22 maio, 2006

||| In Memoriam.

Um poema inédito de José Luís Tavares em homenagem a Helder Gonçalves.

ÚLTIMO CABO
(IN MEMORIAM HELDER GONÇALVES)



Ficaste domiciliado no oito oito sete,
pequena pátria, estreitíssima casa,
o fim de maio estava cá uma brasa,
mas vir ao teu enterro não foi frete

nenhum, pá – vi a gente alegrete entre
um elogio e um lamento; havias de ver,
pá, lisboa, o tejo e tudo nesse entardecer
em que a malta veio dizer-te até sempre.

Se algures te saírem trevas ao caminho,
diz-lhes que levas o claro sol das ilhas por
companhia, luzeiros da senhora da agonia.

Havemos de conversar em tom baixinho,
quando lá em cima ou cá em baixo o calor
apertar, ouvindo o relato na velha telefonia.