20 abril, 2006

||| Comentários.
José Pacheco Pereira, hoje no Público sobre as caixas de comentários nos blogs.

8 Comments:

Blogger Isa said...

podia era fazer o copy paste da notíia que o pessoal e pobre e n paga o acesso ao publico online, faxavor.... bjs

e já agora responda lá ao Jorge Ventura que anda lá fora a lutar pela vida como marinheiro aventureiro e que lhe mandou um mail pq quer saber mais coisa menos coisa qto tempo leva a descida do amazonas de manaus até Belém que o rapaz é simpático e esforçado. + bjs

1:34 da tarde  
Blogger Rui MCB said...

A fauna das caixas dos comentários
José Pacheco Pereira

ARede está a mudar tudo, a criar coisas novas, a realizar outras muito antigas que as tecnologias até agora existentes ainda não permitiam e a dar eficácia a velhos, e muitas vezes maus, hábitos que existiam no mundo exterior e agora passam para o mundo interior da Internet. Alguns casos recentes voltaram de novo a mostrar a Internet sob uma luz pouco amável, bem preconceituosa aliás, porque nada do que lá se faz se deixou de fazer cá fora. O que há é um upgrade tecnológico no crime, que a Rede melhora e nalguns casos favorece pela sua acessibilidade e universalidade. São estes os múltiplos exemplos da chamada "fraude nigeriana", ou os casos de phishing que leva os incautos a fornecerem palavras-passe de acesso a contas bancárias; os casos de cyberstalkers, pessoas que perseguem outras cujo nome e morada aparece na Internet. Isto tudo depois da pedofilia e de outras utilizações criminosas da Rede.
O que é novo na Rede, quer na "normal" quer na criminosa, são as características psicológicas específicas do mundo em linha, em especial a exploração da fronteira, mais ténue do que parece, entre a realidade e a virtualidade. E isso traz elementos novos como se vê se analisarmos para além do crime em si. Um caso actual é o do assassinato de uma menina de dez anos por um autor do blogue chamado "Strange Things are Afoot at the Circle K." (http://futureworldruler.blogspot.com/), que tinha feito pouco antes um comentário sobre canibalismo. O que há de novo neste caso e no interesse mediático sobre ele é que em vez de um diário em papel, ou escritos mais ou menos dementes ou geniais, como era o caso pré-Internet do Unabomber, agora, quase de imediato, todos se voltam para o blogue, para o perfil do blogue, para o rasto na Rede do putativo criminoso. A Rede fica indissociável da nova identidade das coisas, como se entre o mundo virtual e o real a teia fosse completa. E, se calhar, é.
Mas não é este apenas o único aspecto interessante, há outro para que não se tem chamado a atenção: o mundo muito próprio dos que escrevem sobre textos alheios nas caixas de comentários dos blogues ou de órgãos de comunicação em linha. O Strange Things are Afoot at the Circle K. continua em linha e tem, à data em que escrevo, 644 comentários na última nota escrita pelo seu autor, todos eles posteriores ao conhecimento do crime. O blogue continua vivo mesmo depois da prisão do seu autor.
Mas os 644 comentários empalidecem face aos portugueses 1321 comentários do Semiramis (http://semiramis.weblog.com.pt/), cuja anónima autora teria morrido de morte súbita, suscitando as mais contraditórias versões na própria caixa de comentários do blogue. Deixando de parte a polémica sobre as caixas de comentários abertas ou moderadas, ou sobre a sua própria utilidade e valor, deixando de lado também a história pessoal inverificável do que aconteceu à sua autora (ou autor?) anónima, o interessante é registar que o que há nesse blogue é uma comunidade que aproveita o "lugar" para se encontrar. A caixa de comentários tornou-se numa espécie de chat, que parasita a notoriedade do blogue, como já acontecera no Espectro (http://o-espectro.blogspot.com/) com os seus finais 494 comentários, onde as pessoas se encontram numa pequeníssima "aldeia global", que tomam como sua.
