26 dezembro, 2005

||| Balanço, 7.










Chomsky era profundamente odiado entre os futuros evangelistas. Eu gostava. Aquela tentação anti-historicista, o racionalismo total (as estruturas cognitivas inatas), a ideia de modelo em que tudo teria de se encaixar (o modelo de 1957, o modelo de 1965, etc., etc.), as sequências matemáticas, a ideia de maquina, e a irritação que causava a frase «The boy hit the ball» (os que passaram os tormentos da gramática generativa sabem ao que me refiro) -- tudo isso era agradável e lúdico. E chato, confesso. Os chomskyanos eram reaccionários. Quem lia The Logical Structure of Lingusitic Theory ou as Lectures on Government and Binding (acabadinho de sair, na altura, um chique), não podia confraternizar com Saussure, Piaget, Foucault, etc. O quadro, definido assim, é muito redutor. Mas não cabia na cabeça de ninguém que um racionalista tão radical como Chomsky, cujas investigações no MIT eram pagas pelos militares americanos, fosse outra coisa. Até que um dia alguém decidiu reunir os textos de Chomsky sobre o Vietname e as malvadezas da CIA. E acabou a nossa ignorância sobre o tema.