11 setembro, 2007

||| Comentários. A crónica de João Fragoso Mendes: não tem nada a ver com bandeirinhas à janela.

O primeiro passo é sempre o mais difícil. E a presença de Portugal no Mundial de França é um primeiro passo. Para os cépticos, para os teóricos de pacotilha (para quem desporto apenas rima com futebol), para os que se insurgem com a (merecida) cobertura mediática dada à presença dos Lobos em França, esclareço com toda a frontalidade: o nosso campeonato foi o caminho até ali.
A partir da chegada a França as ‘cabazadas’ não afligem. Fazem parte da aprendizagem e do jogo. A proeza individual não se aplica ao râguebi, a mais colectiva das modalidades colectivas (trata-se de um jogo de combate, onde a falha de um é a falha de todos).
Prefiro, muito sinceramente, sentir as denominadas ‘cabazadas’ na pele como se fossem minhas, como se estivesse dentro de campo, a ter de ver no Mundial (como vi até aqui) os nossos ‘iguais’ espanhóis, russos, uruguaios, zimbabueanos ou coreanos perderem por diferenças idênticas ou maiores.
É neste nível que se aprende. Se a oportunidade for bem aproveitada daqui a quatro anos perderemos por menos. Como aconteceu com a Argentina, a Itália, as Fiji ou com Samoa. Se o râguebi dispuser de meios e os souber potenciar, daqui para a frente o único caminho possível é o do crescimento.
E, já agora, prefiro mil vezes ver o Rui Cordeiro a chorar enquanto cantava o Hino Nacional às bandeirinhas penduradas à janela...

[João Fragoso Mendes é jornalista, antigo praticante (na equipa de Direito), animador do Lisboa Sevens, autor do livro 50 Anos de Rugby e ex-director da Rugby Revista; comenta neste blog os jogos do Mundial de rugby; as suas crónicas diárias podem ser lidas no Correio da Manhã.]

[FJV]

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