O comportamento destas pessoas-em-linha é compulsivo, eles "habitam" nas caixas de comentários que são a sua casa. Deslocam-se de caixa para caixa de comentário, deixando centenas de frases, nos sítios mais díspares, revelando nalguns casos uma disponibilidade quase total para comentar, contracomentar, atacar, responder, mantendo séries enormes que obedecem à regra de muitos frequentadores desta área da Rede: horário laboral na maioria dos casos, quebra no fim-de-semana e nos feriados. São pessoas que estão a escrever do seu local de trabalho ou de estudo, de empresas ou de escolas, onde têm acesso à Internet. Há, no entanto, alguns casos de comentadores caseiros e noctívagos, que só podem estar a escrever noite dentro, como era o caso nos primeiros anos da blogosfera portuguesa, antes de se democratizar. É um fenómeno aparentado com muitas outras experiências comunitárias na Rede, mas está longe de ser o mundo adolescente dos frequentadores do MySpace (http://www.myspace.com/) ou dos "salas" de conversa virtual.
No caso português, os comentadores não parecem ser muitos, embora a profusão de pseudónimos e nick names dê uma imagem de multiplicidade. São, na sua esmagadora maioria, anónimos, mas o sistema de nick names permite o reconhecimento mútuo de blogue para blogue. Estão a meio caminho entre um nome que não desejam revelar e uma identidade pela qual desejam ser identificados. Querem e não querem ser reconhecidos. É o caso da "Zazie", do "Euroliberal", do "Sniper", do "Piscoiso", "Maloud", "Bajoulo" "Xatoo", "Atento", Dasanta", "José", "e-konoklasta", "Cris", "Sabine", "José Sarney", "Anticomuna", etc., etc, Trocam entre si sinais de reconhecimento, cumprimentam-se, desejam-se boas férias, e formam minicomunidades que duram o tempo de uma caixa de comentários aberta e activa, o que normalmente dura pouco. Depois migram para outra, sempre numa tempestade de frases, expressando acordos e desacordos, simpatias e antipatias, quase sempre centrados na actividade de dizer mal de tudo e de todos.
Imaginam-se como uma espécie de proletariado da Rede, garantes da total liberdade de expressão, igualitários absolutos, que consideram que as suas opiniões representam o "povo", os "que não têm voz", os deserdados da opinião, oprimidos pelos conhecidos, pelos célebres, pelos "sempre os mesmos". São eles que dizem as "verdades". Mas não há só o reflexo do populismo e da sua visão invejosa e mesquinha da sociedade e do poder, há também uma procura de atenção, uma pulsão psicológica para existir que se revela na parasitação dos blogues alheios. Muitos destes comentadores têm blogues próprios completamente desconhecidos, que tentam publicitar, e encontram nas caixas de comentários dos blogues mais conhecidos uma plataforma que lhes dá uma audiência que não conseguem ter.
Não são bem Trolls, sabotadores intencionais, mas têm muitas das suas formas perturbadoras de comportamento. A sua chegada significa quase sempre uma profusão de comentários insultuosos e ofensivos que afastam da discussão todos os que ingenuamente pensam que a podem ter numa caixa de comentários aberta e sem moderação. Quando há um embrião de discussão, rapidamente morto pela chegada dos comentadores compulsivos, ela é quase sempre rudimentar, a preto e branco, fortemente personalizada e moralista: de um lado, os bons, os honestos, os dignos, do outra a ralé moral, os ladrões, os preguiçosos que vivem do trabalho alheio e dos impostos dos comentadores compulsivos, presume-se. O que lá se passa é o Faroeste da Rede: insultos, ataques pessoais, insinuações, injúrias, boatos, citações falsas e truncadas, denúncias, tudo constitui um caldo cultural que, em si, não é novo, porque assenta na tradição nacional de maledicência, tinha e tem assento nas mesas de café, mas a que a Rede dá a impunidade do anonimato e uma dimensão e amplificação universal.
O que é que gera esta gente, em que mundo perverso, ácido, infeliz, ressentido, vivem? O mesmo que alimenta a enorme inveja social em que assentam as nossas sociedades desiguais (por todo o lado existe este tipo de comentadores), agravada pela escassez particular da nossa. Essa escassez não é principalmente material, embora também seja o resultado de muitas expectativas frustradas de vida, mas é acima de tudo simbólica. Numa sociedade que produz uma pulsão para a mediatização de tudo, para a espectacularização da identidade, para os "15 minutos de fama" e depois deixa no anonimato e na sombra os proletários da fama e da influência, os génios incompreendidos, os justiceiros anónimos, o "povo" das caixas de comentários, não é de admirar que se esteja em plena luta de classes.
Historiador

3:48 da tarde  
Blogger e-ko said...

