05 julho, 2006

Os franceses não nos merecem.








Atravessei o nosso país cheio de eucaliptos e de bandeiras para esmagar os franceses; muni-me de vários pares de óculos para ver o penalty assinalado contra Portugal e acabei por descortinar o penalty não assinalado contra a França. Sou um “hooligan” nestas condições.
Aos 77 minutos desesperei. Estava a ver o jogo na Casa de Cacela, no Algarve, e desesperei com o falhanço de Figo depois do disparo de Ronaldo. Aos 79 minutos desesperei outra vez quando Cristiano Ronaldo se deixou cair no chão da área francesa diante de Barthez, o mãos-de-manteiga. Aos 82, quando Ricardo Carvalho se atirou às pernas do francês, vi que era o fim. Aos 83, Deco tenta fazer um passe de calcanhar com uma displicência de elefante. Quatro sinais sem importância num jogo perdido por falta de concretização e com um penalty encomendado ao som da Marselhesa por um árbitro uruguaio de reconhecido estrabismo.
Até ao lavar dos cestos é vindima, disseram-me aos 85 minutos. Não era: a baliza francesa estava fora da mira, no meio da desorganização portuguesa – na defesa, no meio-campo, no ataque. Aos 92 minutos, já não desesperei com aquele tiro de Meira: enfureci-me de novo e definitivamente. Senti-me um fanático, dos verdadeiros, insultando Scolari por não ter feito entrar Nuno Gomes em vez de Postiga e por não ter rendido alguém por Quaresma (eu tinha de dizer isto ao fim de três meses em que não o disse). Gritei em cada uma das jogadas portuguesas nos derradeiros cinco minutos e assinalei jogadas perdidas por cada um dos nossos.
Se é certo que, nas partidas anteriores, Portugal nunca jogou “bonito” e nunca jogou realmente bem, fiando-se na natureza da “eficácia”, este último confronto mostrou uma equipa enfraquecida e sitiada pelo adversário, sem (ah!, que bonito é o futebolês) “soluções atacantes”. Mas não interessa. Sejamos sérios, no fim de contas: não choremos sobre o jogo e limitemo-nos, como qualquer adepto que gosta de futebol, a insultar os franceses, que nos eliminaram em 1982, em 2000 (de penalty) e em 2006 (de penalty). Francamente, eles não nos merecem.
(No JN)

33 Comments:

Blogger Diogo N. Gaspar said...

dificil será dizer melhor, caro viegas.


DNG(KultiVo)

10:52 da tarde  
Blogger José Borges said...

Só faltou dizer: Viva Portugal!

11:02 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

não gosto de futebol...
não percebo de futebol...

ainda bem que acabou!

11:19 da tarde  
Blogger António said...

Bem dito, os franceses não merecem. Que viva Italia.

11:27 da tarde  
Blogger 9-9 said...

Ainda não era hoje o nosso dia, mais Mundiais se seguirão. Com este grupo, ou com outros jogadores e outro selecionador, acho eu que ninguém nos proíbe de tentar de novo para a próxima.
É daquelas coisas que custam a digerir mas foi mesmo penalty do Ricardo Carvalho, e não há nenhum penalty por marcar para Portugal. Faltou-nos um golo, paciência.

12:00 da manhã  
Blogger K. said...

Vi o jogo no Bonaparte... será demasiado aziago associar o nome do bar ao adversário, mas fica no vazio o que poderia ter sido concretizado e terminou num remate do Napoleão Zizou...

12:07 da manhã  
Blogger Sérgio Aires said...

Domenech satisfait! L'équipe de France conserve la confiance de son dernier sponsor: Jorge Larrionda

12:53 da manhã  
Blogger Francisco del Mundo said...

Perdemos... Mas deixemos lá isso...:D Somos tão bons no "quase" que nem saberíamos como reagir se fossemos campeões do Mundo...:D
Abraço, caríssimo homónimo

12:55 da manhã  
Blogger Rogério B. Alves said...

A única chance de Portugal era o empate, a exemplo do jogo com a Inglaterra. Substituir não finalizador por não finalizador... Deu 'ronaldite' no Deco e Thuram no resto do time.

2:13 da manhã  
Blogger Sofia Bragança Buchholz said...

E digo mais, Francisco, para os franceses:

LIBERTÉ, EGALITÉ E VAN-SI FUDÊ!

;-)

2:41 da manhã  
Blogger Silvia Chueire said...

Tem a minha solidariedade, com a tristeza e irritação (minhas) agravadas pela performance daquela seleção brasileira apática, que merecia perder.
Mas a seleção portuguesa,apesar dos erros teve raça, gana e futebol.De fato os franceses neste jogo não mereciam vencer!

