02 julho, 2006

||| Leitura: o caviar.












O livro é uma preciosidade: Caviar. A Estranha História e o Futuro Incerto da Iguaria mais Cobiçada do Mundo, de Inga Saffron (edição brasileira na Intrínseca). Conta a história do caviar, mostra como as ovas de esturjão tiveram influência em questões geopolíticas e como a cobiça está a destruir o peixe pré-histórico («Duzentos e cinquenta milhões de anos antes do surgimento dos seres humanos, os esturjões já subiam os rios do planeta. Esses peixes são mais velhos do que os dinossauros. [...] Os cientistas chamam-lhes fósseis vivos porque pouco mudaram ao longo dos milénios.»).
Escrevia Milorad Pavic, no Dicionário Khazar: «Os khazars acreditam que nas profundezas escuras do mar Cáspio existe um peixe sem olho que marca, como um relogio, a única hora certa do universo.»
De Ovídio a Dumas, de V. Khlebnikov, Estaline, Lenine ou Aristóteles a Nikolai Gogol -- tudo sobre o caviar. E a lembrança da imposição de Churchill, em 1941, a Lord Beaverbrook (enviado à URSS para discutir a guerra com Estaline): que traga um acordo e onze quilos de caviar, «do bom». Lembram-se de Brideshead Revisited e daquela refeição esplêndida, de blinis com caviar? Evelyn Waugh dava o tom: «as natas e a manteiga quente misturavam-se, separando, um a um, cada grão esverdeado de caviar, cobrindo-o de branco e dourado».

6 Comments:

Blogger Mónica (em Campanhã) said...

ah, o dicionário Khazar... nunca mais encontrei um livro assim

10:09 da tarde  
Blogger CMF said...

Caro fjv, existe tradução portuguesa do Dicionários dos Khazars!?? "Acabei" de comprar uma tradução inglesa em Belgrado, e agora vejo isto! Não é que me importe de ler em inglês, mas tradução por tradução...

7:08 da tarde  
Blogger Mónica (em Campanhã) said...

não sei se estamos a falar do mesmo livro: este é de Milorad Pavic, edição da D Quixote, 1990. haverá algum dicionário oficial e este é uma ficção? também gostava de saber.

5:46 da tarde  
Blogger F said...

Sim, trata-se do «Dicionário Khazar», ficção de Milorad Pavic, edição portuguesa da Dom Quixote (saiu também uma edição, lindíssima, muito boa, no Círculo de Leitores - com o grafismo original da edição americana, os símbolos a cor e tudo).

5:57 da tarde  
Blogger CMF said...

Sim, é o livro de Pavic que refiro. Estive agora a verificar, e apesar de ser uma tradução inglesa, a edição que tenho é sérvia. Não sei se respeita o grafismo original (não vejo a parte da cor que o Francisco refere). Mas é, também, lindíssima! Ah, e tenho a "Female Edition"! :)

7:22 da tarde  
Blogger Mónica (em Campanhã) said...

ah, um pormenor: a edição que tenho em versão feminina também, da D. Quixote, desfez-se-me nas mãos, as folhas descolaram uma a uma ao fim de uns dias de leitura. será portanto de aconselhar a do Círculo de Leitores.

11:21 da manhã  

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