||| Limpar comentários. Tons & comentários.
O papel dos comentários num blog é, reconheço, o de admitir uma certa interactividade. Mantenho os comentários como uma outra opinião sobre o assunto e, quando escrevo lá, é para corrigir afirmações ou para recentrar a discussão -- nunca para voltar a reafirmar a minha opinião; essa já consta do post. No anterior blog, o Aviz, a certa altura houve uma catadupa de comentários abjectos, insultuosos e excessivos -- e acabei com eles. Não valia a pena abrir o blog para essa pequena multidão de pessoas que até a insultar dá erros ortográficos. Neste blog, pelo contrário, optei por abrir a caixa de comentários e por manter esse princípio de não interferir na discussão a não ser que aquilo que eu disse esteja a ser deturpado. As opiniões são baratas e livres, se bem que toda a gente possa abrir um blog.
Muitas vezes sou tentado a fazer posts de alguns desses comentários -- porque são muito bons e acrescentam dados à discussão, mesmo quando ou até quando ou sobretudo quando não estão de acordo com aquilo que escrevi.
2. Ontem, por exemplo (a propósito de Timor), um leitor (que manifestamente não tinha compreendido a questão) publicou um comentário: que eu era um asno, que nunca mais vinha cá, etc. Hoje, o comentário desapareceu; não fui eu a retirá-lo. Nunca retirei um comentário, mas acho que existe esse direito. Em certa medida, os blogs seleccionam os comentários -- não são salas de chat. É aquela regra básica: quem abre as portas, corre riscos. A menos que se perceba que para lá da porta há um certo tom que está acima da baderna.
3. Há sempre uma excepção: o futebol. [Minto, há duas; outra é o Médio Oriente e a questão israelo-árabe.] Mas é um risco que corro. Ontem, dois homens do Benfica (um deles foi treinador, outro foi dirigente) diziam-me que eu era um verdadeiro hooligan, um fundamentalista do FCP. Em resposta mencionei uma equipa de trincos (à medida do engenheiro) a servir o Rui Costa e o Laurent Robert. Acabámos a rir. Eu rio. Os comentários sobre futebol não riem. As pessoas levam-se a sério sobre esta matéria, o que é bom para os jornais desportivos (vejam os últimos dois editoriais de A Bola e do Record). Eles levam-se muito a sério. Ontem, Vítor Serpa ficava satisfeito por «arrasar» Pacheco Pereira, a quem acusava de «elistista», por não gostar de futebol -- como se fosse um pecado (a não ser para o seu negócio de manchetes a vermelho que nos últimos 5 anos inventou catorze treinadores e mais de trinta novos jogadores de primeiro plano para o Benfica). Alexandre Pais elogiava Scolari por ter escolhido «estes 23», depois de ter visto os sub-21. Gente séria. De tom sério. O país da «Bancada Central» é sério. Sério e circunspecto até ser chato. Quero lá saber.
A Origem das Espécies
We have no more beginnings. {George Steiner}
11 Comments:
Grande post. A sério. Ou melhor: a rir (sei lá).
De facto, Francisco, não há paciência para a self-righteousness da bola que para aí anda.
FMS
"Alexandre Pais elogiava Scolari por ter escolhido «estes 23», depois de ter visto os sub-21" por muito que lhe custe, o Alexandre Pais tem razão. As meninas mimadas dos Sub-21 não jogam nada. Gostaria de ver a reação se o treinador fosse o Scolari...
Afinal sempre veio para apagar o seu comentário (o do "asno"). Eu também já apaguei comentários meus noutros blogues - não insultei mas não me sentia bem com o que tinha escrito. Talvez me leve demasiado a sério mas entretanto vou dormindo melhor.
Já foi insultado (uso a medalha na lapela sempre que posso) mas do que eu sinto a falta é de ameaças "nunca mais venho cá", "vou deitar de te ler". Espera lá, estás-me a dizer que vais deixar de ler o que eu escrevo e coloco na rede livremente? Epá, com essa é que eu não contava, apanhaste-me com as calças na mão...
muito bem.gosto de si francisco.acho que já fiz alguns coments no seu blog talvez irasciveis..mas voçê escreve bem!tem bom humor!deve ser um tipo bacana para ir para os copos!abraço!
A "Bancada Central" é de facto muito séria, o menos sério de todos costuma ser mesmo o moderador, o grande Fernando Correia.
a sério? sempre pensei que a "bancada central" fosse uma piada!
ahahaha... uma piada de portugal.
na generalidade concordo; só sabem falar mal dos outros e falar de bola.
e o pormenor dos erros ortográficos está de luxo.
Pela minha parte, pode apagar os comentarios que quiser. Concordo consigo em quase todo o texto mas noto na sua postura uma certa superioridade que me irrita um bocadinho. Ora eu nao consigo comentá-lo sem ser de igual para igual nem acho que o facto de alguem o vir comentar aqui em vez de escrever no seu proprio blogue o que pensa deva ser menorizado.
Existem varias formas de gostar de um clube - viva o Sporting! - ou de uma selecção - viva Portugal! Mas uma coisa é gostar, outra é ter "febre". O mundo não acaba se a selecção portuguesa perder. Viva Portugal (o país)!
Meu caro Francisco. Gostei deste post, mas podia não gostar. Raramente comento e tb concordo consigo quanto à questão dos coment´+arios. Mas resolvi comentar este post precisamente por causa das criticas que faz ao jornal "A Bola". O Francisco perceberá que do meu lado, com o meu olhar, bastava-me apenas para trocar dois nomes por outros dois: "O Jogo" e o "F.C.P"; e o post mereceria igual crédito, certamente. Mas quanto ao Jornal A Bola eu sou ainda mais crítico, sendo benfiquista: estou a detestar aquele pasquim, porque apenas se limita a branquear o benfica, as suas derrotas e anda há muitos anos a vender merdas ( desculpe o termo) sobre o benfica e já me enjoa ver o Pietra, o Alvaro, o Artur e o Bento e outros a construir estádios da luz em miniatura, ocupando com isso duas ou mais páginas de Jornal. Disso estou farto, dessa negociata vermelha que se sobrepõe ao principio fundamental e, quanto a mim, primeiro de qualquer jornal: Fazer jornalismo. Bom fds que eu hoje estou "de alto astral" e saiba também que Rui Costa é único. E sabe, não sabe?
"Essa pequena multidão de pessoas que até a insultar dá erros ortográficos", diz Maomé lá do cimo da montanha
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