Abraços,
Silvia Chueire

6:58 da manhã  
Blogger Alma said...

Correcção:
foi em 1984 que os franceses me levaram às lágrimas.

10:15 da manhã  
Blogger Rogério Matos said...

Estava escrito caro FJV. Até lhe perdoo essa do Quaresma: parece que estou a ver o menino a centrar de «fivela» para aquelas cabeçinhas francesas, e a derivar para o cogestionado centro da defesa francesa. Mas enfim. Mesmo não sendo hooligan (como só você sabe, e bem, ser), o que custa é friamente verificar que se alguém lutou pela sorte naquele jogo, foi apenas Portugal.

10:42 da manhã  
Blogger João Melo said...

Pergunta para FJV:o que sepp blatter preferiria para as audiências? portugal ou frança?resposta obvia...

11:07 da manhã  
Blogger Ricardo said...

Uma pequena correcção: os franceses não nos eliminaram em 1982 (Mundial de Espanha), mas sim em 1984 nas meias-finais do Europeu em França.
Abraço

Nota: já procurei o artigo no site do JN e não encontrei, o que se passa?

11:19 da manhã  
Blogger lector said...

Mas vão seguir-se mais dois anos de descanso, não é? Depois, sádicos, disporemos de novo o coração a sofrer com probabilidades e imponderáveis. E, sim, talvez seja dessa que sentiremos que o sangue de 84 estancou. Até lá há muito que fazer (e não é no futebol).

12:01 da tarde  
Blogger Harry Lime said...

FJV,

Ainda bem que escreveu o que escreveu! é bom que alguém diga que a culpa não é só do cinismo frances e da arbitragem manhosa.

Infelizmente ainda só li isso na blogoesfera. De qualquer maneira foi uma campanha óptima com uma vantagem em relação a 66: pode ter continuidade.

Há jogadores jovens e ambiciosos na calha. O FJV falou do Quaresma mas eu prefiro falar do João Moutinho, do Custodio ou do Manuel Fernandes.

Agora o Scolari tem de começar a renovar a equipa para que estas boas campanhas se tornem a regra e não a excepção.

12:07 da tarde  
Blogger Isa said...

nós perdemos com França no Europeu de 2000, nas meias finais, habilidade do Abel Xavier. e sim, o cristiano sofreu um penalty que n foi marcado, sim, o árbitro n deu amarelos nenhuns e deveria ter dado, sim, somos os maiores e fizémos um excelente Mundial. Não, o quaresma n fez lá falta nenhuma e sim, o Nuno Gomes deveria ter entrado em x do Postiga em todas as situações.

fica-lhe bem este texto, ó Francisco.

12:17 da tarde  
Blogger dfrodrig said...

Eu soube logo que não iamos ganhar quando a bola passou por entre os dedos do Ricardo. Esse é que é o grande detalhe do jogo: se fosse contra qualquer outra equipa, o penalti teria sido defendido, e daí, podiamos partir para a humilhação.

E por isso, apenas um jogador teria sido capaz de marcar penalti: o mesmo que mostrou que sabe passar melhor que o Deco, que não faz passes de calcanhar a não ser quando são necessários...
Como disse Valdano: El único reloj que da la hora justa es el de Zidane. Tiene un panorama amplísimo; sabe cuando hay que tenerla y cuando hay que soltarla, sabe cuando hay que jugar en corto y cuando hay que jugar en largo, sabe cuando hay que tocar hacia los laterales y cuando hay que profundizar. En un fútbol donde la norma es chocar, Zidane siempre encuentra los caminos despejados.

Paciência. Na realidade perdemos contra o Magrebe... Dissimuladamente, é a vingança do ciclo infernal entre muçulmanos e bárbaros. E nós ali no meio, sem saber a que civilização pertencemos.

12:44 da tarde  
Blogger Patrícia Nogueira said...

No fim de contas, a temporada não foi má.

1:00 da tarde  
Blogger Malta da Rua said...

No fim de contas somos nós que comemos as francesinhas e, aqui para nós, há um restaurante na aldeia de Monsanto chamado Adega Típica o Cruzeiro com a seguinte ementa: Entradas: Pão regional; Azeitonas; Presunto e Chouriço assado na brasa. Sopas: Sopa de legumes com feijão. Carne: Ensopado de borrego; Cabrito no forno; Arroz de galo; Ensopado de javali; Bifes e Alheiras. Doces: Papas de carolo; Arroz doce e Farófias. Repararam no arroz de galo?

