15 março, 2007

||| Prémio Camões, 1.
O prémio, atribuído anualmente, só tem realmente importância em Portugal. No Brasil, a importância do Jabuti (ou do Portugal Telecom, por exemplo) é infinitamente maior. Não é uma crítica nem um espalhafato; é uma constatação. A chamada «comunidade lusófona» não conseguiu, nestes vinte anos, impor o prémio como uma distinção cultural importante e houve momentos em que o Prémio Camões passou por ser um instrumento político, atribuído em sistema de rotatividade pelos países de Língua Portuguesa (excepto Cabo Verde, onde há um autor que o merece, mas que provavelmente nunca o terá; falo de João Vário, um poeta absolutamente notável da nossa língua). Estruturalmente, o Camões é um prémio conservador, mas creio que não poderia ser de outra maneira; visa, sobretudo, certificar o cânone literário.
Outro sentido teria se o Camões servisse para distinguir personalidades cujo trabalho não se confinasse ao meio literário, mas abrangesse também a ciência ou a música, por exemplo. Mas, assim, talvez não se chamasse Camões. De qualquer modo, seria pior se não existisse de todo.