29 agosto, 2006

||| Agir em bloco, desta maneira, é coisa de malfeitores.
Isto sim, é escandaloso: há livrarias que só vendem os livros escolares a quem encomende todo o conjunto de manuais de um aluno. A venda de manuais escolares, toda a gente sabe, é um grande momento para a vida das livrarias em geral, tal como a chamada feira do livro é um grande momento para a vida do stock de muitos editores. Mas nada autoriza que as livrarias exerçam o seu poder de grémio desta forma, quem sabe se com a ajuda dos mecanismos dos próprios editores. Que têm as livrarias de decidir sobre as compras ou encomendas de livros dos seus clientes? Quem as autoriza a decidir sobre as listas de livros de uma escola, de um aluno ou de quem quer que seja? Essa pressão absurda sobre os consumidores é manifestamente imoral, mesmo que não seja ilegal. E se não for ilegal é imoral na mesma.
Imagine-se o caso de alguém que precisa de um manual de História do 9º ano: «Queria o manual x de História para o 9º ano, edição da y.» «Não vendemos.» «Mas está ali.» «Eu sei, mas só vendemos o conjunto completo de livros.» «Qual conjunto completo de livros?» «O conjunto de livros de cada aluno.» «Mas o que é que os senhores têm a ver com os livros que o meu filho precisa?» «Nós é que sabemos.»
Em muitos casos trata-se de livrarias que, ao longo do ano, armam o «discurso da queixinha», sobre como vai mal o mercado e sobre como está difícil a vida -- mas nesta altura do ano abusam da sua posição e da quase absoluta fragilidade dos pais e encarregados de educação. Livrarias? Bah.