1:09 da tarde  
Blogger Carla Ferreira de Castro said...

Levo deste mundial a ideia de que jogámos, quase sempre, com 10 (e às vezes 9) pois o Pauleta andou a passear o pentedo (moderno e asseado, sem dúvida). Já sei, estava pouco apoiado, mas podia ter corrido um pouco mais...

1:36 da tarde  
Blogger Malta da Rua said...

Certo, certo é que chegámos às meias finais sem saber ler nem escrever. É o estilo do Scolari, jogar para passar. México, Holanda e Inglaterra. Podíamos ganhar ganhar a qualquer um destes com scolari ou sem scolari... para ganhar a um dos outros 3 das meias finais ou à argentina ou brasil é preciso um bocadinho mais que um scolari trabalhador e motivador. É preciso um scolari atrevido que ponha avançados a jogar e não deixe sempre dois ou três médios a defender um resultado que não interessa. Atrevimento táctico bolas. Atacar... será que o scolari sabe o que é o 4x4x2? Avé Maria...

1:45 da tarde  
Blogger Politikos said...

Ok, FJV, escreveu com a paixão... Deixe passar dois dias e verá que o tipo de jogo português foi igual ao tipo de jogo de italianos e franceses... E nesse tipo de jogo, os franceses ontem foram mais competentes...
O Baía e o Quaresma não acrescentariam nada a esta selecção. O Ricardo esteve a 100% e para o lugar do Quaresma tivemos o Figo, o Cristiano Ronaldo e o Simão Sabrosa...
Apesar de tudo o que foi feito foi muito bom...
Além de que adorei o detalhe do «puto» a rir-se de felicidade quando tocavam o hino: «I'm the king of the world»... E há quanto tempo não via um sorriso daqueles nos «astros» da bola?!?!?!

1:46 da tarde  
Blogger Malta da Rua said...

E já pensaram no impacto de uma final Itália-Portugal? Muitos milhões perdidos em audiências e publicidade... Não digo que exista uma conspiração da FIFA, da Adidas e da arbitragem porque não acredito em bruxas - mas que as há, há - e não acredito num apito dourado internacional. Corrupção só mesmo em Portugal. Lá fora são todos uns santinhos...

2:03 da tarde  
Blogger NUNO FERREIRA said...

Faltou sorte e faltou o Deco mas faltou também um ponta de lança. O que é o Nuno Gomes ficou a fazer no banco? E evidentemente que o Quaresma devia ter sido convocado para jogar nas alas. De qualquer forma, penso que em equipa que ganha não se mexe e Scolari deve ficar e fazer a renovação para o Euro 2008

9:03 da tarde  
Blogger Afonso Henriques said...

Jogámos 9(*) contra 14(**).
É mais difícil ganhar assim.
Um abraço,

Afonso Henriques

(*) Pauleta e Deco não jogaram. Estiveram por lá.
(**) Uruguaios será outra maneira de dizer batota?

11:56 da tarde  
Blogger R.O. said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

1:36 da manhã  
Blogger Celinho said...

O que é mais dramatico é ver uma equipa que não é tudo isso chegar à final. Eles têm um futebol bonitinho e eficiente, mas onde está a magia do futebol? Acho que ficou presa na defesa de uma equipa qualquer no Mundial. Viva a Italia!

1:49 da manhã  
Blogger R.O. said...

Ver FJV a comentar um jogo de futebol, enternece. É ele a fazer-de-conta que acredita que as finais não podem ser direccionadas, que um árbitro não é um árbitro, que uma final França-Itália não rende mais uns eurositos que outras. É ele a fazer-de-conta que ainda acredita no Pai Natal, não é?

2:08 da manhã  
Blogger marta, a menina do blog said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

1:54 da tarde  
Blogger marta, a menina do blog said...

VIVA PORTUGAL!!!

Não é preciso mais nada.

Às vezes, acho que a falta de sucessos que a nossa selecção nos dá (apesar do soalheiro lugar junto dos 4 melhores...) se deve ao que eu chamo uma falha de corrente.

Se todos nós torcessemos fervorosamente pelos nossos heróis em vez de, como a maioria dos portugueses (nomeadamente os Machos), nos armarmos em treinador de tasca, que sabe tudo sobre futebol, mas que não tem a mínima hipótese de chegar a treinador nem do Sport Clube União Torreense, provavelmente quem mexe os cordelinhos lá em cima havia de nos dar o gostinho de uma taça...

1:56 da tarde  
Blogger Bbel said...

Eu não entendo xongas de futebol, mas fiquei a pensar sobre quem nos merece, afinal?

Abraços,

4:55 da tarde  

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