||| Acordo ortográfico.
Tanto me faz. O «acordo ortográfico» para a Língua Portuguesa não faz mais do que alterar a grafia de 0,45% de palavras escritas em português do Brasil e menos de 2% do português de Portugal (sendo o «português europeu» o padrão dos países africanos). Por isso, reparo agora nesta coisa esdrúxula de a ministra da Cultura portuguesa pedir uma moratória de 10 anos para a adopção integral do acordo. Quatro anos no Brasil, dez anos em Portugal?
Também acho estranho que a SPA e a APEL insistam em iniciar agora um período de discussão alargado e um «debate público e institucional sobre a matéria». Desde 1990 que o protocolo inicial está assinado para ratificação política depois de dez anos de elaboração das bases pela Academia de Ciências de Lisboa e pela Academia Brasileira de Letras. E houve debate público, na imprensa, nas faculdades, nas «instituições».
O pior dos argumentos dos defensores do Acordo: «Os inimigos do Acordo acham que a ortografia é uma coisa sagrada, que seria pecado alterar». Em certa medida, a ortografia devia ser sagrada e respeitada; mas ser sagrada e respeitada não significa ser inalterável de acordo com o costume, que é um valor a ter em conta.
O pior dos argumentos dos adversários do Acordo: «Não me roubem o c de insecto ou o p de baptismo». Na verdade, tanto o c como o p dessas palavras não se pronunciam. Batista já não é Baptista há tempos. No Brasil idéia e vôo passarão a ideia e voo. E ficarão sem o trema de tranqüilo (com os lamentos de João Ubaldo Ribeiro, que dorme abraçado ao trema).
[FJV]
Etiquetas: Acordo Ortográfico
3 Comments:
Se uma língua é imutável é porque está morta. O Português, como língua viva e resultante de diversos aportes culturais, de que só nos devemos orgulhar, é natural mente uma língua em constante evolução, cuja ortografia deve ser objecto de renovação normativa sempre que necessário e oportuno.
Quando desaparecerem deste mundo os últimos baluartes de cultura que ainda temos, os da geração de sessenta...oa língua portuguesa corre sério risco de ir na enxurrada...porque não haverá quem a defenda e a prenda às margens do seu leito. Desfazer-se-á no lodaçal descaracterizado do brasileiro que, pode ser muito perfumado para o Brasil, mas não é o nosso...Defendo tenazmente o respeito pelas nossas raizes luinguísticas...olho para as palavras como a continuação dum ramo que se prende a um tronco vivo. Com a sua história e as suas ramagens próprias. Não quero ver a minha língua vestida de trapos...deixados nas valetas... ou despida da roupagem que lhe pertence. A modernização louca é desvairada...corre atrás do que reluz...mas não é oiro.
Não sei se o FJV agora...( antes parecia-me do meu lado...)já está a defender a consumação deste acordo...corrosivo e destinado que pretendem impor ao meu País!
JLMG
Subscrevo na íntegra!
Enviar um comentário
<< Home