||| Estupidamente correcto.
Uma das coisas mais incómodas é a falta de sentido de humor. Gosto do desprendimento que gera o riso e da liberdade que não se deixa ferir pela ortodoxia. Não tenho grande opinião sobre aqueles que não riem por razões morais. Longe de ser politicamente correcto, é estupidamente correcto. Piadas machistas, anedotas sobre judeus ou comunistas, histórias de loiras e piadas sobre portugueses e brasileiros. Gosto. Rio bastante. Gosto do riso. Provavelmente há coisas a salvo do riso, mas também há circunstâncias em que nada está a salvo. Nunca imaginei que aquele conto mínimo gerasse comentários e mails tão correctos sobre o seu tom machista.
Curiosamente, a Rita enviou-me, por mail, uma outra versão. Aí está.
«O mais curto conto de fadas do mundo.
Era uma vez um rapaz que perguntou a uma rapariga:
– Queres casar comigo?
Ela respondeu:
– Não.
E a rapariga viveu feliz para sempre, pegada ao vibrador, sem marcar a hora para a depilação, e sem ter de aturar a sogra, a bola, os ciúmes, os jantares com os colegas do gajo, os boxers espalhados pelo quarto, os pêlos na banheira. Fim.»
11 Comments:
Embora por incapacidade própria (penso) não consiga produzir humor da forma que desejaria (nem todos o podem), detesto a atitude "pau de vassoura" com que se critica, com paternalismo moral, qualquer piada sobre alguma minoria ou maioria facilmente "ofendível" (na mente dos "moralmente superiores", que na maioria das vezes nem pertencem a tais grupos).
Se há coisa que gosto é de heterodoxia. E nesse aspecto nada melhor do que o humor.
Cumprimentos!
sim, sim. as minorias também têm de ser representadas.
Quotas neste blog, já
A ironia, a ironia.
O mais incompreendido dos recursos.
bem menos comentários nesta versão.
estranhamente ou não, nestes tempos é bem mais facil ser machista do que feminista (no mau sentido).
ps - e se fosse a rapariga a pedir o rapaz em casamento? ora ora ;)
Uma piadinha feminista dá nisto: um vibrador, quer dizer, um genuíno busto de Napoleão. Que merda, Francisco! Tu quoque...
Se não nos conseguirmos rir da desgraça, estamos fodidos! Exactamente a minha opinião...
Mas vocês ainda acreditam em fadas?!
Mas, concordará certamente, há alturas em que certas piadas são estupidamente incorrectas. Logo após a passagem do Katrina por Nova Orleães, comecei a receber anedotas sobre os pretos mortos pelo Katrina. Não há pachorra para tal. Eu, pelo menos, não tenho.
Quanto ao resto, concordo consigo.
FJV, as razões morais são muito importantes e não se devem menosprezar, nem sequer no domínio do humor. E o pudor também tem aqui um papel. Você mesmo, por alguma razão, não colocou no elenco das piadas “politicamente incorrectas”, as “anedotas de pretos”, e não acredito que tenha sido por esquecimento. Aquelas que colocou até são mais ou menos do domínio do “politicamente correcto” que tanto parece menosprezar. São os próprios judeus, por exemplo, os grandes fornecedores de anedotas de… judeus. E já ninguém se indigna verdadeiramente com anedotas brasileiras sobre portugueses. Digo “já não”, porque houve tempo em que os portugueses emigrantes que lá chegavam ficavam sinceramente magoados com isso. Eu, ao contrário de si, tenho em grande conta aqueles que não riem por razões morais. Prefiro mil vezes ser estupidamente correcto a ser estupidamente incorrecto. Obviamente, não é por isso que tenho mais ou menos sentido de humor do que você.
António
Tanto uma como outra versões têm piada.
Que se lixem os púdicos!
Ás favas com o politicamente correcto!
Uma história, um conto, anedota ou seja o que for é apenas isso.
Ah, e tinha gostado mais do outro que deste.
E já que estamos no domínio do politicamente (in)correcto, desculpem-me mas largo aqui esta,para ver se a exorciso de vez e me larga. Ouvi de raspão três tipos, no que depreendi ser conversa de circunstância sobre pedofilia, motivada pela tipa novita que acabara de passar. E estavam numa de argumentos, se eram meninos, se eram meninas e que havia diferenças e tal... e atalha um em jeito de critério aferidor: «para mim é assim, tem relva? Tem relva joga».
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