||| Chile.
Alguns amigos demarcadamente de esquerda festejam a eleição de Michelle Bachelet para compensar eventuais derrotas locais. Foi assim com Lula, é assim com Bachelet. Permito-me recordar que é diferente. Bastava estar atento ao que foi o processo político recente no Chile para advertir que nem Bachelet nem a sua base alinham no folclore lulista e muito menos pelo diapasão de Evo Morales & Hugo Chávez.
Pessoalmente, a eleição de uma mulher no Chile (e para quem conhece a paisagem política), só esse facto em si, já é revelante. É um sinal sociologicamente importante num subcontinente em que as políticas radicais de esquerda e de direita estiveram sempre associadas à marca de um «homem forte». Depois, os sinais que Bachelet deixou durante a campanha (mesmo durante a campanha, quando se esperaria uma radicalização do discurso) não põem em causa o processo político chileno. Aliás, o Chile é uma lição para quem ainda tem ilusões sobre a América Latina revolucionária e guerrilheira.
[Na foto Michelle Bachelet e Sebastián Piñera, o candidato derrotado. Agência EFE.]
A Origem das Espécies
We have no more beginnings. {George Steiner}
3 Comments:
Confesso que fui surpreendida por este resultado... Estive no Chile, muito recentemente, e a sensação com que fiquei é que Pinera venceria (apesar de se estimar que Bachelet ganharia a primeira volta), uma vez que: i) na primeira volta, os dois candidatos da direita juntos acumularam mais votos que Bachelet; ii) Pinera será, ao que julgo, mais moderado do que Lanvin, pelo que seria natural que os votos neste se canalizassem para aquele... Ou não?! (devo dizer que não percebo nada de política)
Talvez fosse conveniente distinguir entre a esquerda que realmente deseja uma «América Latina revolucionária e guerrilheira» e a outra, aquela que, não o desejando, não esquece a América Latina ditatorial, repressiva e fascista e liberal apenas no sentido económico.
É verdade que é preciso avançar para lá desses estigmas, mas esquecer não. Nunca. Salvaguardando as devidas diferenças (de escala e de intenção), seria o mesmo que pedir aos judeus que esquecessem a Shoah. E isso é absolutamente impossível e inaceitável.
Obviamente que não, mas Moralez não é o diabo encarnado!
http://daprosa.blogspot.com/2006/01/evo-morales-coca-cola-e-folha-de-coca.html
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