O MEU PROTESTO EM PRIMEIRO LUGAR:
Fiz um comentário, pela primeira, ou segunda vez, neste blog, dizendo que o "público" tinha deixado de ter o meu crédito, por razões que expliquei e, acrescentei, que tinha apagado as suas referências dos meus blogs, por essas mesmas razões. Ainda não tinha tido a oportunidade de ler o texto do JPP e limitei-me a acrescentar que as opiniões deste senhor, de qualquer modo, não mudam a face do mundo...
Como tenho outras tarefas urgentes a fazer, o que talvez não seja o caso de JPP e os bloggers que ele cita, dentro das próximas horas, terei de voltar, para ver se este comentário não foi, mais uma vez, eliminado, e, entrar em detalhes, relativamente a um certo número de "amalgames" e verdades absolutas que este senhor quer transmitir... mas que teme JPP ? Que se diga publicamente, já que não tem caixas de correio, e não é possível fazer qualquer comentário, que o seu blog é uma rodilha ?

6:50 da tarde  
Blogger maloud said...

Desconhecia que tivesse tantas qualidades. Estou perplexa!

Não sei se assine Maloud ou Dasantas.

11:09 da tarde  
Blogger e-ko said...

Retratos do trabalho nos blogs
Quinta-feira, Abril 20, 2006

José Pacheco Pereira ataca mais uma vez quem participa em blogs e produz comentários que não lhe agradam. O maior comentador encartado dos media que temos, parece não suportar de todo quem o afronta e não lhe apara o que escreve, diz ou mostra. E por isso, de vez em quando ajusta contas, por escrito. Esta foi uma delas.
Vamos então às contas, a ver se estão certas e verificar afinal quem deve o quê e a quem.

JPP parece não perceber, no escrito que produziu hoje no Público e reproduziu no seu blog, algumas ideias que se podem resumir assim:

1. Os blogs ( ainda) não têm a importância que alguns lhes costumam dar. A prova? A iniciativa pífia acerca da exigência do estudo sobre a OTA e o TGV. Embandeirou em arco, lançou foguetes e foi apanhar as canas, para pouco tempo depois, meter a viola no saco. Outra prova? Secundou uma iniciativa de um outro blog que começa com a letra B, no sentido de perseguir as bruxas feitas familiares e amigos dos que estão no poder, para denunciar publicamente nepotismos duvidosos. Debalde, igualmente. E sem vergonha alguma, também. Só esses dois factos deveriam fazer recolher o ego, fosse a quem fosse, para um recato consentâneo com o estatuto de anódino.
2. Há inúmeros blogs pessoais e intransmissíveis e outros colectivos, muito para além do elenco previsível da meia dúzia, onde pesca informação e opinião e onde vai espreitar. Sim, espreitar, porque só quem espreita para as caixas de comentários pode saber os nomes dos comentadores…citando-os expressamente para os englobar a todos na ignomínia que produziu, insultando-os por junto.
3. Os comentadores anónimos apenas quanto à identidade completa e referenciáveis no uso do pseudónimo que escolhem, são a corrente comum dos blogs e dos sites onde se admitem comentários, em todo o lado, na Net. Por exemplo, nos sites dos jornais, o grau de intervenção de comentadores “anónimos” não difere muito daquele que se observa em alguns blogs.
Pelo contrário, nalguns casos, a violência escrita será ainda maior e denotativa de uma indignação popular que muitos tendem a confundir com populismo, que funciona agora na sempiterna novilíngua, no lugar de “fassismo”.
Quanto a esse populismo e a essa indignação verbalizada e escrita, não vejo grande diferença entre o que se escreve em comentários de blogs e o que se diz no Fórum da TSF…
Assim, a actividade centrada em “dizer mal de tudo e de todos” nem sendo apanágio exclusivo dos comentadores de blogs, ou até mesmo de certos autores de blogs que se encarniçam particularmente, expondo ódios de estimação contra crenças religiosas, clubes, partidos e correntes políticas, também encontra grande e clamoroso eco nos lugares de encontro social, como se reconhece no escrito. Além disso, essa putativa maledicência, nem é assim tão contundente quanto poderia ser. Somos mesmo de brandos costumes, apesar de tudo.
Para comprovar, basta uma busca com guia a certos sites na net, de índole política...e estrangeiros.
No entanto, por cá, Irá JPP sugerir que se policiem os lugares públicos à cata dos subversivos maledicentes? Não anda muito longe disso e já houve um tempo em que isso assim acontecia.

