||| Código Da Vinci. [Actualizado]
Fizeram uma grande festa porque Umberto Eco recusa encontrar-se com Dan Brown (foi o próprio Eco que contou que teve um convite para se encontrar com Brown em Vinci (na Toscana). «Nem morto. Irei a Vinci quando lá estiver um verdadeiro escritor», disse ele ao La Repubblica. Para Eco, Brown é «um intriguista que propaga informações falsas e enriquece com material de embuste». Olha a novidade. Não percebo é por que isso é apresentado com uma grande notícia. José Saramago recusa encontrar-se com Danielle Steel. Tom Wolfe recusa encontrar-se com Cristina Caras-Lindas. Coisas destas. Sim, é bom que se avisem as pessoas mais sensíveis (sobre «os perigos» do Código...), mas todos eles estão a ajudar muito Brown e o filme e os códigos todos. Um cardeal romano pediu, através da Rádio Vaticano, que as pessoas não lessem nem comprassem o livro. O presidente do Conselho Pontifício para a cultura disse (ah, a descoberta!) que o Código «misturava ficção e realidade». A associação americana para a Defesa da Família elaborou um conjunto de regras para «o manifestante correcto anti-Código». Até a igreja católica da China apareceu a pedir a proibição do filme (pedir a proibição de qualquer coisa na China -- não parece um paradoxo?). Claro que não tem sentido Eco encontrar-se com Brown; se isso acontecesse, estaria a associar O Pêndulo de Foucault ao Código. Mas tem algum sentido uma pessoa ir, digamos, a Toledo ou a Bragança encontrar-se com uma pessoa que não tem interesse em conhecer? Qual a novidade disso?
[Artigo no JN.]
A Origem das Espécies
We have no more beginnings. {George Steiner}
9 Comments:
Excelente, Francisco!
A propósito de Eco e do Pêndulo convido-o a ler isto que escrevi no meu blogue, e este texto escrito pelo Sérgio Lavos no seu blogue.
Esta sobranceria encoberta - porque há outros motivos bem maiores que os levam a repudiar Dan Brown - irrita-me e tem-me irritado na última semana.
Já vi o filme, não o achei nem bom nem mau, é mais uma produção americana - indústria, aliás , que muito admiro.
O mais assustador nisto tudo são os potenciais candidatos a Savonarola, que, tal como Francisco afirma, se tivessem vivido há uns século atrás... Talvez, digo eu, tivessem na mesa de cabeceira esse tratado à liberdade de expressão - e esse sim de não ficção - Malleus Maleficarum!
Um abraço
Claro que não tem sentido. Mas se é verdade que Umberto Eco se expressou dessa maneira, também não acho bem. Pode-se sempre ser-se amável na recusa.
Os meus aplausos para esse texto do JN.
Não posso concordar mais. Porque é que as pessoas hão-de encontrar-se nestes contextos a bem do socialmente ou politicamente correcto? Parece-me um absurdo.
Que interessante.
Parabéns por este texto.
A menos que o Dan Brown tenha lepra, acho que a atitude do Eco foi estúpida e arrogante.
Umberto Eco e Dan Brown, nem na mesma frase deviam estar juntos. Gostei do texto
Eu adorei o filme. O realizador demonstrou um conhecimento profundíssimo do material literário que tinha em mãos e de todo o fenómeno mediático em seu redor. Resultado: um filme que agrada irmamente aos fãs, aos fanáticos e aos iniciantes no universo do Código. Conseguir levar ao écrã um enredo intrincado como este é obra - e eu nem sequer era apreciador do trabalho do Ron Howard.
Flávio
www.a-bomba.blogspot.com
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