26 fevereiro, 2006

||| Regular, regular, 2. {Actualizado}
Meter na ordem a rapaziada. Não vejo outra explicação para a vontade disciplinar e controladora de Augusto Santos Silva e dos socialistas. Invadir a redacção dos jornais («aceder às instalações, equipamentos e serviços das entidades sujeitas à supervisão e regulação da Entidade Reguladora»); fazer deontologia por conta própria e emitir pareceres quando lhe apetecer; controlar, gastar 1 milhão de euros anuais para ter opinião sobre tudo; poder fiscalizar o que entender; a breve prazo meter os blogs na ordem, definir que não há espaços de «comunicação» que não possam estar livres da sua alçada; dar aulas (não solicitadas) sobre jornalismo (a quem não lhas pediu); naturalmente proteger a sociedade da ameaça da licenciosidade da imprensa; perorar sobre a verdadeira liberdade de expressão contra a falsa liberdade de expressão (a que se confunde com licenciosidade). Tudo isto é perigoso. Primeiro, quando se fala nas ameaças à liberdade em nome desta vontade de controlar tudo, dos apelos à denúncia e à delação, do delírio festivo em redor do «cartão único» (essa conquista da humanidade, como já lhe ouvi chamar), a coisa passa em branco. Mas esse tom disciplinador e moralizador é o resultado da vontade de controlar. Hoje não ligamos ao apelo; brincamos (civilizados que somos, e sensatos) acerca dos que acham que a liberdade é um valor absoluto; achamos, mesmo, que há limites sérios a impor, para que a licenciosidade não massacre a moral. Amanhã, quando os sacerdotes e evangelizadores da moral e da deontologia obrigatória entrarem pelas nossas casas dentro, também não ligamos. Este é o primeiro passo.
Daqui a uns tempos, se os deixarmos à vontade, toda a nossa vida estará submetida a entidades reguladoras com padrecas especializados ou polícias encartados e nomeados pelo governo ou pelos partidos.

PS - Leiam, no Público de hoje, domingo, um artiguinho de uma «especialista em igualdade de género», na área de opinião. Vejam como, nas linhas e nas entrelinhas, a nossa liberdade não interessa nada. Vejam como ela não é, de facto, um valor absoluto. Vejam como tudo é relativo e como há sempre uma desculpa. Vejam como se chega lá.

PS2- O Rui lembra, a propósito, que o autor destes e de outros dislates legislativos é um cavalheiro que alertava o povo para o facto de a eleição de Cavaco ser um verdadeiro golpe de estado constitucional. Afinal, foi o próprio Augusto Santos Silva a tentar, primeiro, o golpe contra a liberdade. Morreu pela boca. Não confiem nele.

PS3 - Curiosamente, há outra analogia entre a tentativa de impor um controle apertado sobre a imprensa por parte deste governo e as manobras para fabricar instrumentos de censura no Brasil, detectada aqui abaixo. Também no Brasil a legislação sobre a imprensa (com nomeação de controleiros políticos para vigiar e punir os jornalistas licenciosos) se fez acompanhar de mais leis sobre o cinema indígena e sobre o nacionalismo cultural (entre nós representado pela Lei da Rádio)

PS4 - Artigos de Artur Costa e de Rui Camacho, no JN, via Blog Cacca.

13 Comments:

Blogger Teófilo M. said...

Pois, pois!

A liberdade total e indefectível devida aos jornalistas... e os outros não terão direito à sua também?

Estranho sempre quando se fala da defesa das mais amplas liberdades quando um determinado grupo cai sobre a alçada da investigação criminal, cheira-me sempre um pouco a esturro.

Espero que não seja este o caso.

Já agora e ainda sobre liberdade de expressão, gostava de ver comentada a pena aplicada ao mayor inglês...

3:23 da tarde  
Blogger F said...

Teófilo: não se trata da «liberdade indefectóvel devida aos jornalistas». Trata-se da liberdade. E de evitar o controle da imprensa por parte de comissários políticos.

5:43 da tarde  
Blogger magnuspetrus said...

