é «vai buscar!», mas pode haver quem goste de ver jogar bem; 6) nunca foi guerra minha a convocação de Vitor Baía, nem a de Quaresma é; mas acho que temos direito a ver Quaresma a jogar na selecção principal em vez de algumas das meninas que andam por lá.

17 Comments:

Blogger Unknown said...

Eu sou do Benfica. Mas quem eu queria ver a jogar por Portugal é o Quaresma. Ele é um mercenário, como quase todos (mas um mercenário que é criativo, joga bem, e faz cruzamentos de trivela) e até comecou no Sporting, porque é que temos que pensar em termos clubistas? Os comentários do outro post fazem parte da polémica do dia a dia em vários blogues e jornais desportivos, mas são ridículos. E também concordo que as "meninas" tinham lugares melhores que lhes deviam estar reservados nesse mundial, como os sofás com um televisor em frente.

5:14 da tarde  
Blogger brmf said...

Só não percebo o conceito de "futebolisticamente burro". O que é? É ganhar campeonatos mesmo que não estejam os melhores jogadores (em teoria) em campo? É ganhar campeonatos mesmo que não seja através do "futebol-arte"? Se ele é um indíviduo futebolisticamente burro, é um treinador eficazmente "esperto". E já agora, se não serve para a selecção, eu aceitaria-o de bom grado no Benfica.

5:27 da tarde  
Blogger Nuno said...

Sim, isso! Scolari já para o Benfica! Com Rui Costa como brinde. Seria ouro sobre azul-e-branco!

E, se me permitem, alguém é "futebolisticamente burro" quando anda um ano e meio a jogar futebol medíocre, até perceber, no intervalo do jogo inaugural do Euro, que tem uma equipa de campeões no banco.
Quanto ao título de campeão mundial (ganho por Scolari com o Brasil): quem se lembra quem foi o teinador, dos ultímos países campeões? E onde estão eles agora? A selecção portuguesa que melhor jogou, nos últimos 20 anos, foi a do Euro 2000 quando os jogadores mal falavam com o técnico e matavam por um lugar. Sem lugares cativos… só mérito.
Ser vice-campeão é ser o primeiro dos últimos. É, infelizmente, não ter sabido ganhar.

5:59 da tarde  
Blogger Francisco del Mundo said...

Concordo... E mais nada...
Abraço

10:26 da tarde  
Blogger ms said...

Li imensos comentários sobre a convocatória de Scolari. Santos Neves, em A BOLA, esgrime «bons» argumentos sobre as opções do seleccionador. Não me convencem! A ausência de Quaresma é um «crime» de lesa futebol!
Não sou do FC Porto (vivò Benfica!) e... não suporto Scolari. Até pode vencer o Mundial :), mas não me convence!

MS

11:47 da tarde  
Blogger maloud said...

Eu estive no jogo inaugural do Euro, no Dragão. Aquilo foi mau demais para ser verdade. Tínhamos os campeões europeus no banco, enquanto as prima-donas se afundavam no campo e o sr. Scolari deitava as mãos à cabeça. No fim aplaudimos, mas quem lá esteve, sabe que enquanto batíamos palmas, comentávamos o descalabro.
Diz o FJV que o senhor é honesto. Discordo. Se fosse honesto no fim do Europeu tinha posto o lugar à disposição. A selecção que a custo nos levou à inglória final, foi feita pelos comentadores e pelo público, que não auferem ordenado chorudo. Se tivessemos continuado com a selecção Scolari, nem a fase de grupos ultrapassávamos.

11:50 da tarde  
Blogger João Pedro said...

