||| A quem possa interessar.
Caríssimo Dr. José Alberto Azeredo Lopes: li esta notícia e creio dever informar essa Entidade que neste blog não há «conteúdos sujeitos a tratamento editorial» e que, como tenho escrito, os «conteúdos» não estão «organizados como um todo coerente», coisas que me permitem escapar à superior vigilância da Entidade. Mesmo assim, nunca se sabe. Sendo verdade que os socialistas italianos (ou assemelhados) já criaram mecanismos para morigerar a blogosfera (obrigando os blogs a um registo, ao pagamento de uma taxa e a obter um alvará), espero que os socialistas portugueses (ou assemelhados) não caiam na esparrela. Ao contrário de outros «meios», este blog não tem agenda, não tem editor sempre responsável, e não costuma insultar ninguém. Uns atropelos, vá lá. Mas nada de especial. Asseguro o direito de resposta a toda a gente, desde que me respondam sem muitos advérbios. Falo de sexo apenas o indispensável, a política deixa-me desamparado e desiludido («desiludido» é uma maneira de dizer), a literatura ainda não é muito ofensiva, e não publico fotografias de cidadãos que não querem ser fotografados. Desde que o Dr. Soares mencionou o «direito à indignação» tenho, repetidas vezes, tentado insultar o aeroporto de Lisboa, a estação do Oriente, o Sport Lisboa e Benfica (ou os repolhos do meu clube de estimação), o seleccionador nacional, os táxis no aeroporto de Lisboa, o mandatario Hugo Chávez, a Asae, o Jornal da Região, os inimigos do Dr. Pinto Monteiro ou -- uma vez por outra, mas sem grande impertinência -- essa Entidade. Todos somos injustos, é o que é. Portanto, isto não é um site. Assino com o meu nome. Não tenho nenhum blog anónimo. Quem quer responder-me, responde, mas não me parece que seja necessário invocar os códigos. O senhor diz que «não há, ainda, um plano de acção elaborado», e espero que tenha em conta estas observações. Mas nunca se sabe. Em Itália, a esquerda achou que devia disciplinar os blogs, e isso, como se viu, dá má reputação. O senhor procurador-geral acha que os blogs são uma porcaria, e o senhor primeiro-ministro também partilha a opinião. Não me parece verdade, porque há blogs muito bons. Há blogs onde se escreve muito melhor do que nos sites oficiais do Estado português, e que são muito mais úteis (eu forneço uma lista, sempre pronto a delatar). A Dra. Margarida Moreira (lembra-se dela?) vigia os blogs e anota tudo o que eles escrevem sobre o seu magistério moral e político, para quando chegar o dia. Os blogs não têm poder nenhum, os blogs têm muito poder; o senhor, que é um académico muito respeitável, pode escolher qual das afirmações é verdadeira. Existem, naturalmente, blogs de sarjeta, tal como existem políticos de valeta. A vida é muito injusta nesta matéria.
A questão é que «todas as pessoas que sintam violados os seus direitos de expressão em sítios da Internet que cumpram uma função de veículo de comunicação pública possam ver as suas queixas atendidas pelo Conselho Regulador». Eu, que assino este blog, preferia poupar-lhe o trabalho, e pedir aos ofendidos que recorram aos tribunais civis. Como sabe, a lei geral é suficiente. Veja o que acontece com o o futebol, com os seus tribunais especiais, as suas leis particulares, os seus desembargadores de aluguer, os seus juízes descredibilizados: ninguém confia. Não queira o senhor passar -- injustamente, é certo -- por ser um desses desembargadores da Federação de futebol, como se houvesse um Estado dentro de um Estado.
Nós, nos blogs, geralmente exageramos muito. De uma coisa de nada fazemos (falo por mim) uma tempestade, de coisa nenhuma fazemos um carnaval.
Portanto, se a TAP ou o aeroporto se queixarem do que escrevi sobre aquela coisa miserável que é o Terminal 2, ou se os superlativos talentos da Expo 98 se queixarem do que disse sobre aquela coisa grotesca e desagradável que é a Estação de Oriente (são dois exemplos recentes), diga-lhes, por favor, que me enviem um email. Basta isso. É um mimo.
[FJV]
Etiquetas: Blogs
14 Comments:
Os blogues são para mim o jogo. Pode-se morrer e continuar vivo.
Uma estimulação mental sem palavras irreparáveis. Quanto mais luta, mais prazer.
Se querem dizer-me algo que o façam pessoalmente por email, sms, telefone ou cara a cara.
Mas afinal é sério! Se retirar este comentário faço queixa contra si.
Quero um post do mesmo tamanho de contraditório.
