29 abril, 2006

||| Eduquês.
Há umas semanas, em plena rua, um professor admitiu que eu «devia levar um estalo» por ter convidado o Nuno Crato para uma emissão de televisão, na qual discutimos o livro O Eduquês em Discurso Directo. Que Nuno Crato não percebia nada do assunto e odiava era os professores e o pessoal do Ministério da Educação -- coisa em que não acredito, porque o livro é uma defesa dos professores contra a palermice em que resultou a ideologia dominante durante muito tempo no ME. Depois, cheguei a este post do João Caetano Dias, em que ele transcreve uma crónica de Pedro Norton, na Visão. Na verdade, eu suponho que Júlia, personagem fictícia citada na crónica do Pedro, devia poder processar o ME ou a Escola Superior de Educação Almeida Garrett. Vejam porquê.

4 Comments:

Blogger Rui Diniz Monteiro said...

Quem lê o livro, melhor, quem confia suficientemente nas suas próprias ideias e lê o livro para o compreender, percebe facilmente duas coisas:
- Que Nuno Crato defende realmente os professores, como o Francisco diz. Eu acrescento: é um dos raríssimos professores universitários (para mim é o único, mas não quero ser injusto para com qualquer outro) a vir publicamente defendê-los, agora que está na moda atacá-los. Revolta-me que os visados no livro, sabendo que as suas ideias muitas vezes não são possíveis de serem aplicadas (eles mostram-no nas suas aulas, já vi barbaridades feitas e ditas por eles de bradar aos céus), nunca reconhecem que o mal possa estar nas ideias ou nos que as defendem, mas sim que está sempre nos que as procuram aplicar no terreno (sendo este um facilmente reconhecível traço do fanatismo que, aliás, NC procura combater).
- Que NC não se limita a criticar e apresenta as suas propostas alternativas: confesso que concordo com elas a quase 100% (há alunos com muitas dificuldades com os quais as coisas não podem ser assim tão simples)!
São duas qualidades no livro que me conquistaram e que o tornam numa leitura interessante. Oxalá os seus adversários estejam à altura para um debate esclarecedor.

1:01 da tarde  
Blogger Luís Mourão said...

O terrível nisto é a generalização. Falando de pessoas, o exemplo para que o Francisco remete é aterrador, e eu conheço alguns análogos. Mas também conheço exemplos aterradores da linha Nuno Crato. Como conheço óptimos exemplos num lado e noutro. (E se me permitem, sei do que falo, que corri este país de alto a baixo nas comissões de avaliação externa — os resultados estão todos publicados no site da ADISPOR, mas os poderes políticos não quiseram saber das conclusões...). Falando do “sistema”, diria à partida isto: com a linha Nuno Crato, os melhores ficam ainda melhores (embora talvez demasiado automatizados, será uma das questões), mas os piores dificilmente recuperam; com a linha dita eduques, temos (por enquanto, até posso conceder...) os únicos exemplos no pais de recuperação e integração de alunos dados como perdidos (veja-se o exemplo da Escola da Ponte, das Aves, e da Escola de Monserrate, de Viana do Castelo).
Em termos ainda mais gerais, acho muito pouco salutar que nestas discussões se transforme o eduques em bode expiatório. Disso falei em dois posts:
http://blogmanchas.blogspot.com/2006/04/o-eduqus-como-bode-expiatrio-1.html;
http://blogmanchas.blogspot.com/2006/04/o-eduqus-como-bode-expiatrio-2.html
E falei não como especialista, que não sou, mas como professor que conhece os dados que todos podem (e devem) conhecer.

7:18 da tarde  
Blogger sabine said...

Vejo o Nuno Crato a ser ou excessivamente elogiado ou excessivamente criticado.< As pessoas (sobretudo os professores) deviam ouvi-lo, simplesmente.
Nao sou professora mas li o livro com muito gosto. Nuno Crato nao inventou a polvora mas fez um conjunto de ideias boas. Alias, nada do que ele diz é de facto tao novo quanto se pensa!

10:39 da tarde  
Blogger Fernando Gouveia said...

Sobre as "Ciências" da Educação como "Ciências Ocultas", proponho humildemente a leitura de um 'post' meu...

http://ntvpi.blogspot.com/2006/05/cincias-da-educao-uma-proposta.html

5:12 da tarde  

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