14 fevereiro, 2006

||| Sensatez.
Há muito tempo que não via tanta gente blasfema a querer ser religiosa à força. O fascínio da ortodoxia (muitos ortodoxos com quem me cruzei apenas pediam para não os incomodarem), eu compreendo-o, como o fascínio pela sensatez; coisa de ser adulto finalmente (assumir as responsabilidades, engravatar-se, ser sóbrio, vê lá que agora estás nessa posição, esquece o teu riso de outros tempos), de apanhar a boleia da realpolitik. Mas não compreendo o fascínio pela genuflexão, que reescreve a história a partir do vazio. Como se não bastassem as declarações paródicas de Freitas do Amaral, é enternecedor ver a quantidade de gente compreensiva carregando o fardo do cruzado. Eu não fui cruzado nem precisei de ler Amin Maalouf para não ter sido cruzado. Não tenho desculpas a pedir. Não sou colectivo. Não tenho desculpas a pedir pelas várias estrofes de Os Lusíadas. Mas vê-se, vê-se bem com quem poderemos contar quando estiver em causa a nossa liberdade, a minha liberdade, a liberdade de alguém. Vê-se que depende bastante. Mas agora já sei onde estão, e tudo isto foi bom ter acontecido para perceber que alguns (como o ministro dos Estrangeiros) não mudam -- foram sempre inimigos da liberdade; e que outros mudam porque mudaram as suas várias dependências.

1 Comments:

Blogger Luís Bonifácio said...

Esta história dos cartoons Dinamarqueses, lembra-me um cartoon do tempo de Salazar no qual D. Afonso Henriques aparecia a ser apedrejado. Nas pedras apareciam escritos os nomes dos países onde para alêm do previsivel bloco soviético, apaercia uma pedra com "Estados Unidos" e outra com "Inglaterra". Como Sub-titulo estava a frase "Algumas das pedras vêm de onde menos se espera".

Também os cartoonistas Dinamarqueses foram apedrejados com pedras atiradas por quem menos se esperava.

9:22 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home