20 setembro, 2005

||| A noite, o que é?, 51.









Quando voltar a escrever sobre a noite é porque alguma coisa mudou em mim, ou alguma coisa regressou, ou alguma coisa aconteceu. Geralmente, isso não tem explicação. As pessoas liam o que eu escrevia e procuravam um sinal. Eu dizia: «As coisas não têm sentido, não têm explicação. O que se escreve não tem sentido, ou só tem sentido muito depois, organizados os restos, o que sobrou, o que ficou para lembrar.» Voltar a escrever sobre a noite. Sobre os ruídos, as formas, a folhagem que se via pela janela, os livros acumulados na mesa, os diálogos curtos. Uma forma qualquer de dedicação, de heroísmo.

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Escrever o que não sabemos para um dia sentir que era o que procurávamos. a noite assusta os nossos demónios de dentro de nós e fá-los sentar-se ao nosso lado numa cadeira de baloiço num qualquer alpendre...

6:48 da tarde  
Blogger Isa Maria said...

a noite aproxima muito dos nossos pensamentos e inspiranos muito.

10:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Dita assim, a noite é quase sopapo no estômago, é dor de ausência, é plancenta virgem a romper-se desesperandamente dando à luz a mais pura essência do ser humano.
Bonita noite que pôs a nu a banalidade do meu dia. E, nesta noite, um rastilho de memória se acendeu em mim fazendo-me lembrar do luar da minha aldeia, das relas a cantar nos campos, do vento sussurrando segredos às folhas verdes dos montes de outrora, e do medo da escuridão que cerceava as pequenas aventuras da minha infância pelo crepúsculo da tarde.
A noite é tanta coisa!... É cadeia, é porta aberta, é suspiro, é insónia, é criação. É!... Acho que a noite à a grande arquitecta do mundo!...
Rafaela Plácido

10:13 da tarde  
Blogger Rui MCB said...

'Quando escrevo sobre a noite é porque alguma coisa mudou em mim ou...'
'Quando voltar a escrever sobre a noite é porque alguma coisa mudou em mim, ou...'
Singelas diferenças, distância imensa?

10:40 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

.
que bom que a noite voltou!
.
com os seus ruídos, as suas formas, os seus fantasmas e os seus precipícios.
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10:58 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

E à noite o céu nunca é demasiado azul!

7:34 da tarde  

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