02 dezembro, 2006

||| Assim é fácil.
O mail do leitor Luís Varela coloca um problema sobre a língua, a correcção gramatical e a incorporação de novas expressões e léxico. Seria bom que se reflectisse sobre o assunto. Estará certo incorporar expressões como «tu dissestes» ou «tu fizestes» apenas porque elas são escutadas e popularizadas? Nos anos oitenta as faculdades retomaram a «linguística da oralidade» contra a «escrita», o que desvalorizou a ideia de «norma» e a abriu ao «linguajar registado»; ou seja, se se registam expressões como essas, o que nos permite dizer que estão erradas? É uma democracia da barbaridade, mas é necessário discutir o assunto. Outro caso é a expressão «bué», por exemplo, incluída no Dicionário da Academia. Trata-se de um modismo que, aliás, caiu em desuso actualmente; mas a vontade de ser «moderninho» e «actualizado» levou à sua inclusão no Dicionário da Academia. O problema é que um dia destes haverá, nos dicionários, entradas que apenas foram popularizadas pelo Gato Fedorento, que as ridiculariza, ou pela Ana Malhoa, que as utiliza com grande alegria. Assim é fácil.