FJV gostei do post, concordo com o post e não se aflija o bom senso e a liberdade em Portugal existem por isso foi só uma gralha que será modificada. Já quiseram o medo da repartição e não valeu de nada. Se querem o medo da blogosfera não vai valer de nada.
Bons post! Continue a mexer com os neurónios porque é isso que torna a vida divertida.
quanta
Boa tarde FJV,
Coitados! Melhor será deixá-los com os seus pruridos de trazer por casa. Fecho os olhos e chegam-me como néons as palavras de Alexandre O’Neill. Sarcásticas, certeiras.
“- Neste país em diminuitivo**…
- Respeitinho é que é preciso”
In, Poemas com endereço, Morais Editora, 1962
Este comentário foi removido pelo autor.
Isto já começa a enfadar-me o espírito. O pior é que se algum dia me quiserem entrevar o blog, a situação ainda chega aos jornais (se calhar a única forma de ser lido por mais de duas pessoas), vou a tribunal,e depois tenho que explicar à minha mãe, não o processo de tribunal, mas por que raio é que utilizei tantas vezes a palvra "foda-se" num sítio para ser lido por quem quiser. "Olha a tua sobrinha filho! E se ela um dia lê isso?"
Queira perdoar, se me permito uma correcção: a coligação de centro-esquerda que forma o Governo italiano não criou quaisquer "mecanismos para morigerar a blogosfera". Se houve essa ideia, no que concerne os bolgues, foi posta de parte.
leio-lhe os livros, copio-lhe as receitas, comungo dos seus desamores pedíbolas... enfim acho-lhe piada.
Continue,
Se fôr preciso peditório, abaixo-assinado, passeata, arruaça... conte comigo!!!
FJV,
deu para sorrir! rir não que ando sem grande vontade nem motivo mas enfim...
eu sou um ingénuo, um inocente, tenho andado para aqui a dar cabo das meninges. Sendo verdade, verdadinha, que os blogs, os bloggers, essa tralha toda que ando por aí ou aqui a poluir a atmosfera são assim tão pouco importantes porque tem andado tão insistente e sistematicamente essa «gente» preocupada com eles? porque será? Já sei!( e não é assim tão pouco importante como possa parecer... é que são muitos)cada bolgs «de sarjeta» ou «de valeta» como queiram - vale pelo menos o voto dele e, às tantas, mais umas tantas influências... é mau (para eles). A não ser que de seguida retirem o direito de voto a quem editou/editava um desses blogs.
Agora um pouquito mais a sério. O senhor que, o FJV trata por/ de caríssimo, distinto e nobilitado académico, ex-comentador... da praça, ainda não percebeu - é pena!- é o que é ser ridículo.
Diga-lhe que se eu o quisesse ofender, chamando nomes feios a ele ou a alguém da família dele muito próxima, sem sofrer consequências, arranjava um IP fora do país, em outro continente, enviava a um amigo meu o email com o texto e ele, lá, postava como, quando e sempre que eu quisesse.
Para o bem e para o mal esta onda é imparável. Por vezes custa mas o que querem?
Cumprimentos
David Oliveira
Afinal a esquerda italiana morigerou ou não? Gostava de saber.
Obviamente, demitia-me.
Um abraço para ti tipo Stepanov.;
magnohlia said...
Afinal a esquerda italiana morigerou ou não? Gostava de saber.
6:04 PM
Não, não morigerou. Era para morigerar, mas não morigerou. Alguns adeptos mais empedernidos da morigeração bem tentaram, um até disse que "sim, senhor, eu cá morigero essa coisada toda, e estou-me nas tintas para se tu morigeras ou não", mas de facto népia, ainda não foi desta. Quem saiu morigerada, disto tudo, foi a própria proposta de morigeração.
Uma maçada.
Espero n�o ofender a Entidade Reguladora nem o autor do blog, mas n�o resisti a divulgar o texto por correio electr�nico
Como o João, espero não ofender ninguém mas o link no vilaforte.blog.com, já lá mora!
pedro oliveira
Senhor. Como jornalista e pessoa respeitada (preceu-me), seria mais interessante conhecer a fundo uma situação antes de julgá-la e/ou criticá-la. Sou de Picos e li suas palavras fumacentas, urubuzentas, empoeiradas, "emburrachadas", cheias de Chris Isaak. Pra vc pode parecer normal, mas pra quem conhece Picos MUITO BEM, sabe exatamente o quão imprecisas e precipitadas foram suas palavras. Espero poder olhar com olho mais clínico sobre o mundo que o circunda. Fico cada vez mais triste com as ações e comportamentos humanos e, assim, a acreditar menos nesta espécie a qual pertenço. Cledinaldo Borges Leal
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