Finalmente chegou a supressão de liberdade a Portugal. Só falta mesmo limitarem a navegação na net à semelhança do que acontece na China.

7:16 da tarde  
Blogger Torquato da Luz said...

É vergonhoso que continue a fazer parte do Governo alguém que classificou de "golpe de Estado" a eleição de Cavaco Silva para Presidente da República.
Um indivíduo que despreza deste modo a expressão da vontade popular, base da democracia, pode manter-se como ministro?

8:08 da tarde  
Blogger Nelson Reprezas said...

Assino por baixo do Torquato da Luz. Mas acrescento, é absolutamente extraordinário que ainda se produza comentários como aquele lá em cima de "mr. Roteia". Há uma necessidade patológica de remeter tudo o que cheire ao cerceamento de liberdades com o chamado cavaquismo. Quando afinal, e não é de agora, são os próprios reclamantes aqueles que em se lhes dando o mínimo espaço não hesitam em estabelever medidas controladoras, moralizadoras e, naturalmente, de uma inpontestável superioridade e correcção políticas.
Xiça, que é demais...

10:31 da tarde  
Blogger Nelson Reprezas said...

No meu comentário acima, onde se lê "remeter com", deve ler-se, naturalmente "remeter para"...

10:34 da tarde  
Blogger Mariana said...

Cara Roteia,
Cavaco é democrata. Veja-se o que aturou ao Independente. Não é socialista, pedante e arrogante!

10:41 da tarde  
Blogger NUNO FERREIRA said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

1:11 da manhã  
Blogger NUNO FERREIRA said...

Por motivos de força maior, não foi possível publicar hoje o cantinho do hooligan. A série de castelos de Portugal será retomada próximamente. A todos pedimos desculpas por esta interrupção. Se dói? Doi muito mas eu estava a pedi-las, lá isso é verdade...Continuarei à vossa disposição nas confrarias, no Livro Aberto e olhem, vou andar por aí...:)

1:45 da manhã  
Blogger Nelson Reprezas said...

Um pequeno recado a mr. roteia

Eu nunca disse que estava convencido que Cavaco ia salvar a pátria... o que eu disse e repito é que há uma tendência extraordinária para conjugar o cavaquismo com o que de mais execrável nos trouxe o socialismo. Mormente, tal como no caso vertente, em matéria de controle de liberdades e na administração das verdades, essas sim, únicas.
Portanto, há aqui uma pequena diferença. Nem eu disse que acreditava no sebastianismo de Cavaco nem o meu caro Roteia deixou de se inscrever na minha linha de pensamento, leia-se, um post do FJV sobre controle dos media e a sua (sua, sua, não dele) imediata adesão à ideia de que quando Cavaco tomar posse "então é que vai ser".
Espero que tenha sido claro.

6:28 da tarde  
Blogger CN said...

sinceramente, esta conversa é delirante... então, agora é que o Governo está a controlar os media? depois do PSD ter entupido de boys a RTP, a RDP e a LUSA? estou a ver que o problema deste ministro é não ter feito nada para os emprateleirar... eles lá continuam e até continuam a nomear compagnons de route para os cargos de chefia que vão vagando. veja-se o caso do ex-secretário de estado de Durão Barroso, há pouco nomeado director de qualquer coisa na RTP. estou a falar do José Arantes, para que não restem dúvidas. e não escrevo sob anonimato nem pseudonimos. passem bem.

10:18 da tarde  
Blogger Nelson Reprezas said...

Por acaso eu tinha um comentário adicional para CN, mas como ele não escrevfe sob anonimato nem psudónimos e, implicitamente, não tolera quem o faz, não comento e vou procurar seguir o conselho dele, ou seja passar bem.

12:10 da tarde  
Blogger António said...

Em nome da liberdade já se fez muita lei, muita regra, muit aditadura e muita guerra.

Fala-se nisos como se fosse algo objectivo e absoluto...

E os jornalistas pensam sempre qu elhes é sagradao. Mas é a sua...a su aquerida liberdade de expressão que querem usar sem resposabilidade. Mas pedem (exigem)justificações a todos os outros...

Tipico.

4:49 da tarde  

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