||| Vai valer tudo. [Actualizado]
Basicamente, de acordo com a Constança: «A campanha presidencial vai começar precisamente no momento em que o interesse por ela acabou.» Mas, porque há candidatos que não são candidatos, vai valer tudo. Não vão dizer nada de realmente importante; vão ocupar espaço, uma garantia constitucional e televisiva. É um jogo claro e devemos aceitá-lo. O único problema é a lei, não escrita, de que vale tudo sob o pretexto do «instinto político»: frases & insinuações, a coberto da necessidade de fazer campanha; acusações disparatadas e pequenos dislates pessoais sempre desculpados a coberto dessa característica do «animal político»; julgamentos e preconceitos de ocasião transformados em «facto político». Nada que nos espante. Mário Soares insinuou o que quis, na altura, sobre a relação entre Sá Carneiro e Snu Abecassis, com o dedo moralista apontado; depois desculpou-se e a vida continuou -- estávamos em campanha. E durante a campanha, durante esta campanha, vai valer tudo. É a vida. Estejam preparados.
Sobre o episódio-foguetório do «financiamento das campanhas», ler o post do João Gonçalves.
Carlos Azevedo, nos comentários a este post: «Mas Snu, que não tinha a nossa mentalidade (felizmente para ela), não perdoou. Mário Soares, após as eleições que deram a vitória à AD em 1979, encontrou Snu por acaso e esta disse-lhe que não pode haver diferenças entre o comportamento moral de uma pessoa em campanha ou fora dela.»
A Origem das Espécies
We have no more beginnings. {George Steiner}
2 Comments:
Mas Snu, que não tinha a nossa mentalidade (felizmente para ela), não perdoou. Mário Soares, após as eleições que deram a vitória à AD em 1979, encontrou Snu por acaso e esta disse-lhe que não pode haver diferenças entre o comportamento moral de uma pessoa em campanha ou fora dela.
Mais um exemplo da atitude complacente, por demais compreensiva, rapidamente desculpadora da Comunicação Social com as grosserias de Soares, apesar de toda a putativa fama de homem de salão, mundano e cavalheiresco com que sistematicamente o cobrem. Da mesma maneira, depressa a Comunicação Social esqueceu os remoques marialvistas com que Soares se referiu a Nicole Fontaine, quando esta lhe «roubou» o lugar de Presidente do Parlamento Europeu, na sua desnecessária e pouco prestigiante passagem pelo dito. Serão também os tão enaltecidos critérios jornalísticos que justificarão esta duplicidade de critérios. Imaginem que o episódio dos remoques a Nicole Fontaine tinha ocorrido com Cavaco ou com outro tenebroso Candidato da Direita ? Ainda hoje, certamente, nisso se falaria, com irado tom, aí pelos bastidores da Comunicação Social.
Que longo caminho haverá ainda de percorrer a nossa ultra ligeira Comunicação Social, com os seus briosos critérios jornalísticos, até lograr um mínimo de equilíbrio decente no julgamento dos factos...
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