Eu lembro-me muito bem da fantástica equipa do Grémio de Porto Alegre, treinada por Scolari. O goleador Jardel apareceu aí, com um esquema à sua medida, bem ladeado por craques como Paulo Nunes, Arce, Adilson, entre outros. Uma equipa constituída por Scolari, sem "pressões do público", que venceu a libertadores e só perdeu a Intercontinental contra o fabuloso Ajax nas grandes penalidades.
Não me parece que tenha sido a providência da sorte, ou tácticas de alguém "futebolisticamente burro", a darem-lhe o seu invejável currículo. Por outro lado, se era obrigação dele demitir-se, que dizer daqueles que falharam rotundamente? Bem sei que tentaram bater em Oliveira em Pedras Rubras, mas pela mesma bitola, este deveria ser posto a ferros.
Acho um piadão as referências a Quaresma e os remoques a Rui Costa: há este costume irritante de se denegrir os jogadores em fim de carreira; mas gostava de saber o que é que "gitano" até hoje mostrou na Selecção, ou os grandes êxitos do seu clube nas provas internacionais deste ano.
Não que o deixasse de fora, da mesma forma que levaria Pedro Mendes e ricardo rocha. Mas a forma como tentam sempre rebaixar Scolari é maldosa, teimosa e raia as fronteiras do ressabiamento.

1:37 da manhã  
Blogger João Melo said...

tive a (re)ler o post anterior sobre scolari e os comentários.julgo que fui um dos visados.o ponto que se coloca é que scolari definitivamente não é amado pelos jornalistas, porque não lhes passa cartão e não lhes paga alomoços e jantares.O futebol de scolari não é bonito?é tão bonito como o dos anteriores selecionadores e de outras equipas portuguesas como o porto e o benfica.é mal educado?é.tem personalidade.tem!os jogadores gostam dele?gostam e muito , e irão dar o litro por ele.desde à muito que não se via uma selecção tão unida.o seu argumento de que o futebol da selecção não "é arte" é uma falácia.quantas vezes não ouvimos o argumento de que portugal jogava bonito e não era eficaz?os jogadores davam 30 toques pelo meio campo e golos que é bom ,nada.deixem o homem em paz!ele se ficar pela fase de grupos de certeza que é o primeiro que a sair pelo próprio pé.faço-lhe a seguinte questão ( deve cair em saco roto ,mas "prontos"..):se scolari fosse um português com que os jornalistas se tivessem de cruzar pelo resto da sua carreira e em que a consequência de uma critica seria "ganhar"um inimigo ( poderoso..)e a fonte noticiosa iria secar,será que as criticas iriam ser tão crispadas?a minha resposta é NÃO!os jornalistas da praça sabem que scolari mais cedo ou mais tarde vai partir .fico à espera da sua opinião...

9:31 da manhã  
Blogger brmf said...

"Ser vice-campeão é ser o primeiro dos últimos. É, infelizmente, não ter sabido ganhar."

Esta frase feita pode ser muito bonita mas não tem fundamento nenhum. Quem ainda se lembra que ficamos de fora do Mundial 98 com jogadores como Figo (o da época, muito melhor que o actual), Paulo Sousa, Rui Costa, João Pinto, Fernando Couto, etc.?
Prefiro ficar sempre em segundo em todas as competições internacionais de selecções do que nunca lá estar presente. Se para não ser segundo é preciso ficar de fora das fases finais, eu não me importo de ser sempre segundo.

"Se fosse honesto no fim do Europeu tinha posto o lugar à disposição." essa também é boa, nunca vi em nenhuma empresa um gestor que cumpre os seus objectivos (desculpem que vos diga mas não me parece que ao ficar em 2º não tenha cumprido os seus objectivos) ser despedido ou colocar o seu lugar à disposição.

Por último, o FJV falou em "futebol-arte", alguém conhece alguma selecção que tenha sido campeã mundial através do futebol-arte, à excepção do Brasil? E mesmo o Brasil quando provavelmente praticou o seu melhor futebol de sempre (no conceito do "futebol-arte") em 1982 na Espanha, segundo me dizem, perdeu com uns italianos terrrivelmente eficazes. Nem a Argentina em 86 com Maradona se pode considerar que tenha praticado esse futebol. Tinha uma "artista", o Maradona e os restante eram operários. É tudo muito bonito, mas no fim o que interessa é ganhar. Gary Lineker disse: "O futebol é um jogo muito simples. Durante 90 minutos, 22 homens correm atrás de uma bola – e no final ganham os alemães", isto é a essência do futebol - GANHAR. Os Panzers alemães não jogavam bonito, jogavam para ganhar.

