02 outubro, 2006

||| Brasil. O dia seguinte, 3.
O passeio do apedeuta (roubo a expressão a Reinaldo de Azevedo) transformou-se num pesadelo para o grupo de sitiantes do Planalto (José Dirceu, José Genoíno, Sílvio Pereira, Delúbio Soares, Antonio Palocci, Luiz Gushiken, Mercadante, etc.) e num pequeno momento de glória para o caciquismo e as oligarquias do PMDB, que venderão o poder a Lula, voto a voto. Na rádio, oiço António Costa Pinto prever a vitória por margem absoluta de Lula na segunda volta -- com uma segurança extraordinária e surpreendente. Duvido. Pode ganhar. Mas não é seguro que ganhe. Aliás, não é nada seguro que ganhe nos estados que verdadeiramente contam: São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio, Minas ou Santa Catarina e Paraná.

Outro pormenor curioso: o tom nas rádios portuguesas, em certos horários. Pelo tom de voz se conhece a desilusão do jornalista. Muitos tinham assumido a vitória absoluta de Lula na primeira volta (primeiro turno) e nem sabiam pronunciar correctamente o nome de Alckmin. E juro que ouvi isto: Lula, o antigo operário, terá de esperar até dia 29 para ver confirmada a sua reeleição. Onde está o jornalismo? Por que será que as pessoas não se informam minimamente antes de tratar um assunto tão complexo como este?
Nem uma referência a dois factos essenciais: o PFL ganhou no Senado (o PSDB é segundo) e o PSDB é o partido com mais votos em todo o Brasil.