15 março, 2007

||| Prémio Camões, 2.
Nós não nos entendemos nisso. Nós, quero dizer, portugueses e brasileiros. Lembro-me da atribuição do Camões a Rubem Fonseca, que sei que ficou comovido pelo prémio, mas a «comunidade de leitores» brasileira liga pouco a isso; Rubem publicou a sua magnífica antologia de contos logo a seguir e a Companhia das Letras não mencionou o Prémio na sua biografia – porque, de facto, lhe atribui pouca importância. O motivo até pode ser simples: o Jabuti, como o Portugal Telecom, dois prémios que agitam o Brasil e ganham páginas inteiras nos jornais, têm listas de finalistas e são discutidos por críticos e escritores, muito embora o seu valor pecuniário seja menor. Figurar na shortlist de cada um desses prémios é, já de si, uma distinção.
No caso do Camões, não se pode querer organizar um Cervantes só porque sim; Cervantes é uma figura absolutamente popular no universo hispânico – quanto a Camões, independentemente de ser uma figura tutelar da Língua e da nossa literatura, é pouco reconhecido no Brasil. E passa, portanto, por se tratar de um prémio português.