Scolari sabe isso. A propósito recomendo um post do "maradona", "Cá dos rapazes" que diz tudo que é preciso sobre Scolari e a sua convocatória em (acausafoimodificada.blogspot.com)

Cumpramos a lei natural das coisas, as críticas ou elogios devem vir após os acontecimentos.

Já agora uma questão: Se Scolari e a selecção forem campeões mundiais (algo muito pouco provável; nem têm obrigação disso), vós, os críticos dão o braço a torcer?

Cumptos.

10:33 da manhã  
Blogger ahmaro said...

É ele que vai ser a Besta ou o Bestial: tem todo o direito de escolher quem entender!

4:39 da tarde  
Blogger CAA said...

Muitíssimo bem.

6:27 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

«Scolari não gosta de futebol-arte (que é coisa de veado, como se sabe)»

Francisco, "veado" deriva, é abreviatura de -desviado- salvo melhor opinião, dever-se-á escrever: "viado".

[a confirmar junto da comunidade brasileira]

11:02 da tarde  
Blogger alcofa said...

Tenho cada vez menos paciência para o homem. É uma prima-dona que tem um chilique à primeira crítica que lhe fazem (ainda se tivesse mau feitio como o Mourinho até tinha uma certa piada). Está sempre a fazer-se de vítima e a queixar-se (e nisso parece mais português do que brasileiro). No fim disto tudo o que é que sobra? O costume: se ganhar é um herói, se perder é uma besta. Não vai haver novidades, portanto.

12:25 da tarde  
Blogger Maria Martha Nader said...

na verdade, de "transviado" - mas de algum modo é sim com "i".
Também confirmando que "jumento gaúcho" por aqui também pode ter um significado mais malicioso.

4:49 da tarde  
Blogger F said...

Caros Pedro Oliveira e Martha: ok quanto ao «viado» de «transviado»; Bueno escreve «veado» e Chico Buarque também. Mas admito. Martha: ser gaúcho é uma qualidade (estou trauteando «Querência Amada», de Teixeirinha...).

Quanto ao resto: a crítica a Scolari não é uma «profissão de fé Anti-Scolari». Não pedirei aos deuses que ele seja derrotado. Mas a mistura de fé com «psicologia de balneário» é que me parece grave. E insisto, sim: Scolari perdeu contra a Grécia nas duas vezes em que jogou da mesma maneira. E voltou a dar sinais de que só sabe jogar assim. Só que, este ano, está à solta. É isso que eu temo.

Para os que julgam que as minhas críticas têm a ver com a não convocação de jogadores do FC Porto, lamento desiludi-los. Não tem nada a ver. Os jogadores do Porto convocáveis este ano seriam, além de Quaresma, Pepe, Lucho, Paulo Assunção, Helton e Adriano. Portanto, já se vê. Sem ressentimentos.

6:11 da tarde  
Blogger Maria Martha Nader said...

se "ser gaúcho" é uma qualidade, há quem considere que a alcunha de "jumento", aplicada com um sentido malicioso (lembrar da anatomia do animal) também seja uma qualidade - foi essa a minha observação, e apenas jocosa, pois no Brasil diríamos antes burro, imbecil ou idiota.
Quanto ao Chico escrever "veado" (pergunta), ele escreve assim mesmo ou o reportam dessa forma após alguma entrevista?

6:49 da tarde  
Blogger Rogério Matos said...

Tá , tá, já percebi! Então, caro FJV, eu o que quero mesmo é de muitos burros como o Filipão. À parte o resto, nomeadamente o seu conhecimento sobre o Felipão, e tudo o que escreveu sobre ele, deixe-me dizer-lhe, FJV, que nessa matéria você já explicou tudo mesmo, mas foi em outras vezes anteriores: você é hooligan, e está tudo dito!! Certo? Se o homem vier a ser campeão do mundo ou a fazer uma gracinha parecida, você fica na sua e continua a dizer que o homem é burro, né??? O que é que se há-de fazer???

10:53 da tarde  

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