||| Música portuguesa, cultura portuguesa, todos nós.
[Post de João Miranda sobre o assunto.] É um pormenor importante, não sei se repararam: a lei define o que é música portuguesa: «veiculem a língua portuguesa ou reflictam o património cultural português, inspirando-se, nomeadamente, nas suas tradições, ambientes ou sonoridades características»; «representem uma contribuição para a cultura portuguesa». Mais: «A quota de música portuguesa fixada (...) deve ser preenchida, no mínimo, com 60% de música composta ou interpretada em língua portuguesa por cidadãos dos Estados membros da União Europeia.» Compreendo a tentativa de colocar os distribuidores na ordem e de os impedir de dominar as playlists das rádios ignorando o que é nosso, as nossas sardinhas, o nosso bacalhau, a nossa Mafalda Veiga, o nosso Clemente, o nosso António Manuel Ribeiro, o nosso Fernando Girão, o nosso Fausto Cantor Maldito Bordalo Dias, a nossa Claudisabel, os nossos Delfins. É preciso fomentar as nossas coisas.
Porquê a música apenas? Por que não os livros nas livrarias? Entremos no delírio. Aceitam-se sugestões sobre pautas obrigatórias. Não sobre aquilo de que gostamos, mas sobre aquilo de que devemos gostar para sermos mais portugueses, melhores portugueses, sempre portugueses.
P.S. - Uma coisa é «a música portuguesa»; outra, é beneficiar uma classe profissional, impondo por meios legais a obrigatoriedade de abrigar os seus produtos.
[FJV]
A Origem das Espécies
We have no more beginnings. {George Steiner}
6 Comments:
Pelo visto, nem assim a coisa vai.
Qual Ruth Marlene, Qual Romana, Qual familia Carreira o que está a dar é José Malhoa, uma pérola lusa! Atente-se na poética composição de " Até a Barraca abana". Não admira que seja necessário realojar esta gente, as barracas andam sempre a cair. È preciso defender este maravilhoso património linguistico!
"Quando chega o fim de semana
Até a barraca abana
Quando vem o tempo de amar
Até a barraca abana sem parar
Quando chega o fim de semana
Até a barraca abana
Quando vem o tempo de amar
Até a barraca abana sem parar
Abana, abana p'ra cá, abana p'ra lá
São dois dias de amor sem ter final
Abana, abana p'ra aqui, abana p'ra ali
Todo o fim de semana é sempre assim
I-
Cinco dias longe de ti
Cinco noites sem teu calor
Provoca desejos em mim
Maiores que a palavra amor
Coisa que só passa depois
Sábado, Domingo ao luar
Quando nós cantamos os dois
Esta frase popular
II-
Cinco dias sem na, na, na
Cinco noites sozinho aqui
Provoca desejos a mais
Maiores que o desejo em si
Coisa que só passa depois
Sábado, Domingo ao luar
Quando nós cantamos os dois
Esta frase popular.
Um dia havia de acontecer...
Que post triste!
Só uma pequena nota: a entrada é do Gabriel, não do João Miranda.
A anedota desta lei (quando li a noticia a semana passada) é que se aplicava reroactivamente a Maio/07... Pergunto: como é que se faz as rádios passarem músicas portuguesas num tempo passado, hein?!
Não percebo porque é que tem de vir a conversa do bacalhau e da sardinha e da Claudisabel. Portugal é isso? Ou o Francisco tem medo que Portugal seja isso (ou tem medo disso)? Porque não discutir racionalmente a questão, ao invés de fingir que Portugal é a sardinha - o que, obviamente, deixa no ar que sardinha só há (como gostam tanto os nossos cronistas de dizer) "neste charco". É que a mim a Shakira cheira tanto a sardinha como a Claudisabel. Uma sardinha mais requintada, porque cozinhada em restaurantes mais caros, mas ainda assim (pequena como a) sardinha. E igualmente má. Acresce dizer que estou à vontade nesta matéria: sou totalmente contra as quotas. O que não me impede de não gostar de caricaturas facilitistas e menores. Ou o Francisco acha que a literatura portuguesa é só Margaridas Rebelos Pintos?
Cordialmente,
João Bonifácio
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