||| Obsessivas fixações.
«Será admissível que a política externa de Portugal esteja entregue aos estados de alma, aos caprichos e às obsessivas fixações pessoais do prof. Freitas do Amaral, que não fala na condição de cidadão mas de ministro dos Estrangeiros? Será compreensível que o primeiro-ministro, o Governo e a maioria parlamentar não manifestem nenhuma incomodidade visível com tamanha exorbitância ou que um medíocre burocrata de serviço do PS não distinga entre os autores das caricaturas de Maomé e os incendiários de embaixadas? E como aceitar que nos tomem a todos por tolos quando se pretende que entre o recente discurso do Presidente da República em Évora, em defesa da liberdade de expressão, e as declarações de Freitas do Amaral, justificando a fúria islâmica contra o agressor ocidental, não existe nenhuma contradição ou dissonância, pondo em causa a credibilidade externa do país?»
Vicente Jorge Silva, no DN.
3 Comments:
Nada há de idêntico entre as duas declarações!
Enquanto Freitas do Amaral censurou um orgão de comunicação social dinamarquês, Jorge Sampaio disse que nada justificava os actos violentos que começavam a verificar-se a pretexto da infeliz publicação.
Longe de mim querer justificar actos de violência e aproveitamentos políticos da Fé de um povo ou servir de advogado de defesa de Freitas do Amaral. Também não considero feliz a analogia entre os autores do cartoon e os fundamentalistas islâmicos. Mas o que é certo é que por trás da "mui nobre" bandeira democrática da liberdade de expressão, que os autores do cartoon tão alto erguem, alguns poderão ver falta de respeito ou quem sabe um ataque a algo sagrado. E se calhar serão tão incendiários os que aproveitaram - ou até mesmo deturparam - uma mensagem que tinha uma intenção respeitável mas que foi infeliz quanto à forma, como aqueles que a criaram e não pensaram nas repercussões que esta poderia ter se - qual o espanto dos cartoonistas - algum dia viesse a chegar a olhos islâmicos. Ou melhor, olhos fundamentalistas, terroristas e mais uma dezena de palavras acabadas em "istas", prontos a aproveitarem o menor deslize ocidental para lançarem a violência nas ruas. E isso é que não é nada respeitável.
Valham-nos Vicente Jorge Silva e Manuel Alegre para salvarem a honra perdida de um Partido Socialista quase convertido às doçuras de um respeitinho e bem comportadinho modo de ser, de um Portugal em diminutivo, na conhecida expressão acerba de O'Neil.
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