05 setembro, 2005

||| Optimismo, 3.
Vida simples, somos incapazes. Queremos ser suecos sem a dificuldade de sermos suecos (e para quê sermos suecos se temos Verão durante mais tempo?), queremos ser alemães sem a dificuldade de sermos alemães (e para quê sermos alemães se não é necessário ler Goethe no original para se ser feliz?). Há uma imagem de glamour permanente de que não nos desabituamos: festa aqui, comemoração ali, vitória ontem, vitória hoje, inauguração de uma ponte, festival de optimismo, somos bons e somos capazes. O excesso dos anos oitenta provocou esta míngua e a necessidade de alimentar permanentemente a sede de glória. Mas há outra glória desconhecida: gestos simples, mercearias, praia, caminhadas, trabalho regular, serões televisivos, leituras, esplanadas, prémios para os que arriscam. O Katrina vem quando menos se espera e nunca estamos preparados.

3 Comments:

Blogger PR said...

é como dar migalhas aos pombos. A europa atira migalhas, com fundos comunitários, que alimentam as exportações dos franceses e dos alemães; a selecção chega quase lá, e faz-nos acreditar que ronaldo é o d. sebastião; sempre temos fátima, e o vinho continua a ser do Porto.

No fundo, todo o mundo quer que portugal continue assim, imberbe, para que sejamos o mercado dos outros, mas não nos atrevamos a questionar a autoridade europeia/mundial.

Não chateamos ninguém, e a vidinha continua... como sempre foi, desde que o ouro do Brasil se esgotou e a coorte ficou sem palhaços.


A vida é fodida, não é para nós...

6:48 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ansiava há muito ler um texto tão bom e tão suscinto sobre o optimismo português. Quanto a coisas simples, meu caro, talvez só depois de um Katrina. Se não vai pelo amor, vai pela dôr.

11:32 da tarde  
Blogger Teófilo M. said...

Esqueceu-se de uma...

Queremos todos ser ricos!

5:05 da tarde  

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