22 janeiro, 2006

||| E pronto.









Verdes são os campos.

Tu tens, graças as Deus, dois bons pulmões.
Se fumas não te miam. E é catita
Também o coração. Quando te pões
Gingando ao querer valsar, não se agita.

Até tens bom nariz para o ar imundo,
Nas favas provas químicos valentes,
Pão sem farelo põe-te furibundo,
Por dia lavas seis vezes os dentes.

Mas uma voz te assusta noite fora,
Que diz: «Falhaste em todo o teu caminho.
Mais vale o pó do enxofre meia hora
Que dez anos de ar puro, mas tolinho.»

Gerrit Komrij
De Contrabando. Uma Antologia Poética (Assírio & Alvim)

Tradução de Fernando Venâncio.

1 Comments:

Blogger António Viriato said...

Ainda assim, nada como os verdes da cor do limão, do nosso mui estimado Camões, passe o nacionalismo não intencional. A propósito, também este poema de Camões veio a dar uma excelente canção do Zeca, que nem a mal afamada lei consegue levar as Rádios nacionais a pô-la no ar. Que mais teremos de fazer, nós outros, comuns portugueses, para ouvir música portuguesa em Portugal ? Respondei, prezados concidadãos !

12:50 da manhã  

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