Finalmente, há maledicência e maledicência. E exemplos de maledicência bem mais grave.
Atente-se neste, recente ( de ontem):
Alguém, num programa de tv de grande audiência, dizer publicamente que os deputados que temos no Parlamento, na sua maior parte, “são pessoas que nunca, num país civilizado, deveriam ser deputados”!
Isto é que é a real thing!
Ao pé disto que podem valer umas atoardas acéfalas ou burgessas, proferidas por indivíduos que nem se sabe quem são, numa qualquer caixa de comentários, num blog qualquer?!
Com aquela sentença e duma penada, põe-se em causa todo o sistema de escolha democrática e de organização interna dos partidos! Duma penada, quem proferiu tal tirada, coloca-se naturalmente a si próprio, no patamar superior da inspecção democrática e da sindicância política de todo um sistema!
E se por acaso, for alguém que ao longo da vida aproveitou como poucos o fizeram, as virtualidades de tal sistema, como é que o poderíamos definir?!
Um Sem-vergonha, digo eu que sou anónimo e não quero ofender muito.


Publicado por josé às 11:09:00 PM.

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3 comentários:
maloud diz, 12:09 AM, Abril 21, 2006

José,
Eu não comento o post, porque sou parte duplamente interessada.

Queria era que me explicasse como é que surgiram aqueles nicks numa espécie de clube de amiguinhos. Eu "conheço-os" quase todos e francamente nunca me passaria pela cabeça juntá-los num jantar. De certeza que haveria mortos e feridos.



josé diz, 12:19 AM, Abril 21, 2006

Maloud:

Eu não conheço esmagadora maioria das pessoas que escrevem nas caixas de comentários. Aceito o que escrevem pelo que escrevem.

Conheço e tenho apreço pessoal pela Zazie que me parece uma excelente pessoa- até na vida real.

Quanto ao bunch of nicks, suponho que foram arrebanhados nas caixas de comentários de dois ou três blogs: Blasfémias; Espectro e Aspirina b.
Ao Blasfémias já lá não ia desde que cortei a confiança que cheguei a dar a alguns postadores. Fui hoje lá comentar e não volto mais. Porque deixou de ter interesse, para mim, embore aprecie a prosa de jcd( que não sei quem é, nem me interessa), por exemplo e que se aproxima de alguma modo do que aqui já se escreveu.

De acordo com a crónica de JPP é notório que frequenta estas janelas, à socapa, feito voyeur, com propósitos de ler. Se assim não fosse, como é que iria escrever como escreveu, citando os nomes dos comentadores?!!

Enfim, uma tristeza.

Mas, como exemplo, quer ver o que acontece noutras caixas de comentários, em blogs estrangeiros?

Repare nesta, onde coloquei um comentário, um dia destes...

Aqui.



António Viriato diz, 12:22 AM, Abril 21, 2006

Entenda-se certo azedume de JPP pela sua internética relevãncia perdida, bem evidente com a passagem do cometa «Espectro».

Nunca os blogues de JPP conseguiram atrair nada de semelhante, em matéria de comentários.E nem todos eram produzidos pela «fauna», como ele deverá reconhecer.

Ninguém reina, em coisa nenhuma, eternamente, como já deixei escrito na «minha exígua trincheira lusíada».

Outra vez humano, demasiado humano, como costumava exclamar um distante confrade de JPP

12:39 da manhã  
Blogger e-ko said...

e-konoklasta a dit…
e-konoklasta a dit…
É, sobretudo, uma forma de desacreditar tudo o que se possa dizer, ou, comentar, com que ele não concorde. ELE é a VERDADE ABSOLUTA e ÚNICA e, há quem, com menos meios, de todas as ordens, faça tão bem ou melhor do que ELE. Isso, é-lhe insuportável e depois vá de misturar tarados, pedófilos e canibais para justificar esse descrédito.

1:29 da manhã  
Blogger Unknown said...

Artigo transcrito no Da Literatura, ou seja www.daliteratura.blogspot.com. "Bora" lá ler, quem quiser pagar pode mandar o dinheiro para mim que me faz falta...

11:56 da manhã  
Blogger Rita said...

Há quem anuncie os seus blogues nas caixas de comentários.

Há quem os publicite na SIC em noites de eleições ou nas páginas do Público.

Cada um toca com as unhas que tem....

Espanta-me é que o senhor JPP fique tão indignado com um assunto aparentemente tão insignificante. Acho que ele passa tanto tempo no blogue que se esqueceu da realidade que deveria comentar num Espaço Público que lhe merecia mais atenção e dedicação. Mas pronto, é a ele que pagam os caracteres.

3:49 da tarde  

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