04 maio, 2007

||| Fumo, 6.
Lamento informar-te, Fernanda, que não há aqui «preconceitos de classe ou de raça», nem vejo onde estão «as confusões», I’m afraid. Lê bem. E lê outra vez. Não discuto o direito de os fumadores não respirarem o fumo dos outros; reconheço-o e defendo-o. Por isso, tem de haver uma lei. Eu respeito a lei, que é a garantia de podermos viver em sociedade sem nos apedrejarmos uns aos outros, mas as leis devem ser sensatas, ponderadas e não podem ser elaboradas com base no ressentimento ou no espírito de cruzada. Também insisto que esta lei actual se limita, em grande parte, actualizar as leis existentes, a alargar o conceito de espaço público e, espírito do tempo, a interferir na esfera privada (em nome da vida saudável).

Não fumo nos aviões, não fumo nos transportes, perto dos hospitais (por pudor, nem à porta), nas repartições, em qualquer lugar onde veja o sinal de «proibido fumar». Curiosamente, a Grande Reportagem (na altura em que eu era director e nos tempos em que éramos vizinhos, portanto, no edifício do vetusto) era uma revista maioritariamente «de fumadores» e interditou o fumo na redacção, em respeito pelos não-fumadores; tal como a Casa Fernando Pessoa adoptou o princípio não fumador em 90% do seu espaço (sim, garantimos a existência de uma área de fumadores). Fico tranquilo por reconheceres a existência de «leis iníquas, atentatórias da liberdade e do bom viver», mas eu resolvo o problema facilmente: se não puder fumar num restaurante, ou não vou ou fumarei depois. Ou, melhor ainda, janto em casa, com grande proveito pessoal. Até porque, como dizia Vázquez Montalbán, um charuto suicida-se diante de uma pessoa que o odeia.
De resto, sim, mantenho que a proibição de fumar em restaurantes, contra a vontade dos proprietários é contra a liberdade de escolha.

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